domingo, 9 de março de 2008

"Turning Circles": DROPKICK!

Ainda não foi comprovado, mas desconfia-se que a Companhia de Água da Escócia nunca usou cloro na distribuição regular para residências. No lugar, cogita-se, usam um preparado que desenvolve a capacidade das pessoas em criar as canções com mais alto teor pop do planeta. Não preciso aqui enumerar a quantidade de grupos mestres no artesanato pop que nasceram naquela pequena faixa de terra fria. Mas se alguém precisar de um nome, acho que posso dizer apenas um e o maior de todos: Teenage Fanclub. Que claro, soa como a grande, porém não única, influência do Dropkick.

Formada em Edimburgo, a banda permaneceu fora do alcance de grande parte dos power popers ao redor do mundo até 2007, situação resolvida eficientemente pelo MySpace. Difícil acreditar que este Turning Circles já seja o quinto álbum do quarteto liderado pelos irmãos Andrew Taylor (vocais, guitarra, bateria) e Alastair Taylor (vocais e guitarra). Que querendo deixar tudo em família, chamaram para o baixo o primo Stuart Low e para a outra guitarra um não-aparentado, mas com mesmo sobrenome, Roy W. Taylor. Os Taylor têm ainda seu próprio selo, o Taylored Records, criado exclusivamente para lançar os discos do Dropkick, que tem todas suas gravações feitas em casa.

“Only For Yourself” inicia o disco já mostrando o cuidado nas harmonias vocais, clima suave, sem provocações e que realmente alguma coisa na água escocesa há... até a entrada dos riffs de “Give It Back” colidindo com as melodias que só querem saber de correr atrás da perfeição pop. Pouco mais de um minuto e meio precisa “Can’t Help It” para arrebatar e afirmar a força de harmonias vocais em mais uma melodia fora de série. Na quarta faixa, começam a aparecer as influências americanas do Dropkick e a melancolia do alt. country do Wilco estampada em “Avenues”. Mas logo voltam pra casa na canção que poderia fácil fazer parte do repertório de Norman Blake e seu Teenage Fanclub: doses maciças de melodicismo viciante, onde nossas células não pedirão mais água e sim mais alguns dos acordes de “15th December”.

O disco, de 14 faixas, segue perfazendo os caminhos ora do (power) pop – “One Thing”, “Last To Know” ora do alt. Country - “Rewind”, “To Get To You”. A beleza melódica, na tristeza acústica e plácida de “Won’t Be There”, emociona os sentidos como só o velho Big Star costumava fazer. A mescla perfeita do power-pop-alt.-country vem nos banjos espertos e refrão colante de “Lobster”. Falando em refrão, mais um campeão dos escoceses em “Wouldn’t Hurt To Wait”. “Black Book” recheia de harmonizações vocais a pegada rocker da guitarra antes de “Say Nothing” fechar o disco embalando corações solitários – e provando que às vezes uma bela canção pop é tudo que você precisa para curar as recorrentes dores mundanas.

www.dropkickmusic.co.uk
www.myspace.com/dropkickmusic
www.tayloredrecords.co.uk

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