Por Daniel Arêas
Embora não se saiba com exatidão sua origem, a expressão “estar na Nuvem Nove (Cloud Nine)” significa atingir um estado de êxtase, de felicidade absoluta. Mas o que então significaria alcançar dois níveis acima? Despertar os sentimentos e sensações que isso possa significar parece ser o objetivo da banda americana Cloud Eleven; portanto, ouvir seu fenomenal disco homônimo de estréia, o 6º. da Série Clássicos do Power Pop Station, pode fornecer as respostas.
O Cloud Eleven é essencialmente Rick Gallego, músico/compositor/produtor/arranjador radicado em Los Angeles, Califórnia. Com uma formação musical que incluía nomes como Beatles e Beach Boys, iniciou sua carreira no fim dos anos 70, tocando em várias bandas cover. No fim dos anos 80 Gallego mudou-se para Los Angeles, inicialmente pretendendo estabelecer-se como compositor de canções R&B para outros artistas.
Mas pouco tempo depois ele voltaria para sua verdadeira vocação: o pop. Gravou uma série de demos em uma mesa de gravação de oito canais, cantando e tocando todos os instrumentos. Estas demos eventualmente seriam reunidas em 1996 num álbum intitulado Demolicious, que rendeu a Gallego um contrato com o legendário selo californiano Del-Fi Records. Adotando o nome Cloud Eleven, lançou em 1999 um álbum homônimo, para o qual compôs todas as músicas (à exceção de uma) e tocou todos os instrumentos, menos a bateria, que ficou a cargo de Greg Schroeder.
Uma única audição de Cloud Eleven (o disco) é suficiente para se ter certeza que Gallego escolheu o rumo certo para sua carreira. Seu trabalho se alinha perfeitamente entre os realizados pelos nomes mais importantes do power pop da atualidade, mas suas composições também revelam uma profunda influência do pop psicodélico que teve seu apogeu durante a segunda metade dos anos 60. O resultado é um soberbo disco, que soa moderno ao mesmo tempo em que se mantém fiel às suas referências musicais, vindas de décadas anteriores.
Canções como “Tokyo Aquarium”, “Take Control” e “Superfine” – que compõem a ótima sequência inicial do disco – injetam no power pop contemporâneo (de artistas como Matthew Sweet, Posies, Teenage Fanclub) harmonias e sobreposições de vocais que evocam Zombies e Beach Boys (fase Pet Sounds). A bela “Rainbow Station” é reminiscente de álbuns clássicos como Magical Mystery Tour e Odessey & Oracle. Tão bonita quanto a anterior, “Spiral (Come Way Down)” é o ponto em que o Teenage Fanclub e os Byrds (em sua fase psicodélica) se encontram e convivem harmoniosamente.
Rick Gallego explicita outra importante influência para o álbum – o grande The Left Banke - em “Look Of Sky”, cuja letra é uma colagem de títulos e trechos de canções de Michael Brown, principal compositor da banda novaiorquina de sunshine pop e pop psicodélico dos anos 60. Já “Didn’t Wanna Have To Do It” deixa claro que a Califórnia é bem mais do que apenas o local onde Rick Gallego se radicou. É uma bela cover de uma canção do Lovin’ Spoonful, banda novaiorquina que durante a segunda metade dos anos 60 praticava um folk-rock de tinturas psicodélicas, na mesma linha de várias bandas da Costa Oeste americana.
Revolver ou Rubber Soul são boas referências para se descrever “Hole” (e aqui o timbre de voz de Gallego lembra muito o de John Lennon). Violão, suaves harmonias vocais e a voz de Gallego introduzem a irresistível melodia de “Wish I”; quando as guitarras e a bateria entram com o explosivo refrão, o ouvinte já está definitivamente conquistado. Por fim, Rick Gallego e o seu Cloud Eleven se despedem com a sensacional “Sun Arise”, uma daquelas canções que deveriam ser ouvidas todas as manhãs, com sua mensagem otimista que nos conclama a “ver o sol nascer e trazer outro dia”.
Doze grandes canções e pouco mais de 40 minutos depois, o ouvinte já tem as respostas para as indagações iniciais. Chegar ao Cloud Eleven (disco e banda) significa experimentar aqueles prazeres e emoções que só a música em geral – e o power pop em particular – podem proporcionar.
Embora não se saiba com exatidão sua origem, a expressão “estar na Nuvem Nove (Cloud Nine)” significa atingir um estado de êxtase, de felicidade absoluta. Mas o que então significaria alcançar dois níveis acima? Despertar os sentimentos e sensações que isso possa significar parece ser o objetivo da banda americana Cloud Eleven; portanto, ouvir seu fenomenal disco homônimo de estréia, o 6º. da Série Clássicos do Power Pop Station, pode fornecer as respostas.
O Cloud Eleven é essencialmente Rick Gallego, músico/compositor/produtor/arranjador radicado em Los Angeles, Califórnia. Com uma formação musical que incluía nomes como Beatles e Beach Boys, iniciou sua carreira no fim dos anos 70, tocando em várias bandas cover. No fim dos anos 80 Gallego mudou-se para Los Angeles, inicialmente pretendendo estabelecer-se como compositor de canções R&B para outros artistas.
Mas pouco tempo depois ele voltaria para sua verdadeira vocação: o pop. Gravou uma série de demos em uma mesa de gravação de oito canais, cantando e tocando todos os instrumentos. Estas demos eventualmente seriam reunidas em 1996 num álbum intitulado Demolicious, que rendeu a Gallego um contrato com o legendário selo californiano Del-Fi Records. Adotando o nome Cloud Eleven, lançou em 1999 um álbum homônimo, para o qual compôs todas as músicas (à exceção de uma) e tocou todos os instrumentos, menos a bateria, que ficou a cargo de Greg Schroeder.
Uma única audição de Cloud Eleven (o disco) é suficiente para se ter certeza que Gallego escolheu o rumo certo para sua carreira. Seu trabalho se alinha perfeitamente entre os realizados pelos nomes mais importantes do power pop da atualidade, mas suas composições também revelam uma profunda influência do pop psicodélico que teve seu apogeu durante a segunda metade dos anos 60. O resultado é um soberbo disco, que soa moderno ao mesmo tempo em que se mantém fiel às suas referências musicais, vindas de décadas anteriores.
Canções como “Tokyo Aquarium”, “Take Control” e “Superfine” – que compõem a ótima sequência inicial do disco – injetam no power pop contemporâneo (de artistas como Matthew Sweet, Posies, Teenage Fanclub) harmonias e sobreposições de vocais que evocam Zombies e Beach Boys (fase Pet Sounds). A bela “Rainbow Station” é reminiscente de álbuns clássicos como Magical Mystery Tour e Odessey & Oracle. Tão bonita quanto a anterior, “Spiral (Come Way Down)” é o ponto em que o Teenage Fanclub e os Byrds (em sua fase psicodélica) se encontram e convivem harmoniosamente.
Rick Gallego explicita outra importante influência para o álbum – o grande The Left Banke - em “Look Of Sky”, cuja letra é uma colagem de títulos e trechos de canções de Michael Brown, principal compositor da banda novaiorquina de sunshine pop e pop psicodélico dos anos 60. Já “Didn’t Wanna Have To Do It” deixa claro que a Califórnia é bem mais do que apenas o local onde Rick Gallego se radicou. É uma bela cover de uma canção do Lovin’ Spoonful, banda novaiorquina que durante a segunda metade dos anos 60 praticava um folk-rock de tinturas psicodélicas, na mesma linha de várias bandas da Costa Oeste americana.
Revolver ou Rubber Soul são boas referências para se descrever “Hole” (e aqui o timbre de voz de Gallego lembra muito o de John Lennon). Violão, suaves harmonias vocais e a voz de Gallego introduzem a irresistível melodia de “Wish I”; quando as guitarras e a bateria entram com o explosivo refrão, o ouvinte já está definitivamente conquistado. Por fim, Rick Gallego e o seu Cloud Eleven se despedem com a sensacional “Sun Arise”, uma daquelas canções que deveriam ser ouvidas todas as manhãs, com sua mensagem otimista que nos conclama a “ver o sol nascer e trazer outro dia”.
Doze grandes canções e pouco mais de 40 minutos depois, o ouvinte já tem as respostas para as indagações iniciais. Chegar ao Cloud Eleven (disco e banda) significa experimentar aqueles prazeres e emoções que só a música em geral – e o power pop em particular – podem proporcionar.