Em 2007 não houve site, blog, fórum, revista - que aborde o power pop - que não tenha se encantado com o álbum debute do The Red Button
She’s About To Cross My Mind. O melhor do
sixtie pop, não produzido nos
sixties, estava ali. E, por trás das empolgantes canções pop perfeitas, estão dois artistas que já haviam editado seus próprios álbuns – seja em outras bandas, seja em carreira solo – e que uniram os talentos para formar o grupo: Seth Swirsky e Mike Ruekberg.
Conversamos com exclusividade, desde Los Angeles, com uma das metades da banda, o prolífico Seth Swirsky, que além de estar no Red Button, escreve livros sobre baseball, produz filmes em vídeo, pinta, faz peças com diferentes técnicas artísticas e compõe canções para pop stars como Rufus Wainwright, Al Green, Tina Turner, Celine Dion, Olívia Newton-John, Eric Carmem, entre outros. Swirsky falou de suas influências, processo de composição, sobre a repercussão positiva do álbum, o que ele pensa dos que chamam as bandas retrô de ‘derivativas’ e até revela seu candidato à presidência dos Estados Unidos. E para não perder a fama de super ativo, avisa que, ainda este ano, sairão o segundo disco Red Button e seu novo álbum solo.
Power Pop Station: Quando os Beatles se separaram, você tinha 10 anos de idade. Como a British Invasion e o sixtie pop influenciaram seu interesse musical naquela época?
Seth Swirsky: Música pop me faz feliz. E isso desde que eu era criança, quando minha mãe comprou singles de grupos como Mamas and Papas, Bob Dylan, só para citar alguns. Ela costumava colocar por horas a fio aquelas músicas incríveis, e repeti-las, de novo e de novo. E eu ficava deitado na cama ouvindo. Sempre AMEI canções pop – me sinto atraído por canções muito melódicas, simples, com belas harmonias, elas me fazem sentir bem.
PPS: Suas referências artísticas e musicais ficam muitas claras quando você ouve as músicas do Red Button. Mas alguns críticos musicais podem chamar o som da banda de “derivativo” ou “revivalista” O que você acha disso?
Swirsky: Eu não tento escrever uma “canção beatle”, mas esse é o estilo onde eu consigo escrever minhas melhores canções. Mais importante, eu apenas adoro as músicas que me fazem querer cantá-las – então eu não julgo se são derivativas ou não; eu julgo uma canção pela sua habilidade de me querer fazer tocá-la repetidas vezes, porque isso me transporta para um lugar feliz. Uma grande canção é uma grande canção. Os argumentos dessas pessoas, que julgam se bandas são derivativas ou não, são simplórios para mim; eu pergunto para elas: “vocês curtem as músicas ou não? – isso é tudo que importa. Isto te dá prazer?” Se a resposta for sim, quem se importa se isso é derivativo ou não? Eu apenas sempre me preocupo em escrever boas canções.
PPS: A maioria de nós sequer existia quando o pop sessentista dominava o mundo. Então, She’s About To Cross My Mind soa instigante e com muito frescor para a nova geração interessada em grandes canções pop. Talvez a palavra ‘retrô’ não faça muito sentido para essas pessoas...
Swirsky: Bacana... bem, se o Red Button passa um bom sentimento para as pessoas, fico feliz!
PPS: Você é reconhecidamente um hit maker – tendo escrito canções para vários artistas do mainstream. Por outro lado “She’s About...” saiu de forma independente. As grandes gravadoras não mostraram interesse me lançar o disco ou você não estava interessado em lançá-lo por uma major?
Swirsky – Eu não estava interessado em majors. Eles tiram a diversão em se fazer um disco. Nós gostamos de decidir quais canções devem estar no disco – assim como nós adoramos fazer a capa do álbum. Toda decisão de uma gravadora é tomada depois de dez reuniões! Isso é loucura. Música pop deve ser espontânea: você sente algo, escreve uma canção sobre isso no violão, você grava isso. Próxima emoção, próxima canção… Gravadoras minam a criatividade e ainda levam a maior parte do seu dinheiro.
PPS: Falando sobre o mainstream, porque você acha que o power pop não alcança o topo com sua enorme capacidade pop? É muito derivativo, não é afiado o bastante para a juventude de hoje em dia ou o quê?
Swirsky: Ótima pergunta... Mmmmm... A música reflete o tempo em que você vive. Antes, as pessoas tinham mais tempo para curtir canções, em oposição a hoje em dia, onde seu Blackberry e seu parceiro precisam da sua atenção – assim, música AGORA é mais sobre um pano de fundo da sua vida, um “papel de parede”. Mas ainda existem algumas canções pop procurando seu espaço no meio disso tudo.
PPS: Que bandas você está escutando em casa atualmente?
Swirsky: The Clientele, The Afternoons, Keren Ann são meus três favoritos no momento. Canções fortes e melódicas, grandes vocais e grandes vibrações – todos os três são deliciosos.
PPS: Norman Smith (engenheiro de som e produtor da EMI nos anos 60) disse que se o Red Button tivesse aparecido nos anos sessenta, ele teria assinado um contrato com vocês... não hoje?
Swirsky: Acho que o espírito da citação de Norman foi que nós nos encaixaríamos perfeitamente àquela época, em que ele estava fazendo a história do rock sendo o principal engenheiro de som dos Beatles por cinco anos e produzindo os três primeiros álbuns do Pink Floyd. Isto é um grande elogio para Mike e eu.
PPS: Seth, você é músico, compositor, escritor, vídeo-maker, pintor, artista-plástico... Seu dia tem 30 horas?
Swirsky: Bem, eu me levanto às 7:30h toda manhã e vou dormir depois da 3:00h da madrugada. Então, estou mexendo nos vários projetos que tenho – você sempre tem de levar as coisas adiante por você mesmo.
PPS: Não satisfeito, você ainda escreve sobre política em um blog... A propósito, qual o seu candidato nas próximas eleições americanas para presidente?
Swirsky: O mundo está muito complicado atualmente, difícil de navegar. Então, acho que alguém com muita experiência é alguém que devemos procurar. E, este ano, suponho que este seja John McCain.
PPS: Como começou sua parceria com Mike Ruekberg? Fale-nos sobre seu processo de composição.
Swirsky: Nos conhecemos nas sessões de gravação do meu primeiro álbum solo Instant Pleasure, em 2003. Nós temos uma maneira legal de composição: eu escrevo o começo da maioria das canções – os ganchos, alguns versos, alguma letra. Ele pega isso e finaliza as músicas. Às vezes ele escreve toda a letra, novos versos, pontes. Eu trago muito de Paul McCartney com um pouco de Donovan, enquanto ele traz bastante de John Lennon e um pouco de Elvis Costello. Mix divertido, hein? Claro que não somos esses artistas nem pretendemos ser. Mas, obviamente – e não temos vergonha disso – somos muito influenciados por eles. Depois de concordarmos se gostamos da canção, Mike grava a música (ele é nosso produtor). Então eu canto, toco guitarra e piano. É um processo divertido.
PPS: “Hopes Up” e “Gonna Me You Mine” são duas da melhores canções do ano. A perfeição pop delas talvez não alcancem o topo da paradas atuais, mas você acha que estas músicas poderiam ser um grande sucesso comercial 40 nos atrás?
Swirsky: Eu acho que teríamos tido a chance de ser Top 10 naqueles anos. Mas, eu gosto que o álbum tenha saído agora e não naquele tempo. Ele vem de uma emoção honesta de ‘agora’ – eu nunca penso “e se” ou “poderia ter sido”. Apenas fico feliz de podermos ter feito o álbum.
PPS: She’s About… aparece nas listas de “melhores do ano” dos principais sites/blogs de power pop de todo o mundo. O que você achou dessa repercussão?
Swirsky: Fiquei muito emocionado. Fico feliz de imaginar as pessoas cantando nossas músicas.
PPS: E os meios de comunicação ‘poderosos’, você sabe o que eles acharam do disco?
Swirsky: Nós tivemos ótimas críticas, o que, é claro, me deixou feliz. Mas, eu não presto muita atenção para qualquer um deles: fico muito mais feliz compondo, cantando e gravando. Alguns grandes meios escreveram sobre nós: The L.A. Times, Uncut Magazine, Amplifier, Shindig. É divertido ser resenhado, é divertido que tenham gostado – e mais divertido ainda é criar.
PPS: Vocês já estão trabalhando no novo álbum? Se sim, conte-nos a respeito da novas músicas e quando pretendem lançá-lo.
Swirsky: O novo disco do Red Button está praticamente pronto. Vem recheado de canções melódicas. Não será o mesmo que o primeiro álbum – provavelmente um pouco ‘menos Rickenbacker’. Mas, para nós, é tudo baseado em canções – se você pode cantá-las ou não. É assim que nós vamos escolhendo nossas músicas e, até agora, estamos extremamente felizes com o que gravamos. O disco deve sair no outono de 2008 – talvez setembro ou outubro. Tivemos muita diversão gravando este disco, assim como no tivemos no primeiro.
PPS: Me parece que você também já prepara seu próximo álbum solo...
Swirsky: Tem um cara chamado Rick Gallego, que tem uma banda, o Cloud Eleven. Eu descobri sua música quase ao mesmo tempo do lançamento do álbum do Red Button em 2007. Me apaixonei pelo som (e canções!). Então, nos tornamos amigos. Ele é um cara sensacional. Tenho umas canções que acho que são mais para mim que para o Red Button, então decidi fazer meu segundo disco solo (Instant Pleasure foi o meu primeiro, lançado em 2004). Perguntei ao Rick se ele gostaria de produzi-lo e ele disse que SIM. Não gravamos nada ainda – apenas reunimos algumas canções – mas planejamos começar no mês que vem e imagino que deverão estar disponíveis no outono. Estou muito feliz com as canções que estarão no disco. Será um álbum simples, honesto – e terá a participação de algumas estrelas convidadas, então, fiquem ligados no meu site, Seth.com, para mais informações.
PPS: Deixe uma mensagem para seus fãs brasileiros!