quinta-feira, 14 de maio de 2009

"O My Stars": THE WEIGHTLIFTERS!

A percepção da beleza pode ser uma experiência espiritual, especialmente se nos for soprada por uma conjunção de notas e progressões de acordes consideradas perfeitas pela nossa sensibilidade. Por vezes pode ser uma sensação universal ou singular, mas que parece intrínseca à memória afetiva da humanidade. As sonoridades que se acoplam com perfeição à sua bagagem musical e cultural e te servem com doses massivas de bem-estar.

Assim funciona o mini-album O My Stars, segundo dos Weightlifters – na verdade projeto do cantor-compsitor de Chicago Adam McLaughlin. E ao saber as principais influências es referências de McLaughlin – Elliott Smith, Big Star e Teenage Fanclub – pode-se ter ideia de por andará nosso conceito de beleza sonora nesse disco. E não é porque as canções trilham caminhos reflexivos, melancólicos ou tristes que não haja alegria aqui. Porque cada nova bela melodia traz a felicidade que procuramos nas rádios do dia-a-dia e não encontramos. Cada acorde inspirado nos leva diretamente a fontes de prazer indescritíveis e nos arremessa a uma espécie de universo paralelo – onde a dor pode entrar, mas nunca irá prevalecer.

A voz doce, macia e reconfortante de McLaughlin – mas que às vezes parece tanto reconfortar como pedir conforto, assim com a de Elliott Smith fazia – também é ponto fundamental para dar aura de pureza às canções. Que têm início com a onírica de título sugestivo e refrão tocante “Perfect”. A guitarra acústica cheia de efeitos prepara o clima para o vocal de Adam na viagem western-espacial de “Bygones”. A melodia perfeita de “Belle Of Wrecking Ball” contagia os sentidos e revela a herança luminosa do Teenage Fanclub. E a beleza se materializa e se entranha imediatamente nas fibras do coração: “To Be A Killer” – a canção mais bela jamais escrita por Elliott Smith.

Como sirenes afinadas, guitarras anunciam “Battlesong”, suas harmonizações vocais e refrão adesivo – lembrando aqui muito outro Adam - Daniel. A balada acústica “Whys And What Fors” vem adornada por órgãos, soando forte nas mudanças de ambiência durante seus mais de quatro minutos. “In The End” valoriza os violões da música tradicional americana, olha para as estrelas, na despedida, a tempo de ainda admirar a maravilha que há em tudo: “O my stars, my stars/ The wonder of it all”. As palavras de Adam agora são as nossas.

www.theweightlifters.com
www.myspace.com/theweightlifters

2 comentários:

  1. "parece tanto reconfortar como pedir conforto, assim com a de Elliott Smith fazia"

    Te juro que li inúmeras reviews sobre discos do Elliott - e essa é a melhor descrição das sensações que as músicas do Elliott despertavam (e ainda despertam).

    Complementando o que vc disse sobre To Be a Killer - e vc sabe que eu assino embaixo - The Belle of the Wrecking Ball é uma canção do Teenage sem tirar nem por - o único detalhe é que não foi o Teenage quem escreveu.

    O Primary 5 escreveu várias outras assim.

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  2. "To be a Killer" desperta em mim o mesmo que "Welfare Snapshot" do Bronco desperta.

    Emocionante, não menos que isso.

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