segunda-feira, 31 de agosto de 2009

"Vegas With Randolph": VEGAS WITH RANDOLPH!

A história conta que a vida adulta trata de separar os mais fiéis amigos de escola. Cada um segue seu rumo buscando objetivos e aspirações. Mas existem casos em que uma paixão em comum pode manter amizades por longos anos. É o caso dos americanos John Ratts e Eric Kern, que se mantêm conectados pelo amor a música. Parceiros de longa data, Ratts e Kern passaram por variadas bandas em Washington DC e agora juntam forças – e composições - no Vegas With Randolph.

Com a participação de diversos amigos, Vegas With Randolph, o álbum, traduz o interesse dos parceiros pelo pop e rock atemporais. A começar pela faixa de abertura “Be The One”, onde um piano voluntarioso disputa espaço coma a bateria vigorosa e guitarras energéticas. “Happy” não esconde a tradição melódica da música americana, até explodir no poderoso refrão. “The Same” abusa dos teclados em clima emocional e vai crescendo para desaguar na pegada de guitarras rascantes.

A acústica “Versailles” envolve na batida do violão, melodia pop e gaita onipresente, nos seus quase sete minutos de duração. “Arizona Blue” é bela balada guiada pelo piano e aeradas harmonias vocais. E a macia e doce, com toques country, “Buses Trains & Planes” foi indicada a concorrer a “Canção do Ano” pela Washington Area Music Association. “Longplay” é uma suíte com seis canções, unidas como uma colagem pop, que apresenta algumas pérolas como “All The While”, “Dreams Of The Night” e “Your Own Song”. Que a parceria Ratts-Kern dure muitos álbuns mais.

www.myspace.com/vegaswithrandolph

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

"Unpublished": TONY COX!

Clássico, clássico, clássico! O sentido de pop clássico e atemporal está aqui: canções que visitam o pop sessentista, passam pelo soft rock setentista e esbarram em sonoridades oitentistas. A sensação, ao ir mudando de faixa em Unpublished, é a de se estar girando dial por estações de sucessos mundiais da história do pop. E, enquanto tentamos lembrar onde ouvimos estes hits, o título trata de lembrarmos que são músicas não-publicadas anteriormente (apesar de, na verdade, seis faixas de Unpublished já terem figurado, em 2008, no álbum de estreia da banda de Cox, o The Offbeat).

E a intenção do compositor inglês com Unpublished, é despertar o interesse de produtores, artistas e gravadoras para suas pérolas pop. Uma espécie de portfólio sonoro que os power poppers deram um jeito de atravessar e desfrutar para seu bel-prazer. Contando com Nigel Clark nos vocais – frontman da banda britânica Dodgy - e Darren Finlan na bateria, Cox escolheu suas 11 canções preferidas onde, prova-se, não economizou talento no artesanato da composição pop.

“Sweet Elaine” abre o disco já dando a impressão de que alguma vez na vida já repetimos aquele refrão – com seus toques de soft rock dos setenta e pop orquestral. “Feel Real Love” vem marcando forte no baixo, pontuando nos metais e caprichando nas harmonizações vocais. Os sintetizadores de “Life Is Hardcore” remetem às bases do pop dos anos oitenta, enquanto “Jamelia” se espalha por completo pela atmosfera do sixtie pop britânico.

A bela semi-acústica “Fallen” traz mais uma melodia colante em clima macio e ingênuo dos sessenta. “Chills” e “Say The World” poderiam estar por aí, nas ondas do rádio, há anos com suas melodias envolventes e refrões memoráveis – dois clássicos instantâneos. “Show Me Your Love” já alcança o pop contemporâneo e “Can’t Leave Too Soon” volta a atestar a capacidade Tony Cox em criar canções de forte apelo pop. Resta saber o quanto o mundo estará interessado na incrível coleção de clássicos em potencial de Unpublished. Nós estamos.

www.coxymusic.com
www.myspace.com/coxysongs

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

"Skoober EP": SKOOBER!

Bandas com garotas nos vocais vêm aumentando a cada dia no mundo do power pop. Mas ainda não são nada comuns. E dependendo da proposta do grupo - e do timbre vocal da vocalista - as moças funcionam melhor que os marmanjos. E, pelo menos no Skoober, a voz feminina de Tawni Bates, deu brilho ao trabalho instrumental do faz-tudo Andy Weaver.

A dupla de Elmira, estado de Nova Iorque, veio ao mundo com o disco de estreia Say!, de 2008, e retorna aos holofotes com este EP homônimo de seis faixas. Que soa como uma cruza de Blondie com Rooney ou onde a new wave encontra o power pop. Ou, de acordo com a bagagem musical do ouvinte, pode soar como um pop rock invocado.

E bota invocado nisso quando as guitarras de Weaver e a voz potente de Bates anunciam “Get It Out”, com sua melodia adesiva e energia faiscante. Enquanto “Sucks To Be You” vem envolvendo na levada até Tawni convidar ao pop grudento do refrão. A poderosa “Don’t Be The One To Leave” dá potência de banda ao duo, com bateria voluntariosa, guitarras espetando e um órgão intervindo perfeito em momentos-chave.

“On And On” apaga as luzes, veste Tawni de diva e traz clima retrô com batida de valsa pop. Já “Parts Of History” tem algo de Rentals na sonoridade, e faz o casamento perfeito das guitarras cortantes de Weaver com os belos falsetes de Tawni no refrão. Fecha o EP a canção acústica com batida bossa “One And Two”, revelando a versatilidade vocal de Bates. Que este EP do Skoober sirva de incentivo para vermos, em breve, mais saias à frente de bandas power pop.

www.skoober.net
www.myspace.com/skoober

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

"Man Overboard": J.P. CREGAN!

Os bons tempos estão de volta! Quer dizer, quando se trata de power pop, eles estão sempre por aí... mas existe uma época que, talvez por estar mais próxima, tem sido menos revisitada por bandas e artistas da nova geração. É a fase do power pop clássico, que vai de fins dos anos 70 até meados dos 80, onde tínhamos vigentes os reinados de Elvis Costello, Nick Lowe e Marshall Crenshaw, para citar os mais conhecidos. E são essas sonoridades que ouvimos, modernizadas, em Man Overboard, primeiro álbum solo do guitarrista do Parklane Twin J.P. Cregan.

O americano de Los Angeles - que também é colunista da ESPN, onde escreve sobre basquete – carrega no seu visual uma aura quase subliminar que remete a songwriters clássicos e geniais: os óculos de grau e armação quadrada de Cregan nos fazem lembrar de Buddy Holly e Elvis Costello. E a influência deste último é que salta mais aos ouvidos, principalmente no timbre vocal e modo de cantar – se você considerar o Costello de 30 anos atrás.

“Carolyn (The Pleadge Drive) abre Man Overboard na batida animada de um pub rock de bases fincadas em ambiências cinquenstistas. Piano pontuando, steel guitar miando no fundo, melodia doce e macia para “Count To Three”. “Barbara Is Strange” chega espreitando, harmoniza, com beleza, pontuais “ahahahs” depois capricha no andamento envolvente. “Atmosphere” tem algo de raiz e algo de pop sessentista e um pouco de charleston no refrão.

“Miss Highland Park” traz órgão, palminhas e batidas de violão encorpando a sonoridade, enquanto as guitarras aparecem em “Shouldn’t Take It So Hard”, sem tirar a maciez da canção. A climática “Winter Of ‘85” faz flutuar com seus coros vocais de beleza rara e de aura espiritual. A canção–título é uma balada acústica assombrada por notas de piano que sobem a escala musical em perfeita sincronia com o andamento da canção. A energética “The Underdog” fecha o álbum nos mostrando que as lentes de J.P Cregan não refletem apenas heróis do passado, mas enxergam onde se escondem todas as senhas do pop atemporal.

www.myspace.com/jpcregan

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

"Roommate": TOTOS!

Quando o astro-rei brilha na Terra do Sol Nascente, nunca brilha ao mesmo tempo aqui. Um desencontro que sempre foi e sempre será. Mas o homem é mestre em subverter ordens naturais – mesmo que muitas vezes pela sua capacidade de imaginação e fantasia. Então, não há problema em que o sol que ilumina o Japão passe a nos banhar aqui, como se a Terra fosse plana como uma folha de papel. Mesmo que esse fenômeno sobrenatural dure apenas os 42 minutos de Roommate.

Projeto solo do baixista do Brokespace Koyo Fukamizu, o Totos reúne membros de outros grupos japoneses e nos oferece um dos melhores álbuns de power pop da história do país asiático. Lançado em 2008 – e criminosamente fora da lista Top 100 Álbuns do Power Pop Station – Roommate é o primeiro álbum do grupo e vem para confirmar a aptidão japonesa na criação de melodias bubblegum de contágio imediato.

Não é a toa que o power pop tem certa popularidade no Japão: as belas melodias são ali apreciadas como iguaria fina e já se tornaram ingrediente obrigatório da receita de qualquer bom pop japonês. E quando a sensibilidade oriental cruza com a objetividade ocidental; ou a pureza melódica do lado de lá encontra com a energia instrumental do lado de cá, só podia dar nisso: o power pop perfeito.

“1,2,3” abre a contagem das 15 faixas de Roommate, com uma guitarra guinchando e a melodia perfeita, à la Teenage Fanclub, convidando todo mundo a contar (e cantar) junto – em um inglês pra lá de nipônico. Em “From Now” não vai interessar se é dia ou noite, pois os ganchos melódicos, as harmonizações vocais e as guitarras afiadas vão te trazer o sol onde você estiver. E te envolver numa ambiência “eterna enquanto durar” de bem-estar e diversão.

O vocal angelical da guitarrista U-co Sekido embeleza e confere ingenuidade à adorável “Film”. De mansinho e doce chega “Tears No Reply”, para em seguida explodir no refrão ultracolante e emocional, daqueles com progressões de acordes para deixar qualquer power popper sem chances de defesa.. Toques de bateria eletrônica e baixo forte para “Natural Water” e batida e metais cativantes em “Sweet Dream”. U-co volta com voz de gueixa – cantando em japonês – na macia “Good Night”.

Em “What Did You Say” Koyo mistura palavras na língua nativa e em inglês. O que não importa muito porque o refrão é só sensacional – tipo Teenage Fanclub era Bandwagonesque - e você vai cantar, querendo ou não. “For You” é uma vinheta de 35 segundos com um baixo que faz até pedra se mexer. “P.S I Love You” é um pop experimental eletrônico no melhor estilo do conterrâneo Cornelius. “You Disappointed Me” é composição de Duglas T. Stewart, do BMX Bandits, que também fez a arte gráfica do CD.

Um ideograma representa o título da faixa doze, que soa como uma bela canção de ninar japinhas. Inglês e japonês para a canção que é praticamente um refrão memorável “Thank You For Goodbye”. A bonita balada “Ticket” confirma Koyo como um artesão das melodias colantes e “Set Me Free” encerra com um dueto Koyo-Uco em clima grandioso com orquestração sem quebrar o ambiente de romance.

Roommate deveria ser prescrito como remédio para casos de depressão leve, aguda ou crônica. Seus princípios ativos provavelmente também fariam bem a quem sofre do coração. Mas, o que intrigaria cientistas a valer, é como consegue levar o sol a pontos opostos do planeta. Ao mesmo tempo.

www.totos.jp
www.myspace.com/totosjp

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

"Social Crutch": DIPSOMANIACS!

Os Dipsomaniacs estão nessa por diversão. Mas também gostam de dizer suas verdades. Ironias que podem alfinetar mais que mil palavrões: a começar pela arte de capa – que mostra um garçon servindo drinks sob o título do álbum Social Crutch, (“Muleta Social”), em clara referência ao álcool; e o próprio nome do grupo - que quer dizer algo como “alcoólatras”. Mas é claro que ninguém está aqui pelas gracinhas ou espetadas temáticas do Dipsomaniacs. Os veteranos de New Jersey conhecem como poucos a receita de unir a crueza do garage rock com a sensibilidade melódica do pop.

Seu líder, Mick Chorba, não esconde a admiração por Replacements e The Who, mas deixa claro em suas canções que gosta das coisas do seu jeito. Chorba - que espraia sua criatividade também no The Successful Failures – domina e doma a eletricidade de sua guitarra do mesmo jeito que amacia e embeleza as tramas das suas melodias. Como na sintomática faixa de abertura “Together We Can Rule The World”, que pela força de seu poder pop envolvente realmente poderia conquistar o mundo nos seus dois minutos e dezesseis segundos de duração.

Apesar do título (“Largue Sua Guitarra”), os instrumentos das seis cordas rugem forte em “Drop Your Guitar” – lembrando que o Cheap Trick também é uma influência. A batida em ritmo quase circense de “Blame It On The Gin” não impede o refrão marcante e uma bela ponte melódica no meio da canção “Not Waiting Around” é pontuada por um órgão sobre camadas de guitarras e harmonizações vocais bem cuidadas. Já “Loretta After All” é uma power-ballad e “Wake Up Sue” um rock’n’roll envenenado de refrão adesivo.

“Kids On Base” fala dos garotos que ficam nas bases militares americanas mundo afora “aguardando as ordens do seu comando”. Enquanto a pegada cativante e vitaminada de “Oh Jose” contrasta com a maciez não-ingênua de “Wait And See”. E “Halo Around You” fecha Social Crutch, confirmando que, na verdade, os Dipsomaniacs são viciados – e viciantes – é na arte de eletrificar uma canção pop, nada a ver com copos cheios de gelo, tônica e gim.

www.dipsomaniacs.net
www.myspace.com/dipsomaniacs

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

"Surrender To Love": THE TIMETRAVELLERS!

Quando Öyvind Ander lançou seu segundo álbum solo, Heaven Is, dissemos que o mundo precisava de pessoas que ainda acreditassem nos bons sentimentos humanos. E que nós precisávamos dos bons fluídos transmitidos pelas canções do cantor-compositor sueco. Ouvindo nossas preces, menos de um ano depois, Ander retorna, agora sob o nome de sua banda, os Timetravellers, e se mostra disposto a continuar seu trabalho de fé e paixão, pela música pop e pela humanidade – ambas carentes de boas intenções.

Surrender To Love repete três belísimas canções de Heaven Is, só que desta vez trazendo Cristina Sipi nos vocais: “Born To Be Free”, “Heaven Is” e “Song For the Earth”. A configuração de banda, para o novo disco de Ander, trouxe mais consistência instrumental e pegada à sonoridade. Mas, de forma alguma, se sobrepõe à intenção primordial das canções do artista, que são as mensagens positivas embaladas por belas melodias a serviço do bem-estar.

O álbum dos Timetravellers soa como uma continuação natural do anterior de Öyvind Ander, como um novo capítulo de um mesmo livro e onde alguns flashbacks ajudam a relembrar acontecimentos passados. A faixa-título abre o disco com base acústica pontuando dedilhados ao violão num clima que passa entre o cancioneiro de James Taylor e o soft rock setentista. E as harmonias celestiais de sempre.

Sob a pergunta existencial que todos nós nos fazemos, vem a macia “Why Are We Here”; já as guitarras aparecem mais ferozes na envolvente “Why” e na contundente “The Secret”. “Do What You Want” é tudo o que queremos: progressão de acordes viciante, melodias adesivas e harmonias vocais angelicais. “We All Need Our Friends” oferece refrão auto-adesivo e a beleza de “Inner Peace” realça que paz interior é o que precisamos. E é exatamente para isso que Surrender To Love, Öyvind Ander e os Timetravellers estão entre nós.

www.myspace.com/thetimetravellers
www.myspace.com/timetravellingsongs
www.myspace.com/oyvindander

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

"In The Late Bright": TOMMY KEENE!

A imagem distorcida pelo calor exalado pelo asfalto quente vai sendo revelada aos poucos. A silhueta de alguém que se aproxima - e parece carregar um case de guitarra nas mãos – não transparece cansaço nem desânimo. Traços marcados pela experiência e perseverança começam a aparecer no rosto que se acerca. São mais de 25 anos de carreira, cruzando o Estados Unidos de ponta-a-ponta sem que o grande público realmente reconheça aquelas feições. Mas nós, power poppers, sabemos que quem vem lá é Tommy Keene.

O americano, que influenciou centenas de novas bandas nas últimas duas décadas e meia, com sua voz inconfundível e sua guitarra sempre brilhante e cheia de ganchos melódicos, volta com seu oitavo álbum In The Late Bright. E, tanto tempo depois, Keene continua sendo considerado pela crítica musical como um nome do power pop a se respeitar. Porque consegue forjar canções pop simples, com pegada forte e sempre com algo a dizer com mais profundidade e reflexão.

In The Late Bright foi produzido e gravado por Tommy em sua casa, realçando a força das composições, em vez de valorizar efeitos e truques de estúdio. Assim “Late Bright” abre o disco com o som de um Baldwin Fun Machine (órgão sessentista) emergindo para logo dar espaço à batida marcante e o brilho da guitarra de Keene. “A Secret Life Of Stories” é contagiante no ritmo e na melodia, sem ser exultante – até as canções mais up de Tommy trazem uma carga reflexiva que se projeta claramente na sonoridade.

“Save This Harmony” dedilha guitarras com maciez e leva a plácidas paisagens. Já “Tomorrow Gone Tonight” e “Goodbye Jane” chegam envolventes com suas melodias luminosas para, em seguida, desaguar na power-ballad “Nighttime Crime Scene”. A primeira faixa instrumental da carreira discográfica de Keene, “Elevated”, é uma assustadora e hipnótica sinfonia de guitarras. “Hide Your Eyes” encerra In The Late Bright com seu belo refrão, enquanto a silhueta de Tommy Keene já vai longe, rumo aos próximos vinte e cinco anos.

www.tommykeene.com
www.myspace.com/tommykeeneband

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

"Desayuno de Campeones": RUBIN Y LOS SUBTITULADOS!

Sempre estamos disponíveis para admirar os feitos de nossos heróis do passado. E sempre paramos para medir o grau de frustração por não termos feito parte de determinadas épocas, que consideramos, utopicamente, mais afeitas às nossas convicções ou fantasias. Mas a verdade é que estamos aqui e agora dividindo nossa realidade, nosso tempo e nosso planeta com nossos contemporâneos, que também, muitas vezes, têm os mesmos heróis de outros tempos. E que trazem para o presente as influências modernizadas de anos que já se foram.

Então, agora, também estaremos orgulhosos de nossos companheiros de viagem, aqueles que podem sentir o calor do mesmo sol ou uivar para a luz prata da mesma lua. Assim chegamos ao cantor compositor argentino de Buenos Aires – nosso vizinho, por supuesto – Sebastian Rubin, ex-líder do sensacional Grand Prix e que chega ao segundo álbum solo com este Desayuno de Campeones. Carregando em si uma mar de expectativas por ter a árdua tarefa de ser o sucessor do estupendo EsperandoEl Fin Del Mundo.

Mas Rubin não é do tipo que se acanha frente às próprias vitórias passadas e segue disposto a adicionar elementos e descobertas ao seu imenso talento. Contando para isso com os Subtitulados (Manuloop, Juampi Mandelman, Martín López e Cristian Basualdo) que fazem a base para que possa destilar suas inspiradas canções pop – onde Beatles, Elvis Costello e Teenage Fanclub são referências cristalinas. Sebastian, como nós, também admira os feitos de seus heróis do passado e titulou seu disco como o nome de um livro de Kurt Vonnegut (escritor americano morto em 2007).

Desayuno de Campeones (Café da Manhã dos Campeões) segue alinhavando as características conflitantes e complementares da música de Rubin: uma canção de melodia doce pode cantar a frustração e o desamor; uma balada pode ser ácida e carregada de ironia; ou um petardo rocker pode ser uma carta macia de amor. De todas as formas, os temas se submetem à melodia, que é o ponto fundamental na composição do argentino. Se deixar invadir pela inspiração melódica para então saber o que aquela canção vai ser capaz de contar.

E assim abre o disco “Quien Debo Ser Esta Vez”, uma das mais potentes e empolgantes canções power pop do ano: guitarras afiadas, melodia colante e emocional, órgão climatizando, coros vocais celestiais e a pergunta de como se reinventar para que um relacionamento siga em frente. “El Dia Que Nunca Termina” traz riff envolvente e “El Rey De La Ansiedad” revela um insone flutuando em ambiências sixties. “Falling In Love With Myself” vem na batida country-folk, cantando em inglês a confissão de amar a alguém que só sabe se amar.

“Lo Que Ves Es Lo Que Hay” começa com Rubin ao piano com som de cravo e segue orquestrada com cordas - nesta que é a primeira canção com vídeo clip do álbum. O desejo de estar longe da cidade e perto de uma vida natural é musicado pela belíssima “Los Encerraditos”, indo da batida ao piano de música americana à perfeição melódica dos Beatles – passando pelas harmonias vocais beach boyneanas. E a voz agradável de Rubin nos convida e escapar e a mostrar que no fim tudo dá certo na macia “Avenida Del Mar”.

A voluntariosa “Nada” agita na batida cativante e a linda versão para a pérola de Robyn Hitchcock “Flash Number One (Beatle Dennis)” emociona. Neste ponto já fica claro o cuidado na produção e nos arranjos do álbum, no uso de diversos instrumentos vintage para dar o clima que todo power popper sonha, como nas seguintes “Aparecer” e “Menos Es Mas”. Fecha o disco a balada acústica “Quiero Que Me Vengas A Buscar”, que do meio para o fim encerra uma apoteótica explosão de guitarras. E, que agora, nos encontra disponíveis a admirar um contemporâneo chamado Sebastian Rubin, que utiliza sua sensibilidade melódica para oferecer canções que transformam nosso presente num tempo melhor para se viver.

www.rubinlandia.com.ar
www.myspace.com/rubinlandia