quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

"Evan Hillhouse": EVAN HILLHOUSE!


Há algumas semanas, apresentei aqui o cantor-compositor californiano Blake Collins como o menino prodígio de L.A. Pois bem, se Collins é prodígio, Evan Hillhouse é fenômeno. Do alto de seus 18 anos e direto das carteiras escolares do segundo grau, o cantor-compositor de Simi Valley, também Califórnia, chega com seu impressionante disco homônimo de estréia. É de se esperar que um menino recém saído da infância, esteja mais interessado em marcar sua nova posição de adolescente à base de muita rebeldia. Seja gritando sua indignação em uma banda punk ou querendo assombrar os pais num combo de death metal. Mas a maturidade chega precocemente para poucos, que, em alguns casos, são os chamados gênios. Nem mais nem menos, é como podemos chamar Hillhouse: gênio.

Seu primeiro álbum não deixa dúvidas quanto a isso - o menino toca todos os instrumentos (guitarras, baixo, bateria, acordeão, piano, mellotron, ukelele, órgão Hammond, mandolin, teremim, vibrafone, etc, etc...) - além de fazer a voz principal e as harmonias vocais. Revela também seu gosto por timbragens vintage, usando guitarras Gretsch, baixo Rickenbaker e bateria Ludwig. Claro que tudo isso não seria relevante se Hillhouse não dominasse arte da composição. E é aqui que aparece o diferencial: o americano soa como um artista maduro, com referências clássicas, de Beatles a Zombies, de Harry Nilsson a Burt Bacharad.

A faixa de abertura “Theme” é instrumental, com piano acompanhado por um acordeão, desfilando uma melodia elegante, agradável e clássica. “I Love Like You” traz o ritmo ao piano, para se acompanhar no estalar dos dedos e todo mundo junto no “uh-la-la-la”. Em seguida a batida espertíssima de “Green Arrow”, com sotaque jazzy, melodia refrescante, viradas de bateria precisas e intervenções de guitarra perfeitas. Nesse ponto Hillhouse já mostra porque está à milhas da concorrência juvenil. “Sleeping With A Friend” traduz a ambição pop do mutiinstrumentista: melódica e assobiável. Leve batida de valsa na orquestrada “Nothing To Lose”, adornando a melodia com sons de violino. A envolvente “Making The Most Of It” traz o clima jazz-pop descontraído na linha de Ben Folds e afins.

O tom de certa dramaticidade de “Can’t Stop Saying Yes” é dado pelas entradas de um teremim, mas que dilui-se nas passagens piano-pop da canção. “Dramatic Reruns” é balada com baqueta vassourinha, trumpete e piano para dar o tom intimista e letra sobre o fim de relacionamento, que certamente Hillhouse não tem idade para viver. “Reason To Live” confirma a veia pop do artista, sempre guiada pela notas do piano. “Hanging By A Thread” vem num crescendo até explodir no refrão impregnado de mellotron, harmonizações celestiais e melodia grandiosa. Como todo o álbum acaba soando e surpreendendo pelo poder de composição de um a garoto recém-saído das fraldas - e que promete muito em se tratando da música pop. E eu só me pergunto uma coisa: o que esse geniozinho estará aprontado daqui a dez anos?

www.evanhillhouse.com
www.myspace.com/theshrines

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