quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

"Army Navy": ARMY NAVY!

Mas, afinal das contas, pra que serve o pop? Aliviar as dores do mundo, transformar homens em bobos-alegres na frente do espelho, te pegar pelas mãos e convidar a dançar nas nuvens? Com quantos acordes podemos sonhar com um mundo melhor? Provavelmente lindas melodias podem te catapultar a universos menos hostis e reconfortantes – escondidos aqui, dentro de nós mesmos. Lá fora os gritos de “quem dá mais” abafam as harmonias mais celestiais. Introjetar as boas-sensações pode sim fazer seu dia mais leve e aprazível, apesar da tormenta do outro lado da rua.

E é pra isso que serve o disco de estréia do quarteto de Los Angeles Army Navy. Através de canções, energéticas como uma usina de força e melódicas como o canto dos querubins, a banda domina os sentidos e o estado de espírito dos ouvintes. Não há como escapar: músicas confeccionadas como se fazia nos sixties, mas turbinadas por urgentes guitarras modernas. A canção pop eletrificada por milhares de volts; o vídeo preto e branco dos Beatles em uma TV de plasma; o refrão perfeito reverberando em uma parede de Marshalls.

Assim, os acordes de “Dark Days” abrem o disco, enchem o ambiente e contagiam junto com a batida esperta e o refrão adesivo. O vocal delgado de Justin Kennedy te atrai para os segundos de balada doída à la anos cinqüenta, mas as guitarras, em seguida, despejam potência sem dó, a melodia cola e o clima up te chacoalha sem fim. O pop perfeito e empolgante de “Saints” remete aos britânicos do Mega City Four; e explica porque o álbum – lançado pelo selo da banda The Fever Zone – vendeu impressionantes 3.500 cópias, em três meses, praticamente apenas no boca a boca.

“Slight Of Hand” entrou na trilha filme Nick and Norah’s Infinite Playlist: O Army Navy está pronto para as ondas do rádio, seriados de TV e onde mais haja jovens interessados em um pouco de energia vital via notas musicais. E, para atmosferas mais introspectivas, mas ainda sim poderosas, “Unresponsive Ears” e “Ignite”. Já “Pocket Boys” caminha pelo brit pop noventista, entregando um refrão autocolante e atemporal. “Jail Is Fine” é tão irônica quanto grudenta; tão arrogante quanto adorável; tão agressiva quanto pop.

“In The Lime” alerta para o trabalho das guitarras afiadas de Louie Schultz e para a capacidade dos rapazes da Califórnia em criar chorus memoráveis. Depois desaceleram na power ballad “Golden Pony”, para sentar o pé no acelerador no incrível cover setentista de Maxine Nightingale “Right Back Where We Started From” – e que poderia fácil, fácil voltar às pistas de dança ou às paradas de sucesso pelas mãos treinadas e talentosas do Army Navy.

www.armynavyband.com
www.myspace.com/armynavy

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

"The Bubblegum EP": THE WARM FUZZIES!

Tudo aqui cheira a diversão, a arte de capa do EP, as letras, os sintetizadores analógicos, as batidas sixties... E é exatamente essa a proposta do Warm Fuzzies em seu disco de estréia: canções pop sem pretensões artísticas e com boas melodias para se lavar a alma. Em The Bubblegum EP, o quinteto de Athens (cidade natal de REM e do coletivo Elephant 6), soa como um híbrido de Rentals, Weezer e Handclaps And Harmonies.

Referências claras já na abertura em “Hey Milunka!”, com sintetizadores onipresentes, distorção no talo e o vocal de Jason Harwell remetendo ao de Rivers Cuomo. “Space Invaders” basea seu riff nos giros do sintetizador e mostra que Davey Staton tem talento de sobra para escrever refrões auto-adesivos. Melodia envolvente, vocais doces, clima sessentista e a distorção zunindo ao fundo: “All My Friends Are Robots”.

“Your Dairy King” nos faz sentir saudades das canções ingênuas e adoráveis do álbum azul do Weezer... enquanto a batida empolgante e divertida de “Why Do Girls Wear Big Sunglasses” enche o ambiente. Fecha o EP a furiosa e engraçadinha “Queso Love”, mostrando que os Warm Fuzzies sabem como entreter através de velha e boa canção pop.

www.thewarmfuzzies.com
www.myspace.com/thewarmfuzziesrock

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

"Patchwork": DROPKICK!

A usina escocesa de canções pop com acento country está de volta. Apenas alguns meses depois de lançar seu sétimo álbum, Dot The I, os irmãos Taylor reaparecem com este adorável Patchwork, onde perpetuam sua mescla de Teenage Fanclub com Jayhawks ou Primary 5 com Wilco. Agora as folhas de outono pintam a grama verde de lilás e dão um clima de conforto e paz ao som do Dropkick.

“Nowhere Girl” abre o disco macia, com acordes de banjo, uma steel guitar e melodia reconfortante. A climática “Making Time To Talk” capricha no belo refrão e o pop perfeito “Breakdown” é parente próximo de Paul Quinn e seu Primary 5. A balada acústica “Where I’m From” carrega no tom emocional e o alt-coutry “Lucky That The Heart” não esquece o cuidado nas harmonizações vocais.

A gaita e os violões adornam “Listen To You” até a magnífica melodia da canção-título, que poderia estar em qualquer disco do Teenage Fanclub. Já a belíssima “The State That Remains” remete ao melhor do Wilco e Jeff Tweedy. “What’s Going On” traz batida country-pop e refrão clássico, enquanto “To You” tem algo de Tom Petty e Jackson Browne na receita.

“More Pleasant To The Ear” é a canção power pop com sotaque country mais empolgante dos últimos tempos. Fecha Patchwork a beleza estonteante e suave de “Travelling Song”, mostrando quem é o Dropkick: cowboys escoceses pós-graduados na arte das melodias pop. E que não se rendem à crise de produção: já trabalham no próximo álbum... a todo vapor!

http://www.dropkickmusic.co.uk/
www.myspace.com/dropkickmusic

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

"Make The Best Of It": DAVID DEWESE!

Há muito de sonho aqui. Provavelmente um alto investimento emocional e pessoal, onde os rendimentos são divididos com todos nós. Não há vestígios de especulação sobre o potencial comercial da obra. Nem economia em arranjos, se o objetivo é embelezar uma canção. E assim como sonho, há muito de beleza aqui – melodias, harmonias... sem que precisemos ao menos pedir. De lúdico também: a baleia, que se apaixona por submarinos, navios ou barcos à vela em traços infantis, navega serena pela arte gráfica do álbum...

Depois de 10 anos dividindo-se entre as bandas The Foxymorons e The Luxury Liners, o americano de Nashville David Dewese, guardou suas canções mais íntimas para este Make The Best Of It. Juntou elementos de power pop, pop, folk e country para lapidar canções de clima acústico em confissões de amor, perdas e redenção. E formou um colar de pedras como pérolas: preciosas, belas e consistentes.

Violão e piano abrem o disco na emocionante “Dear Self”, e a batida country contagia na gema “This Too Shall Pass”. A belíssima canção-título mostra um David Dewese inspirado e senhor soberano na arte da canção pop. “Keep Hanging On”, e seu imenso potencial para cativar amantes do pop, poderia estar por aí, assombrando FMs planetárias. E o refrão emocional da balada ao piano “Why Can’t I Stop Thinking About Her”, faz sonhar mais que sofrer.

Dewese é o cowboy que ajeita o chapéu antes de acomodar a mocinha na garupa do cavalo, enquanto no bar, marmanjos estão quebrando garrafas, mesas e cadeiras nas próprias cabeças. Ou tocando seu banjo, em uma preciosa e doce canção chamada “Moment Too Late”. O refrão adesivo da adorável “The Only One” se mete no ringue onde banjos duelam com mandolins. E o pop segue exalando cheiro de pasto em atmosferas reconfortantes: “Heart Of The Matter”, “Lake Tawakoni” e “Everything’s Gonna Be Alright”.

Há muito de realidade aqui. Make The Best Of It nos apresenta um cantor compositor tocado pelo talento e pronto para conquistar corações. Canções pop aptas às ondas do rádio ou trilhas da TV. Resta saber até onde os bandoleiros da indústria musical podem dificultar. Ou se David Dewese já se sente plenamente recompensado pela jóia que produziu.

www.daviddewese.com
www.myspace.com/daviddewese

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

"Whatever Happened To...": THE SLINGSBY HORNETS!

O irlandês Francis E. Slingsby é no mínimo um cara corajoso. Montar um disco onde alterna canções próprias com clássicos do rock mundial poderia facilmente deixar os fundilhos à mostra. Mas Slingsby, que na verdade é alter–ego do cantor compositor Jon Paul Allen, não parece preocupado. Já havia utilizado a fórmula em seu disco anterior Introducing... The Slingsby Hornets, gostou do resultado e o repetiu neste Whatever Happened to...

São cinco canções originais intercaladas por cinco covers, que servem não só para enriquecer a bagagem musical do ouvinte como descobrir em Allen um talentoso e dedicado compositor pop. “Way Of The World” abre o disco orquestrada, para depois dar lugar às guitarras e melodias que soam como clássicos dos anos 70. Segue a sensacional e irresistível gema pop “Rock’ N’ Roll Love Letter”, dos Bay City Rollers

A balada “Flying Tonight” amacia o terreno para a chegada da pesada, de contornos épicos, “Children Of The Revolution” do T.Rex. “The Long Way Home” traz belas harmonias vocais antes de “For Your Love” dos Yardbirds. A doce e harmônica “This Song” contrasta com as guitarras afiadas de “Pictures Of Matchstick Man” do Status Quo. A emocional e adesiva “Black & White Movie” é a canção pop perfeita do álbum, que fecha com o tema do famoso seriado de TV “Suspension (Song From Buck Rogers)”.

Acompanha o disco o bônus EP “Knit Deep In Glitter”, com cinco clássicos do glam pop: “My Coo Ca Choo” (Alvin Stardust;); “Does Your Mother Know” (Abba); “Angel Face” (The Glitter Band); “Skweeze Me Pleeze Me” (Slade); e “Devil Woman” (Sir Cliff Richard). É diversão garantida!

www.theslingsbyhornets.co.uk
www.myspace.com/theslingsbyhornets
www.myspace.com/jonpaulallen

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

"Transparent Dayze": ANGEL KAPLAN!

O fluxo criativo de algumas mentes inquietas segue irrefreável como um rio em direção ao mar. Novas possibilidades tornam-se tão fundamentais como o ato de respirar. Artistas que como o espanhol de Gijón, Angel Kaplan, não perdem um dia sequer admirando as taças pelos objetivos conquistados. Kaplan é líder de um dos grupos de power pop mais respeitados e adorados da Espanha, o Bubblegum. É baixista da legendária banda de garage-punk Doctor Explosión. E acaba de excursionar com os garageiros americanos do Cynics, em sua tour espanhola.

Se no Bubblegum (que lançou há pouco o sensacional Where Is Matthew Smith?) Kaplan oferece canções energéticas, elétricas e joviais, em Transparent Dayze traz climas reflexivos e acústicos. Folk e pop sessentista cantados em inglês, com maciez e doçura, pela agradável voz de Angel. O EP, de seis músicas, abre com “Broken Toys” e seu clima folk-psicodélico-sessentista, na melhor linhagem Byrds e adornado, vez por outra, por trumpetes, indicando que do outro lado da Califórnia está o México. Já “Not My Friend”, encanta nas belas harmonias vocais e na placidez triste à la Elliott Smith.

O clima country toma conta na lapsteel guitar de “Time Will Be Gone So Fast” e, “Artificial Paradise”, encontra os Beatles em um bar do interior americano tocando country pop acompanhados por um grupo de mariachis. A intimista e bela “Kid Kubrick” embala corações, enquanto “No Return”, rememora a beleza das baladas imortais do mestre Lennon. Em qualquer seara pop que Angel Kaplan se aventure - para aplacar sua inquietação criativa – seu talento sempre correrá, inevitavelmente, rumo ao mar.

www.myspace.com/angelkaplanmusic

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

"Silvervine": AFTERPILOT!

Enquanto anoitece na terra do sol nascente, do outro lado do planeta o dia nasce radiante ao som do segundo álbum do Afterpliot, Silvervine. O trio japonês, que coloca gatos em todas as capas dos seus discos, volta com seu power pop de alta octanagem e sempre enriquecendo a mistura com doses generosas de punk pop.

Fumito Yamabe, Takahiro Maruyama e Takashi Kawakami não escondem suas principais influências e soam muito próximos aos ingleses do Farrah e dos australianos do Wellingtons. Melodias bubblegum, guitarras nervosas e batidas invocadas permeiam as canções dos nipônicos em Silvervine.

Que abre com a contagiosa e energética “His Name Is John”, perfeição pop que dura um minuto e quarenta e nove segundos. “Jacksonville” adiciona guitarras modernas e afiadas à melodia sessentista do refrão e, a batida quase-dançante de “Seat Of Though”, convida ao meio do salão. “Holiday” tem algo de Green Day no refrão e, as palminhas e o vocal feminino, contrastam com a pegada incendiária em “Luck You”.

Já “Good Girl” te captura no refrão ganchudo e a power ballad “Place” mostra a facilidade dos japoneses em criar melodias grudentas. Apesar do Afterpilot às vezes remeter ao som do Farrah, a voz de Yamabe é facilmente reconhecível, o que acaba dando personalidade ao power trio. Fecha o disco a bela e poderosa “Best Song For You”, esperando que o nosso anoitecer seja mais animado depois de Silvervine.

http://afterpilot.net/
www.myspace.com/afterpilot

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

"Sibley Gardens": THE RESPECTABLES!

Imagine um dragster abastecido com litros e litros de Jack Daniel’s, motorizado com singles pop de giro 45 rpm e acelerando. Ou os Rolling Stones com um Rod Stewart encapetado nos vocais tentando tocar os refrões dos Beatles. Ou se Cheap Trick trocasse as imensas arenas de shows por apertados pubs enfumaçados. Se você conseguiu, chegou perto do som produzido pelos Respectables.

Sibley Gardens é o segundo álbum do power trio de Detroit e onde o rock colide com o pop liberando doses maciças de energia sônica. O grau de pureza dos elementos garante a densidade das canções: rock do tempo em que o estilo nada mais era que blues tocado alto e rápido; e pop da escola sixtie, interessado em embalar apenas pela força das boas melodias.

A sensacional faixa de abertura “Charged By The Minute” – e que foi destaque no IPO Eleven – já evidencia a que veio os Respectables. Um petardo energético de melodia envolvente movida pela voz rascante de Nick Piunti – um clássico instantâneo. A bela –mas nada ingênua – “Could It Be”, evidencia o vocal rouco de Piunti, que soa como se o Mike Viola (o cantor de "That Thing You Do" do filme The Wonders) tivesse guardado a voz em tonéis de whisky por anos a fio.

Nick Piunti, Joey Gaydos e Donn Deniston são rockers genuínos apaixonados pelo pop. O que as guitarras incendiárias e o refrão de “To My Knees” confirmam. Já a contagiante “When Come You Back Around” sugere popsters com inclinações roqueiras… A cadenciada “Spark & Destiny” é um pub rock que explode no refrão enquanto as raízes americanas são realçadas pelos cowbells e o banjo de “From This Place”.

Em “Where You Are” os Respectables preferem as arenas freqüentadas pelo Cheap Trick aos bares de beira de estrada . E a faixa final, “When You Gonna Be Mine”, atesta que a potência do motor envenenado do grupo de Detroit está na mistura da voz única de Piunti e as guitarras matadoras de Gaydos. Numa prova de arrancadas, só os Respectables usariam o retrovisor.

www.myspace.com/therespectables