domingo, 30 de março de 2008

"Music is Alive and Well": PHILOMANKIND!

Como uma espécie de “big-bang” músico-cultural, os ecos da cultura sessentista continuam reverberando mais de 40 anos depois de sua explosão. Nenhum canto do mundo ficou imune à sua influência e parece que nenhuma era ficará. O quinteto Philomankind, apesar de cantar em inglês, vem da italianíssima cidade de Pisa. Formado por Sara Piaggesi (vocais), Marco Piaggesi (vocais e guitarra), Sandro Del Carratore (vocais, piano e teclados), Doda Mariotti (baixo) e Micky Malasoma (bateria) a banda segue a estética dos anos 60 nos seu conceito artístico, mas, musicalmente, não se prende só àquela década. Pode soar como o Abba tocando Kinks ou o Creedence Clearwater Revival tocando Beatles, com os vocais femininos e masculinos se alternam por todo o álbum, sem perder de vista a sonoridade clássica que o grupo se propôs a executar.

O disco começa a rodar com “Benjamim” na voz doce e impetuosa de Sara, que desenha a melodia da canção sobre a batida nervosa de Micky a guitarra invocada de Marco e os teclados bem sacados de Sandro. Que tenta enganar na intro de piano suave de “Man Of Make Believe”, mas a massa instrumental, em clima psicodélico, logo se sobrepõe, com o refrão pop subindo o tom de menina rebelde da vocalista. Piano martelando e levada rock na esperta “Heartbreaker”. “Love Is A Risk” inverte o clima, com voz masculina e rascante, violão, gaita, em uma música de beira de estrada americana, daquelas que cheiram a poeira whisky barato.

A cítara e o nome da música “Yogi Dananta” não deixa dúvidas: o mestre Harrison passou por aqui. “Gryphon City” relembra o rock pantaneiro do Creedence com a voz de Piagesi soando como a de John Fogerty. Já “Show” tem o cacoete pop de Elton John, só com voz e piano. Volta a veia pop sessentista em “I’m Gonna Wait For the Time” e “Whispers”. “Marta Little Arms” é uma estranha mistura de jazz, cajun music e música de cabaré. “Look Into The Sun” traz contornos psicodélicos provando que a herança dos anos 60 está viva – e bem – seja no Brasil, no Japão ou na Itália.

http://www.philomankind.it/
www.myspace.com/philomankindband

quarta-feira, 26 de março de 2008

"Cease To Be": THE DROWNERS!

A Suécia é reconhecidamente uma potência do pop mundial, e, vem de lá, algumas das grandes bandas de power pop da atualidade. É um fenômeno interessante: o frio congelante do país ao mesmo tempo que inspira garotos a despejar suas frustrações em bandas obscuras de death metal, levam outros a pleitear mais sol de um modo peculiar: através de canções pop. Habitantes de países tropicais não podem ter a noção do quão fria é uma cidade situada no norte da Suécia. É de lá, Skelleftea, que vem o Drowners, quinteto veterano da cena que chega ao seu quinto álbum com este Cease To Be.

Magnus Vikstrom (vocal), Leif Renstrom (guitarra), Mikael Sundqvist (guitarra), Par Nordstrom (baixo) e Andreas Persson (bateria) transformaram o Drowners em uma verdadeira instituição do power pop sueco. Desde seu álbum debute, o clássico Destroyer de 1996 – surpreendentemente lançado no Brasil pela Velas – o grupo sueco mostra como afiar guitarras e adoçar melodias. Agora, depois de um hiato de cinco anos desde o lançamento de Muted To A Whisper, o Drowners nos apresenta Cease To Be, mostrando estar disposto a manter sua supremacia em terras nórdicas.

Na primeira faixa do disco as guitarras de “Perfect Friend” já chegam sem economizar na distorção, com o vocal de Vikstrom dobrado em dois tons diferentes até a explosão do refrão pop e harmônico. “Little Signs” traz impresso no DNA a marca indelével do Drowners, reconhecível no meio de milhares de canções que fossem: a voz marcante de Vikstrom, a pegada energética das guitarras, batida vigorosa e melodia adesiva. E o fluxo instrumental continua descendo potente... “10000 Needles” e “Yeah Now What” mordem na pressão sonora e assopram nas memoráveis melodias dos refrões.

“True Love’s Kiss”, em nome do romantismo, alivia a intensidade sônica na suave canção. Apesar de sempre interessados em melodias pop, algumas canções dos suecos trazem climas mais tensos e pouco ensolarados como “Vengeance And Bad Blood”. A superposição de guitarras nervosas e melodias colantes continua em “Bedroom Wall”, “In Denial”, e amansando, pero no mucho, na bela “I Resign”. “Words (Don’t Come Easy)” em ótima inusitada versão para o clássico oitentista de F.R. David: realce na melodia pop (ular) e um peso extra-extra nas guitarras. Tom reflexivo e cinzento para “All About You” e piano e batida marcial para a climática faixa-título “Cease To Be”.
E assim permanece o mundo como o conhecemos: eles nos invejando pelo sol, belas praias, calor tropical e nós cobiçando suas magníficas bandas power pop.

www.thedrowners.com
www.myspace.com/thedrowners

domingo, 23 de março de 2008

"Domino Mornings": GREEN PEPPERS!

O que esperar de um indivíduo que foi guitarrista do Soup Dragons, BMX Bandits e Superstar? E de um álbum que, além de contar com a colaboração de Paul Quinn (ex-Teenage Fanclub, atual Primary 5), Daniel Wylie (ex-Cosmic Rough Riders), Isobel Campbell (ex-Belle and Sebastian), teve quatro faixas gravadas e mixadas por Raymond McGinley (Teenage Fanclub)? Provavelmente a expectativa será alta.

O Green Peppers na verdade é Jim McCulloch e “Domino Mornings” seu segundo disco solo - onde a tradição escocesa de produzir grandes bandas pop continua intacta. Com o auxílio luxuoso de estrelas pop da Escócia, McCulloch valoriza a qualidade autoral das suas canções e ainda mostra que sua competência musical é respeitada por quem entende. Mas aqui o veredicto que realmente importa é o do ouvinte.

Assim, “Shabby Horses” abre os trabalhos em andamento ligeiro, já mostrando o domínio vocal de McCulloch, quando o assunto é canção pop - beneficiado por seu timbre amigável. Melodia ensolarada para o frio inclemente de Glasgow. Falando em sol, o escocês sonha com o bronzeado americano, mas pela batida bossa deveria querer um bronze brazuca, em “American Tan”. O clima folk pop permeia todo o álbum e aparece claro em “Honest Injun” e sua slide guitar. “Steepping On The Cracks” anima o salão mesclando clima sessentista com música americana de raiz. A graciosa “I Will Always Be The Same” traz a praia e calor californiano para aquecer a melodia campeã de McCulloch. Que não economiza nas harmonizações em “Deep South” e relembra em certos momentos o espetacular Boo Radleys. A balada pastoral “It’s Hard To Kill A Bad Thing” volta a atravessar o Atlântico para nos jogar sobre um dourado campo de trigo americano.

Vale lembrar que o hit arrasa-quarteirão de Jim – e uma das melhores canções pop que ouvi em 2007 - “Carry Me Away” continua inédita e sem lançamento previsto. Dá pra imaginar o que vem por aí...

www.greenpeppers.info
www.myspace.com/jimmcculloch

quarta-feira, 19 de março de 2008

"Drum Roll Please": THE SAILS!

Toda vez que leio as listas do melhores discos do ano, feitas pelas principais revistas de música do mundo, fico intrigado. Primeiro com a capacidade dos críticos de elencar basicamente as mesmas bandas; depois com o compromisso implícito em indicar grupos de grandes gravadoras; e ainda, com a falta de visão do que acontece nas camadas mais internas – não inferiores – do mundo pop. São listas míopes e claramente comprometidas com o departamento de marketing de algum selo ou gravadora. Aí alguém diz: é, mas as bandas que aparecem aqui no Power Pop Station, são por demais derivativas para o gosto dos críticos de grandes revistas... e aí eu digo, se Strokes, Franz Ferdinand, Interpol, e outros queridinhos da crítica, não são derivativos, então eu não sei o que essa palavra quer dizer. E, se outros apontam que original e vanguardista é o som do atual do Radiohead, ok, podem ficar com aquela chatice masturbatória e cerebral.

Tudo isso dito para chegar no Sails. Banda de Michael Gagliano, tão desconhecida quanto qualquer outra que a crítica considere “derivativa”. Apesar das publicações Mojo e Q terem se rendido e elogiado o grupo inglês... Este Drum Roll Please é uma espécie de coletânea - traz quatro músicas já lançadas no álbum debute do Sails, algumas do ex-grupo de Gagliano Epic e outras inéditas – e só foi lançado no mercado japonês. A impressão aqui é de canções clássicas, você ouve e duvida que alguém não tenha pensado naquela melodia antes. Porque Gagliano vai no cerne das sonoridades que com o tempo se transformaram em estilo. Mescla o pop sessentista de Beatles e Brian Wilson com o brit pop noventista. Tudo composto, gravado e produzido por ele mesmo, que também tocou todos os instrumentos, com exceção da bateria.

Quando ouvi a faixa de abertura “Best Day”, achei que seria alguma faixa clássica dos anos 80/90 que eu podia ter ouvido alguma vez: Violão, uma camada climática de teclado por baixo, um refrão memorável... “See Myself” vem com um dedilhado luminoso de guitarra e melodia na escola brit pop do LA’s. Contrapondo com a voz robótica que abre “Chocolate” entra os ‘uh-uh-uhs’ e um Gagliano soando como John Lennon disposto a estourar as paradas pop do planeta. O que realmente Michael Gagliano poderia ter feito com o pop perfeito e de refrão monumental “Let’s Get Started” – a crítica só pode ser burra e surda para não ter ouvido essa gema.

Neste ponto é que se tem que ter cuidado, o limiar entre o pastiche e o clássico: “Yesterday And Today” é uma espécie de “God Only Knows” dos ’00. Talvez o próprio título possa se referir a essa contraposição temporal – aquilo que pode ser relevante hoje fazendo referência explícita ao passado. Mas, sinceramente, a orquestração da canção é tão divina, o clima tão onírico com uma melodia tão emocionante, que nada mais importa do que o lugar para onde a música te transporta em menos de dois minutos: o paraíso.

“Peter Shilton” é mais uma candidata a hit eterno, que poderia estar flutuando pelas ondas do rádio desde tempos imemoriais. O refrão grudento e sua harmonia vocal cheia de ‘ah-ah-ahs’, lembra os ‘power pop heroes’ do anos 90 Material Issue. Outra que poderia entrar no panteão de canções da banda de Jim Ellison é a contagiante, energética e pop “Pleasure Bus”. “Liar” vem confirmar a redundância: Michael Gagliano é um mestre do refrão assobiável... “Dogs” retoma a influência clara dos LA’s e reaviva a anos dourados do brit pop. “Drunken Love Song” parece canção de natal de John Lennon que literalmente emenda na versão rocker genial de “Yesterday And Today”, “Yesterday And Today Pt. 2”.

E eu me pergunto: por onde andava Michael Gagliano todo esse tempo? Pérolas pop atrás de pérolas pop, e Drum Roll Please vai se tornando item obrigatório na coleção de qualquer power poper que almeja alcançar os céus em vida. “Sorry” já impressiona na entrada, numa progressão de acordes manjada, mas que faz a alegria dos fãs de música melódica. Segue pop, dá uma espetada nas guitarras distorcidas para voltar macia como uma boa canção pop orquestral sabe fazer. “Beautiful Day” chega mansa, devagar, parecendo soft rock dos anos 70, à la Bread, até o pedal de distorção cantar alto e bater a saudade de “Creep” do Radiohead, quando o Radiohead sabia o que era o valor de uma canção pop. “Best Day”, fecha disco em versão bônus cantada por Sarah Kiely.
É improvável que o mundo um dia conheça Drum Roll Please – até porque só foi lançado no Japão. Mas se a banda dos corações solitários tocar ao menos um punhado de almas ao redor do mundo, esses já se sentirão os próximos eleitos.

www.myspace.com/thesails

domingo, 16 de março de 2008

"Bouldin": WIRETREE!

Em reação às constantes exigências a que somos submetidos rotineiramente, existem aqueles dias em que nós é que exigimos: um tempo desobrigado de nada. Poder advinhar qual o próximo formato que as nuvens lá fora tomarão ou se deixar embalar pelo ruído da chuva encontrando as folhas embaixo da janela. Ter a capacidade de sentir o quão podemos – ou não - ser agradecidos por estarmos aqui. E tudo isso aflora com maior facilidade, flui espontâneo, se você pode colocar Bouldin no CD player. Álbum de estréia do músico americano de Kevin Peroni, aqui sob a alcunha Wiretree.

Peroni compôs, produziu e gravou o disco em casa, tocando, ainda, todos os instrumentos. O clima intimista e emocional percorre todo o disco e nos traz uma mescla de Brendan Benson com Pernice Brothers e uma leve pitada de Elliott Smith – o que é garantia de belíssimas canções. E apesar das referências, o Wiretree já traz impresso a personalidade autoral de Peroni nas peças sonoras e a sua imensa capacidade para cativar os ouvintes.

“Big Coat” abre o disco numa levada folky de violão, vocais acetinados, piano pontuando e a melodia ao mesmo tempo adesiva reconfortante. Peroni quer jogo ganho já na primeira faixa. “Travelin’ On” recebe o ouvinte quase entregue e aplica-lhe uma trama de climas, com violões adornados por teclados à la Grandaddy e mais uma macia canção. A distorção não abafa, realça, a perfeição pop e o refrão cativante de “Secret Law”. A semi-acústica “Feel Me” mantém a docilidade do Wiretree e “Don’t Need It” mete um órgão esperto até encontrar o refrão ganchudo, na linha dos melhores já produzidos pelo Posies.

O álbum vai se desenvolvendo e nós vamos sentindo que a oportunidade de descobrir artistas relativamente desconhecidos como Kevin Peroni, muitas vezes pode ser uma benção. E isso “Notion” garante com autoridade, na desenvoltura dos violões, teclados e pianos. A reflexiva, de harmonias vocais angelicais, “Dragon Cigarette”, já prepara o terreno para o arrebate melódico de “Whirl” – e que te transporta por aquelas sensações descritas lá em cima. Encerra o álbum “Summercity”, disposta fazer Bouldin reverberar, por dias, no seu coração.

http://www.wiretreemusic.com/
www.myspace.com/wiretree

domingo, 9 de março de 2008

"Turning Circles": DROPKICK!

Ainda não foi comprovado, mas desconfia-se que a Companhia de Água da Escócia nunca usou cloro na distribuição regular para residências. No lugar, cogita-se, usam um preparado que desenvolve a capacidade das pessoas em criar as canções com mais alto teor pop do planeta. Não preciso aqui enumerar a quantidade de grupos mestres no artesanato pop que nasceram naquela pequena faixa de terra fria. Mas se alguém precisar de um nome, acho que posso dizer apenas um e o maior de todos: Teenage Fanclub. Que claro, soa como a grande, porém não única, influência do Dropkick.

Formada em Edimburgo, a banda permaneceu fora do alcance de grande parte dos power popers ao redor do mundo até 2007, situação resolvida eficientemente pelo MySpace. Difícil acreditar que este Turning Circles já seja o quinto álbum do quarteto liderado pelos irmãos Andrew Taylor (vocais, guitarra, bateria) e Alastair Taylor (vocais e guitarra). Que querendo deixar tudo em família, chamaram para o baixo o primo Stuart Low e para a outra guitarra um não-aparentado, mas com mesmo sobrenome, Roy W. Taylor. Os Taylor têm ainda seu próprio selo, o Taylored Records, criado exclusivamente para lançar os discos do Dropkick, que tem todas suas gravações feitas em casa.

“Only For Yourself” inicia o disco já mostrando o cuidado nas harmonias vocais, clima suave, sem provocações e que realmente alguma coisa na água escocesa há... até a entrada dos riffs de “Give It Back” colidindo com as melodias que só querem saber de correr atrás da perfeição pop. Pouco mais de um minuto e meio precisa “Can’t Help It” para arrebatar e afirmar a força de harmonias vocais em mais uma melodia fora de série. Na quarta faixa, começam a aparecer as influências americanas do Dropkick e a melancolia do alt. country do Wilco estampada em “Avenues”. Mas logo voltam pra casa na canção que poderia fácil fazer parte do repertório de Norman Blake e seu Teenage Fanclub: doses maciças de melodicismo viciante, onde nossas células não pedirão mais água e sim mais alguns dos acordes de “15th December”.

O disco, de 14 faixas, segue perfazendo os caminhos ora do (power) pop – “One Thing”, “Last To Know” ora do alt. Country - “Rewind”, “To Get To You”. A beleza melódica, na tristeza acústica e plácida de “Won’t Be There”, emociona os sentidos como só o velho Big Star costumava fazer. A mescla perfeita do power-pop-alt.-country vem nos banjos espertos e refrão colante de “Lobster”. Falando em refrão, mais um campeão dos escoceses em “Wouldn’t Hurt To Wait”. “Black Book” recheia de harmonizações vocais a pegada rocker da guitarra antes de “Say Nothing” fechar o disco embalando corações solitários – e provando que às vezes uma bela canção pop é tudo que você precisa para curar as recorrentes dores mundanas.

www.dropkickmusic.co.uk
www.myspace.com/dropkickmusic
www.tayloredrecords.co.uk

terça-feira, 4 de março de 2008

"Moments In Time": JEFF TRACY!

Impressiona ver como alguns acontecimentos ecoam, se espalham e modificam a história como uma onda de choque invisível. Transformam a cultura, os hábitos, até a maneira de interpretar o mundo, mas, principalmente, mudam as vidas das pessoas. Quando os Beatles capitanearam a invasão britânica aos Estados Unidos da América, no comando de ataque da tropa de novas bandas pop, o dia D da vitória seria a apresentação no programa de TV de Ed Sullivan. Com uma audiência recorde assistindo aos quatro garotos de Liverpool, a América era dominada pela nova onda de guitarras e melodias pop. Muitos dos artistas americanos, que já passaram e passarão pelas páginas de Power Pop Station, foram atingidos em cheio pela comoção gerada por aquela apresentação. E, assim como Jeff Tracy, tiveram sua paixão musical despertada pelo tal histórico acontecimento.

Quem sabe muito disso não tenha a ver com o título do álbum de estréia solo de Tracy, Moments In Time? O californiano, que hoje mora em Austin, Texas, é membro de uma das mais importantes bandas power pop do Texas, o Blue Cartoon. E mesmo dando vazão às suas composições na discografia da banda, já que é um dos principais compositores, Tracy traz nove canções inéditas em seu debute, deixando claro sua paixão pelos três Bs sagrados do pop sessentista: Beatles, Byrds e Beach Boys.

A faixa-título abre o álbum com a maciez do soft rock setentista na doce voz de Tracy, em caprichados trabalhos de violão e guitarra e nas melodia luminosas. “New Blue You” apresenta a mesma proficiência pop do compositor atestada no Blue Cartoon, com direito a corinhos vindos dos sixties, no final. “Target” tenta dar um toque de psicodelia no efeito vocal, mas a sensação é de se cruzar o interior do Estados Unidos ao som de uma tradicional canção de ‘americana’. Aí também descobrimos as influências de Neil Young, Tom Petty e folk music.“When You Said Goodbye” explora paisagens mais românticas, batidinha de balada, mas ainda sim dá suas pontadas rock, preparando o clima para as guitarras eminentemente power e melodias abençoadamente pop de “Wonder Why”.

“Kiss Me With Your Heart” empolga nas guitarras brilhantes e levada pop na linha ‘fins dos anos setenta’. O repertório desce harmonioso junto com a constatação de que Tracy consegue atingir o nível dos trabalhos da sua banda principal – não à toa, o disco foi masterizado por outro Blue Cartoon, Barry Simon. Que aliás, por certo, adoraria ter no setlist do grupo a beleza melódica e cativante de “Holly (Of Hollywod Blvd.) e “Out Of The Blue”. Acento folk e uma bela steel guitar pontuando em“Sundown In Smallville” encerram Moments In Time. Que provavelmente só existe - e chegou aos nossos ouvidos - porque um dia os Beatles tocaram no Ed Sullivan Show.

www.myspace.com/jefftracymusic