Não que o título esteja querendo um abrigo para justificar a semelhança; ele é deliberado e apenas deixa claro que preza a homenagem. Você pode dizer que os Beatles não precisam de mais uma prova de admiração, mas eu te digo que a força de um legado é irrefreável. Beatlesque Three, algo como “À La Beatles Volume 3”, emula sim os quatro de Liverpool, parece sim o som que faziam... mas, e daí? Alan Bernhoft gosta de compor inspirado pela cartilha beatle e nós adoramos ouvi-lo. Ponto.
No terceiro disco da série Beatlesque, o músico de Los Angeles – que toca todos os instrumentos e grava tudo no A.I.M Studios (que fica no... seu quarto!) - continua dando de ombros para a crítica mainstream (que o chamaria de ‘pastiche’), para os puritanos (que o chamaria de ‘copista’), e, sinceramente, eu faço trancinhas virtuais com minhas rugas de preocupação. O que importa aqui não é medir relevância artística, grau de ousadia ou as doses de inovação. Simplesmente sentir o quanto as melodias podem dizer algo a você.
E não se importe com a qualidade da gravação, porque o registro é caseiro, sem grandes produções. Procure o quanto os raios de “Sunny Sky” – faixa que abre o álbum – podem iluminar seu dia entediante: a simplicidade de seus coros vocais, a ingenuidade saudável da sua melodia e o estalar de dedos ritmado, podem colocar as coisas no lugar. Já “Everybody Smiles” eleva o tom emocional com uma certa graça: é o que seria a faixa de Ringo Starr do disco.
Em “Civilization” baixa a incrível força melódica e emocionante de John Lennon, a modo de “Mind Games”, com a diferença que o mundo a se mudar é do tamanho da sua sala de estar. “Miss Vonnie” vem macia na batida do piano, na voz doce de Bernhoft e, de repente, encaixa um refrão adorável e irresistível no meio do seu queixo. Jogos de vocais vindos diretos dos anos sessenta exercem o poder de ficar ecoando algumas horas no seu cérebro em “So Shine Away”.
Um terno vibrafone traz a balada - quase uma canção de ninar - chamada “Chun Li” (a versão chinesa de Yoko Ono?) antes do piano de Alan mostrar outra linda canção inspirada em Lennon: “Colliding Circles”. Podem dizer que simula “Imagine”, mas eu não estou interessado, conheço muito bem a obra dos Beatles e de John Lennon solo.
Estou bem mais preocupado em deixar que estes acordes e melodias - descidos dos céus - preencham algumas lacunas emocionais que estão lá, só esperando por isso. Ah, e antes que eu me esqueça, o álbum se encerra com “Honey Love” que sim, parece com “Honey Pie”. E daí?
http://www.alanbernhoft.com/
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