Antes de ser redescoberta nos anos 2000 e ser reconhecida como uma das mais importantes da história do power pop, a banda americana Blue Ash passou por aquela típica sequência de infortúnios que alteram o destino de uma banda, que não poderia ser outro que não o sucesso comercial.
O Blue Ash foi formado em 1969 na cidade de Youngstown, Ohio, por Frank Secich (baixo, vocais), Jim Kendzor (lead vocals, guitarra), Bill Yendrek (guitarra) e David Evans (bateria). Um ano depois, Yendrek deu lugar a Bill Bartolin. Como acontece com toda grande banda de rock, moldaram seu som e sua personalidade no palco. Entre 1969 e 1972 fizeram incontáveis shows em estados como Pennsylvania, Nova York, Ohio e West Virginia, enquanto a dupla Secich e Bartolin compunha canções em quantidades industriais. Essas canções viriam a se tornar demos e enviadas para as gravadoras. E não há como negar que, para conseguir gravar seu primeiro disco, a banda foi um pouco bafejada pela sorte.
Paul Nelson, executivo da Mercury Records e que havia acabado de contratar os New York Dolls, conversava com um homem da cidade de Warren, Ohio, que estava lhe mostrando a demo tape de sua banda. Ao olhar para uma pilha de demos que estava sobre a mesa de Nelson, o homem reparou em uma em especial: a do Blue Ash. Ao ouvir que se tratava de uma grande banda, Nelson pôs para tocar a demo e percebeu imediatamente o potencial que havia ali. Assim, no fim de 1972 o Blue Ash assinou contrato com a Mercury e em maio de 1973 era lançado seu álbum de estréia, No More No Less.
No More No Less é um título mais que apropriado para o disco: não era mesmo preciso mais do que já há ali. Ou melhor, talvez nem fosse possível obter mais...se existe algum ponto ideal a meio caminho entre o melodismo e as elaboradas harmonias dos Beatles e a fúria rocker do The Who, o Blue Ash parece tê-lo encontrado – e explorou-o até as últimas conseqüências. Em canções como “Abracadabra (Have You Seen Her)”, “Plain To See”, “Here We Go Again”, “Wasting My Time” e outras, os ganchos são ultra-melódicos, mas vêm ancorados em guitarras incandescentes e performances altamente energéticas. O arsenal de No More No Less ainda contém uma nostálgica canção que revela a influência dos Byrds (“I Remember A Time”), duas ótimas baladas (“Just Another Game” e “What Can I Do For You”) e a cover de uma canção dos Beatles mais feroz de que se tem notícia (“Anytime At All”). Resumindo: um clássico instantâneo.
Se os fatos sempre seguissem um curso natural e lógico, No More No Less teria catapultado o Blue Ash para o sucesso. Mas mesmo com a ótima recepção da crítica não foi isso que aconteceu. Na verdade, nem mesmo a tiragem de 20.000 cópias chegou a ser esgotada, mas isso aconteceu pela ausência de divulgação e distribuição adequadas por parte da Mercury Records. Naquele momento a concorrência era ingrata para o Blue Ash dentro da gravadora: artistas como Rod Stewart e New York Dolls estavam lançando novos álbuns e os recursos de divulgação e distribuição disponíveis foram canalizados para eles.
A banda seguiu fazendo turnês (abrindo para artistas como Bob Seger, Aerosmith, Ted Nugent e Raspberries) e se preparava pra entrar em estúdio para gravar seu segundo disco, mas as baixas vendagens de No More No Less fizeram com que a Mercury Records decidisse por liberá-la de seu contrato, em maio de 1974. Pouco depois, David Evans deixava a banda. Era o primeiro revés na carreira do Blue Ash. E não seria o último.
Fantástico álbum de estréia e como de costume, um ótimo trabalho de pesquisa na elaboração da resenha!! No aguardo do próximo capítulo...
ResponderExcluirNice article! Thank you, Daniel!
ResponderExcluirThank you, Frank !! We're so glad you like it. It's our homage to one of the greatest power pop bands ever.
ResponderExcluirActually it's only the first part of the biography. We'll post the second part soon so stay tuned !!
Thank you again.