O homem é um ser de reminiscências. E uma canção pode ter o dom de acioná-las instantaneamente. Seja o prazer solitário de sentir a brisa fresca acariciar o rosto num fim de tarde nas melhores férias da sua vida ou a dor aguda e profunda quando sua maior paixão se vai sem nem olhar para trás. Mas o homem também é um ser de desejos. E uma canção pode torná-los reais, pelo menos enquanto soar. Sentidos que são tocados pela mágica inexplicável da montagem de notas, acordes, melodias e harmonias, da canção pop perfeita.
E é essa montagem que Kevin Peroni e seu Wiretree fazem com extrema destreza e sensibilidade, tornando Luck – segundo disco cheio do quarteto de Austin, Texas - um dos álbuns mais bonitos do ano. Aqui Peroni conseguiu refinar arranjos, evoluir melodicamente, aprofundar as ambiências emocionais e, ao mesmo tempo, tornar a sonoridade do Wiretree mais acessível. Mesmo considerando-se alguns ecos sessentistas no som da banda, Luck é um disco talhado para a modernidade. Não para os bailes de máscaras e aparências das pistas de dança, mas para o nosso interior despido e autêntico.
Não interessa quem você tem de ser ou representar lá fora. Luck apenas te traz de volta a seus pensamentos de ingênua pureza, sonhos inalcançáveis, ou mesmo as lembranças mais secretas. Assim “Across My Mind” vai chegando com seu violão macio, na sua batida de piano inspiradora e voz doce e confessional de Peroni – algo no clima do mestre Elliott Smith. Vibrafones soam como se viessem da canção de ninar mais adorável e pontuam a melodia celestial da emotiva e belíssima “Back In Town” – e pronto, seus desejos e reminiscências foram imediatamente acionados!
Batida marcial com leve riff rock’n’roll e o vocal angelical de Peroni fazem viajar em “Rail”. “Days Gone By” mescla clima onírico com atmosfera pop com tamanha maestria que me faz perguntar: aonde canções do Coldplay chegaram que esta não poderia chegar? Já a balada “Falling” é de beleza triste e cortante, e pode emocionar tanto quanto “Fake Plastic Trees” do Radiohead. “Information” vem com batida e melodia envolventes, enquanto “Satellite Song” poderia estar tranqüilamente no disco novo de Brendan Benson e ser celebrada mundo a fora.
A bela canção-título soa como clássico pop atemporal e a reflexiva e climática “Heart Of Hearts” encerra o álbum.
Luck é uma coleção de jóias pop de rara beleza, um painel revelando um artista inspirado, uma pílula recheada de boas sensações. Luck nos faz rir e chorar quando ninguém está olhando, quando queremos escutar somente a nós mesmos.
http://www.wiretreemusic.com/
http://www.myspace.com/wiretree
E é essa montagem que Kevin Peroni e seu Wiretree fazem com extrema destreza e sensibilidade, tornando Luck – segundo disco cheio do quarteto de Austin, Texas - um dos álbuns mais bonitos do ano. Aqui Peroni conseguiu refinar arranjos, evoluir melodicamente, aprofundar as ambiências emocionais e, ao mesmo tempo, tornar a sonoridade do Wiretree mais acessível. Mesmo considerando-se alguns ecos sessentistas no som da banda, Luck é um disco talhado para a modernidade. Não para os bailes de máscaras e aparências das pistas de dança, mas para o nosso interior despido e autêntico.
Não interessa quem você tem de ser ou representar lá fora. Luck apenas te traz de volta a seus pensamentos de ingênua pureza, sonhos inalcançáveis, ou mesmo as lembranças mais secretas. Assim “Across My Mind” vai chegando com seu violão macio, na sua batida de piano inspiradora e voz doce e confessional de Peroni – algo no clima do mestre Elliott Smith. Vibrafones soam como se viessem da canção de ninar mais adorável e pontuam a melodia celestial da emotiva e belíssima “Back In Town” – e pronto, seus desejos e reminiscências foram imediatamente acionados!
Batida marcial com leve riff rock’n’roll e o vocal angelical de Peroni fazem viajar em “Rail”. “Days Gone By” mescla clima onírico com atmosfera pop com tamanha maestria que me faz perguntar: aonde canções do Coldplay chegaram que esta não poderia chegar? Já a balada “Falling” é de beleza triste e cortante, e pode emocionar tanto quanto “Fake Plastic Trees” do Radiohead. “Information” vem com batida e melodia envolventes, enquanto “Satellite Song” poderia estar tranqüilamente no disco novo de Brendan Benson e ser celebrada mundo a fora.
A bela canção-título soa como clássico pop atemporal e a reflexiva e climática “Heart Of Hearts” encerra o álbum.
Luck é uma coleção de jóias pop de rara beleza, um painel revelando um artista inspirado, uma pílula recheada de boas sensações. Luck nos faz rir e chorar quando ninguém está olhando, quando queremos escutar somente a nós mesmos.
http://www.wiretreemusic.com/
http://www.myspace.com/wiretree
Um texto inconfundivelmente by Paolo Milea...ficou ótimo.
ResponderExcluirAchei super-oportunos os paralelos com Radiohead e Coldplay...acho que o nosso dever é tentar mostrar isso ao máximo de pessoas quanto possível. Nunca vamos contar com a boa vontade dos periódicos musicais tradicionais, isso é certo, mas fico feliz em percorrer a rede e encontrar vários comentários elogiosos pro disco, e não apenas em blogs e sites dedicados apenas ao power pop.
Fato é: até agora não encontrei uma só pessoa que não tenha gostado do disco.
Pela primeira vez desde que acompanho este blog (há pouco menos de um ano), vejo a referência a um álbum que não era totalmente desconhecido pra mim. O que não é de todo ruim, eu só aprendo e conheço muita gente boa por este canal. Mas às vezes é gostoso bater o olho e pensar: "Olha! Esse eu já curto!" e ler uma resenha tão sensível sobre músicas que eu sei quais são. ;-)
ResponderExcluir