sexta-feira, 20 de abril de 2007

OCTUBRE - Cuando Todo Parecía Perdido



A indigência musical da indústria pop não é exclusividade de países subdesenvolvidos como o Brasil. Assola o mundo com intensidade mais ou menos cruel, seguindo as particularidades e interesses de cada mercado musical. Mesmo apresentando uma cena mais consistente e tradicional que a brazuca, o mercado espanhol também encurrala o power pop no córner do “alternativo” e deixa pouco espaço comercial para o estilo respirar.

Que o diga o Octubre. Vindos de Murcia, o quarteto espanhol formado por Jose Esteban (voz, guitarras e teclados), Angel (guitarras e teclados), Dele (baixo e voz) e J. Angel (bateria), chega ao segundo disco cheio depois de 11 anos de estrada.
Participaram de alguns festivais importantes, apareceram em programas de rádio e TV e foram premiados na terra natal. Mas continuam ilustres desconhecidos do grande público.
Cuando Todo Parecía Perdido parece traduzir uma ponta de esperança em ainda almejar lugar mais alto no pódio do pop espanhol. Coalhado de hits em potencial, o álbum tem um forte sabor sixtie, adornando a trama de estruturas baseadas no pop contemporâneo.

A faixa de abertura “Como Johnny Guitar” chega com pinta de mega-hit, com melodia leve e fácil, refrão memorável, solinho de guitarra bubblegum. Poderia alcançar o topo de qualquer parada. Assim como “Ludivine”, com seus coros celestiais, sua batida ritmada e um certo clima reflexivo. “Nunca Más” é balada com refrão rocker e belos acordes para justificar a desesperança das palavras. “Todo Es Mentira” é outra pérola pop com jogos de metais que deságua na climática “Díme” e depois no anti-hino ao “figurinha pop antenado e cool”, “Déjame En Paz (O La Insoportable Levedad De Lo Cool). A herança beat fica evidente em “La Vida Es Sueño”, com seu balançante solo de órgão hammond, sua guitarra delgada e faiscante e os coros de “oh, no!”- tudo em menos de dois minutos de urgência juvenil.

Examinando em perspectiva, nada está perdido para o Octubre, basta saber se o seu poderoso arsenal de canções vai ser percebido pela indústria como cifras musicais conversíveis em cifrões ou como apenas bombinhas pop de efeito moral.


Para ouvir e saber mais:




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