sexta-feira, 11 de maio de 2007

Para onde foi a identidade do PHANTOM PLANET?


Algumas bandas passam anos processando suas referências e influências, adicionando ao fluxo suas experiências e novos conhecimentos, até forjar sua prórpia personalidade e estilo.
Outras já nascem donas de um traço pessoal mais forte, mais bem resolvidas em relação às suas referências e derivações.
É neste segundo caso que se encaixam os californianos do Phantom Planet, que desde seu álbum de estréia em 98, Phantom Planet Is Missing, já pareciam prontos e certos de onde queriam chegar.
Quatro anos depois, vieram com o sensacional The Guest, puxado pelo hit "California" - que foi trilha da badalada série televisiva The O.C. - apresentando uma pegada rocker segura e senso pop apurado. Podiam soar como uma mistura de Weezer com Travis ou Radiohead (fase The Bends) com Fountains Of Wayne.

Ali o Phantom Planet mostrou uma coleção de canções vigorosas, ensolaradas, com melodias sinuosas e um vocalista (Alex Greenwald) extremamente voluntarioso, imprimindo tom personalístico às músicas. Faixas empolgantes com refrões colantes, já moldados no "padrão Phantom Planet", transformam The Guest em atestado de proficiência pop.

Passados dois anos, os americanos soltam o novo disco, o homônimo Phantom Planet, com produção do estelar Dave Friedmam. E o álbum impressiona: pela tentativa patética - e surpreendente - de soar como os Strokes. Produção propositalmente "tosca", melodias pobres, minimalismo instrumental, modernices em forma de ruídos inconvenientes, um ranço oitentista em certas faixas, e o pior, um Alex Greenwald imitando, de forma constrangedora, Julian Casablancas.

A impressão que fica é de uma estratégia maquiavélica criada pela gravadora - Sony Music, via selo Epic - de conseguir a "inclusão digital" da banda (já que os Strokes foram o primeiro fenômeno rock da era-Internet). O que pareceria evolução, explode como uma tremenda involução e perda total de identidade de um grupo reconhecido exatamente por deixar carimbados seus trabalhos autorais. E por mais que se imagine que a mudança radical tenha surgido no departamento de marketing da Sony Music, é espantoso que moleques de personalidade marcante tenham concordado com tal disparate.

Nos resta agora esperar pelo quarto álbum - que já está sendo gravado e deve sair ainda este ano - na esperança da retomada de uma qualidade rara em grupos das novas gerações: serem eles mesmos.


Crise de identidade? Tire a prova:
Faixas 1-11: álbum Phantom Planet
Faixas 12-23: álbum The Guest


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