quarta-feira, 30 de abril de 2008

"Underworld": PICKPOCKETS!

Há uma coisa que as bandas emo precisam saber: o ponto de encontro entre o punk e o power pop definitivamente não passa por elas. O cruzamento original se deu no fim dos anos 70 início dos 80, por grupos que não queriam perder a pegada energética do punk rock mas, precisavam escoar, ao mesmo tempo, sua capacidade pop de preparar melodias. E é nesse espírito que a banda espanhola de León, Pickpockets, produz seus torpedos sônicos.

Underworld é uma autoprodução de Jorge Coldan (guitarra e voz), Carlos Puente (baixo e backings) e Jacob González (bateria) e não tem lançamento oficial. Os Pickpockets procuram um selo que se interesse na sua simplicidade direta e arrebatadora: treze canções em 25 minutos de duração. Que segundo eles “é pop demais para os punks e punk demais para os pop”. As maiores referências declaradas são Stiv Bators (vocalista dos Dead Boys) e Only Ones, mas os ingredientes principais carregam sempre, generosamente, na adrenalina e energia.

Os ‘batedores de carteira’ abrem com autoreferente “Pickpockets”, de cara um punk rock sujo de trinta e poucos segundos. “Payin’ My Rent Every Day”, “Never See Me Again” e “I’m In Love With You” escancaram na pressão das guitarras e batida vigorosa sem perder de vista o caráter pop das músicas. “Need You So” desacelera, pende mais para o garage rock sessentista e acabam soando como os contemporâneos do Resonars. “Burnin’ All The Way” tem cheiro de hit na melodia e harmonias vocais envolventes, embaladas pela voz carismática de Coldan.

“Hail To Me” lembra a fase mais antiga dos conterrâneos do Feedbacks, ou seja, pegada punk desaguando em um power pop sem firulas. E assim vai descendo em cascata o punk-power-pop do Pickpockets de alta voltagem, feito para levantar defunto em fim de festa.
“Dead Letter # 21” e “And Beat Me” jogam luz com precisão no ponto de contato do tom provocador do punk com o conciliador do (power) pop. A balada “Now I Can Tell” fecha o Underworld – que tomara seja em breve lançado e sirva de parâmetro para que os emos parem, de uma vez por todas, de se apropriar do termo “power pop”.

www.myspace.com/pickpockets

domingo, 27 de abril de 2008

"Pequenas Coisas Me Fazem Feliz": RADIOTAPE!

Vamos separar as coisas: foi-se o tempo em que boas melodias eram diretamente associadas à ingenuidade juvenil. Há muito, os bailinhos sessentistas ficaram no hall das lembranças e, a geração flower power, órfã de uma revolução que nunca aconteceu. A juventude que hoje valoriza a melodia – e posta-se em contraposição à música eletrônica do novo milênio – conhece as regras do jogo e sabe que, o que lhes cabe, é a busca da diversão e bem-estar. Sem maiores pretensões de dominação mundial.

Assim funciona o Radiotape, como um fluxo despreocupado de canções pop, espontâneas pela própria despretensão – onde o título, Pequenas Coisas Me Fazem Feliz, pode traduzir parte disso. O power trio de Belo Horizonte Adílson Badaró (guitarra e voz), Lucas Sallum (baixo) e José Caputo (bateria), chega ao primeiro álbum cheio de disposição e confiança na própria pegada. Se muito das influências dessa garotada fazia barulho quando eles nem eram nascidos, a habilidade em modernizá-las lança uma brisa de frescor sobre as 11 canções do disco.

Que abre no andamento convidativo de “Pra Sempre Em Mim”, seguindo num crescendo envolvente até explodir na tormenta de guitarras do refrão. A batida de teclado em “Tenho A Solução”, que sugere o início de um pop orquestral, se transforma em corrente contínua de guitarras desaguando em ‘uh-uh-uhs’ nos backings pós-refrão. Riff ganchudo seguido pelo baixo sinuoso de Sallum, vocal carismático de Badaró e melodia insinuante, prenunciam um dos hits do disco: “Nova Chance”. A trama de guitarras invocadas dispara até esbarrar no refrão colante de “Não Quero Ser Igual A Você” – e deixar a impressão que o Radiotape já domina os meandros do guitar pop.

Porque sabe eletrificar o som do mesmo modo que sabe adoçar os vocais; porque aplica na distorção a força inversamente proporcional à que aplica nas melodias pop. O que provado fica na envolvente, climática e bela “Entregue-se Aos Seus Sonhos”. Outro candidato a hit, “Olhe Pra Frente”, e sua progressão de acordes viciantes, sublinha a auto-suficiência emocional – momentânea - dos rapazes: “pode partir, pois não preciso de você”. Com a companhia de um teclado pontuando, a pressão sonora em “Apostar Em Você” arrefece e a melodia doce mostra que os relacionamentos frustrados continuam inspirando gerações.

“Tarde Demais” turbina o clima com pegada punk e rebeldia controlada, involuntariamente, pelo DNA pop do grupo – sabe o Foo Fighters? Guitarra limpa, riff em certo tom melancólico e o baixo pulsante de “Não Me Leve A Mal” remetem sem escalas ao Strokes, até o outro candidato a hit “Te Alcançar” – literalmente - e te dominar os movimentos, com a batida contagiante e a melodia pop do refrão comandando as melhores sensações. Encerra o disco “Voltar A Brilhar” e suas guitarras de alta octanagem, treinadas especialmente para deixar o pop poderoso do Radiotape reverberando e reverberando, sem dó, no teu córtex cerebral.

www.myspace.com/radiotape

quarta-feira, 23 de abril de 2008

"Feel The Sun": THE SQUIRES OF THE SUBTERRAIN!

A contradição em si só já se expressa no nome e título, mas, de alguma forma, acabam as contraposições se complementando para fazer sentido. Dos porões de sua base - o ‘subterrain’ do nome – Chris Earl – o ‘squire’ - convida a sentir o sol – o ‘feel the sun’ do título – na superfície dourada das melodias e orquestrações. Em seu novo álbum, Earl volta como o criador habitual de viagens pop psicodélicas, compostas, tocadas, gravadas e produzidas por ele mesmo – dentro da sua toca em Rochester, Nova Yorque.
Na era onde as distâncias físicas não mais existem, me pergunto como funcionam certos mecanismos de gostos universais ou consciências coletivas, onde um indivíduo a mais de 8000 km produz sonoridades que são exatamente o que você quer ouvir. São acordes, melodias, timbragens saídos dos mais profundos desejos, e realizados por um desconhecido que vive a muitos mundos da nossa realidade. Assim, Feel The Sun é quase como que... feito sob encomenda.

E é a própria faixa título que abre o disco: um opus pop psicodélico de quase seis minutos que explora paisagens melódicas, que podem ir de Beatles fase lisérgica até os contemporâneos Olivia Tremor Control/Sunshine Fix. “Alexander Mannequin” é a I am The Walrus do ano 2000, com clara referência à clássica faixa dos fab four. O pop orquestral perfeito de “On The Laws” envolve na melodia colante e traz a herança da genialidade de Brian Wilson à tona. O timbre suave na voz dobrada de Earl só realça a máxima pureza do pop sessentista “Sweater”. “Uphulstery” chega meio fantasmagórica, mas não assusta nem criança: a batida de piano desce harmoniosa e agradável.

“Concerning Helen White” emerge dos subterrâneos do pop para chegar ao topo paradisíaco da canção perfeita. Melodia de sonho que embala no refrão e flui por cenários que só encontramos quando de olhos fechados. “Evil Head” também traz chorus com carisma de campeão e “Her Story” homenageia a beleza clássica e imortal de Pet Sounds dos Beach Boys. “Terrified” eletrifica e acelera sem perder a doçura. “Mrs. Jones”, poderia se chamar Mrs. McCartney, em canção voz-piano que emula Sir Paul. “Hightop Sneaker” deixa as sutilezas melódicas de lado e parte pro rock envelhecido em tonéis de blues.

A balada “Bed Of Roses” vai guiada pelo piano e mais uma vez segue a delicadeza elegante do pop orquestral. E, para sintetizar impressões, sentimentos e sensações, “Yellow Summer Sun” poderia ser clássico eterno dos Beatles ou saído de um sonho impossível. Poderia ter sido feito por você para... você mesmo. Mas é só uma das canções mais singelas e belas do ano - tão brilhante e dourada como o imenso sol de verão.

www.squiresofthesubterrain.com
www.myspace.com/thesquiresofthesubterrain

domingo, 20 de abril de 2008

"Cerro Gordo": RICH McCULLEY!

“Eu gosto de gravar rock de raiz, country, alt. country, blues, rock e estilos acústicos. Nada de metal ou rap.” – diz o cantor-compositor, engenheiro de som e produtor americano Rich McCulley, na apresentação de seu estúdio de gravação Red Hill Recording. O que já diz muito a respeito das intenções de seu quarto álbum Cerro Gordo (nome da rua onde fica o estúdio, em Los Angeles). Mas não diz tudo porque o fio condutor que caracteriza o som do álbum - e dá o tom de ‘agradabilidade’ da obra – não foi mencionado: o pop.

Aliás, a voz doce e acetinada de McCulley é sem dúvida uma das mais ‘amigáveis’ dos últimos tempos: não importa o quão triste é a história que o artista conta: inevitavelmente, acaba soando como uma feliz carícia aos ouvidos. Em Cerro Gordo, McCulley produziu, gravou e mixou; tocou todos os instrumentos – com exceção da bateria, a cargo de diversos amigos, como Brian Young do Fountains Of Wayne – e, compôs todas a faixas, em parceria com outros músicos.

A batida empolgante de “Forget It All Again” abre o disco, já deixando patente o vocal macio de Rich e sua capacidade de tramar delicados traçados pop. Tema e melodia clássicos aptos a explorar as ondas do rádio: “Take Me Down”. Exaltação às belezas e boas sensações da Califórnia dourada é embalada pela doçura melódica de “Forever California”. “Better Days” é balada emoldurada por pianos e teclados na melhor tradição americana. No dueto com Amy Farris, “I Never Really Loves You”, o refrão ganchudo é o ponto alto.

“Sad Sound” de triste não tem nada, prepara uma cama de teclados ao fundo, andamento contagiante e pegada pop matadora. A reflexiva – e cheia de violinos pontuando - “By The Way” traz o mais bonito refrão de Cerro Gordo. “Hearts On Fire” encerra o disco provando que para aquecer corações abandonados nada melhor que o bom e velho pop, aqui especial cortesia de Rich McCulley.

http://www.richmcculley.com/
www.myspace.com/richmcculley

quarta-feira, 16 de abril de 2008

"Los Autonautas": LOS AUTONAUTAS!

A mesma lógica que separa as audiências no Brasil dos artistas latino-americanos, separa dos espanhóis: a língua. Dificilmente bandas que cantam em castelhano conseguem espaço no mercado brasileiro. Grupos impressionantes acabam passando completamente desapercebidos em terra brasilis – mesmo se vêm da vizinha Argentina.
A Espanha tem uma tradição rock/pop fortíssima – muito maior que a nossa, por exemplo – e, por conseqüência, alguns do melhores grupos power pop do planeta (sem esquecer que os power poppers mais alucinados do mundo estão lá...).

De Madri, César, Clara Guitar, Pazos e Angel chegam como Los Autonautas e nos apresentam seu álbum debute. Onde fica claro que o pop espanhol já consolidou uma cultura melódica bastante consistente. Conhecem os meandros da canção pop perfeita sem fazer força: o nível alcançado já é o da espontaneidade, o da fluidez. A pretensão dos Autonautas não passa dos três minutos de suas canções; não vai além da intenção de colocar um sorriso no seu rosto.

Talhado para as ondas do rádio – se o mundo fosse um lugar menos hostil - o disco abre com a ultrapop “Nord”, com a voz amigável de César passeando pela melodia colante em pouco mais de dois minutos que ficarão rodando na sua cabeça por horas. Acentuando a pegada power, numa direção punk, mas com timbragens pop, “Luces Y Acción” animam a festa e avisam “não vão poder nos deter!”. “Ojos Rojos” e suas guitarras cintilantes emolduradas por harmonias vocais angelicais, dominam o jogo com delicadeza e maciez.

Acelera o ritmo de guitarras e bateria em “El Baile”, e a dinâmica rocker ensaia uma pontada mais contundente sem perder a ternura. Já a agressividade do título contrasta com a envolvente melodia de “Eres Una Desgraciada”. A essa altura muito se pode sugerir como influências dos Autonautas, mas sobressai no final uma convergência de estilos, reprocessados e transformados sempre em um formato inequivocamente pop. Seguem com “Blanco Y Negro” e “Giselle” conduzindo linhas básicas do rock temperadas com as sempre bem sacadas soluções melódicas.

Na balada “Piscinas Cubiertas”, a referência à menina que “ia aos shows com suas amigas do metal” remete à clássica canção do Teenage Fanclub “Metal Baby”. Provavelmente o maior hit do disco “El Increíble Hombre Menguante”, traz levada contagiante, coros em uníssono, sobreposição de vozes, refrão memorável e letra espertíssima: “Agora sou tão pequeno e não sei no que tardarei em desaparecer/e ser um elétron perdido em outra dimensão/sou o Homem Minguante e assumo com resignação/o grande e o pequeno, extremos do mesmo que são”. E deixam a sua própria apresentação para a última e mais enfezada do disco “Los Autonautas”, onde dizem com autoridade “os Autonautas sabem bem o que tem que fazer”. E sabem mesmo.

www.myspace.com/losautonautas

domingo, 13 de abril de 2008

"Kissing Jocelyn": THE NICE OUTFIT!

As margens do power pop sempre foram algo difícil de se delinear. Principalmente por conta dos estilos com que faz fronteira, e com os quais, não raro, se funde, se mescla e acaba por criar um som característico. Pontos de contato que na sua sinergia geram o power pop: a tradição do rock, a docilidade do pop sessentista e a energia do punk rock. E é exatamente esse produto final que define o Nice Outfit.

A banda de Milwaukee, liderada por Terry Hackbarth e Paul James Wall – também membros do veterano grupo Trolley - vem com seu novo EP de quatro canções, Kissing Jocelyn. Que consegue sintetizar em menos de dez minutos o conceito de power pop clássico. A começar pela faixa-título, com guitarras luminosas e diretas, melodia ganchuda e irradiação constante de adrenalina. “This Time Next Year” já impressiona na entrada com seu riff envolvente, emendando na pressão de uma massa sonora que deságua num refrão adesivo.

Mais distorção, energia fluindo e chorus de configuração pop: “On Minute Forty-Five”. Talvez o cruzamento de influências que melhor possa definir o som do Nice Outfit seja entre Kinks e Buzzcocks – o que fica claro na última faixa “He Don’t Want You Know”.
E o beijo de Jocelyn deixou um gostinho de quero mais...

www.myspace.com/niceoutfit

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Entrevista Exclusiva THE DROWNERS: "Acesso à cultura pop, bons instrumentos e tradição musical, faz com que grandes bandas power pop venham da Suécia"


Estilisticamente eles se autoposicionam “onde o pop encontra o rock”. Vêm da tão fria quanto impronunciável Skelleftehamn, no norte da Suécia. Editaram cinco álbuns em 15 anos de carreira, o suficiente para o quinteto ser uma “quase instituição sueca do power pop”. Melodias pop em rota de colisão com ferozes guitarras e distorção, talvez definam, em linhas gerais, o som do Drowners.

Power Pop Station conversou com o guitarrista Leif Rehstrom, que falou sobre as influências da banda, as condições extremas do clima na terra natal, os novos rumos do mercado musical e relacionou a qualidade do power pop sueco às facilidades culturais e econômicas no seu país – fato nunca antes mencionado por um artista do estilo, mas de clara relevância e coerência.

Power Pop Station: Me parece que o nome ‘The Drowners’ foi tirado da banda de brit pop Suede. Não acho que eles tenham influenciado o som de vocês...

Leif Rehnstrom: Nós adoramos o Suede, mas eles nunca foram uma grande influência para nós. Seus três primeiros singles são incríveis!

PPS: Seu primeiro álbum, Destroyer de 1996, surpreendentemente, foi lançado no Brasil...

Leif: Sim, um pouco surpreendente. Nossa gravadora na época – A West Side Fabrication – licenciou o disco para a Velas.

PPS: Ali já se podia ouvir a herança do Bandwagonesque do Teenage Fanclub – melodias adesivas turbinadas por potente distorção. Mas também ficava clara a tradição do guitar pop sueco...

Leif: Sim, Teenage Fanclub sempre foram grandes heróis. Nós também fomos influenciados por tudo o que estava acontecendo à nossa volta na Suécia, com bandas como Popsicle, Wannadies, Eggstone, This Perfect Day e por aí vai. Mas, provavelmente, a maior influência veio da cena power pop americana, com bandas como The Posies, Matthew Sweet, Juliana Hatfield, Velvet Crush, Weezer, Lemonheads.

PPS: Falando a respeito, a que você atribui o fato de tantas grandes bandas de power pop virem da Suécia?

Leif: Nós podemos comprar bons instrumentos, temos acesso a toda a cultura pop americana e britânica, temos bom inglês, forte tradição musical, facilidade em encontrar espaços para ensaio e por aí vai.

PPS: Uma vez li uma pesquisa feita com jovens suecos onde sua maior reivindicação era “mais sol”. Como você acha que isso reflete no tipo de música jovem produzida no país?

Leif: Bem, o clima aqui é bastante extremo. Muito frio e escuro no inverno e muito ensolarado e quente no verão. Na época do Natal, nós só temos duas ou três horas de luz solar. No meio do verão o sol nunca se põe. Estou certo de que isso no afeta de alguma maneira...

PPS: Há pouco, vocês lançaram seu quinto álbum, Cease To Be. Qual a diferença básica para os outros álbuns do Drowners?

Leif: Na realidade não há grandes diferenças. Agora Magnus (Vikstrom, vocalista) compõe a maioria das canções - antes era eu – mas continuamos soando da mesma maneira. Cease To Be parece mais como um bom mix de todos os nossos discos anteriores.
Atualmente gravamos tudo nós mesmos, então, na verdade, nunca foi tão divertido.

PPS: Em termos comerciais Is There Something On Your Mind (álbum de 2000), foi seu maior sucesso?

Leif: Nos EUA, sim. Na Suécia foi World Record Player (disco de 1997).

PPS: Porque você acha que o power pop, como gênero, não consegue alcançar o mainstream?

Leif: É difícil definir o que é power pop exatamente. Para alguns é formado apenas por bandas setentistas como The Records, Big Star, Raspberries e por aí vai. Para outros é o revival noventista com bandas como Posies, Lemonheads e outras mais. Para nós é a combinação de power e pop, então nessa linha nós vemos bandas como Foo Fighters, Weezer, White Stripes, Bravery, Panic At The Disco, The Killers e muitas outras que levam o power pop para as paradas.

PPS: Quais novas bandas suecas vocês recomendam?

Leif: Peter, Bjorn And John, Lykke Li, Niccokick, Laakso

PPS: E quais bandas vocês estão ouvindo atualmente?

Leif: Band Of Horses, Feist, The National, The Format, The Hot Toddies

PPS: Como vocês enxergam o mercado musical na era do mp3?

Leif: Há um longo caminho até que as bandas possam ganhar dinheiro de verdade, novamente, vendendo sua música. As bandas precisarão excursionar, o que não é uma boa notícia para um país pequeno como a Suécia. Contudo não somos contra isso. É divertido descobrir nova música e isso pôde refrescar as coisas, sair do formato do álbum para algo novo.

PPS: Há uma tour para Cease To Be?

Leif: Estamos tocando pela Suécia. Poderemos fazer uma turnê no Japão nessa primavera.

PPS: Onde estão os maiores públicos do Drowners? E qual o tamanho da banda na Suécia?

Leif: Nossas maiores audiências estão no Japão e nos EUA. A Suécia é um país pequeno para nós. Ficamos grandes com World Record Player e tocamos em lugares muito maiores, mas em seguida nos mudamos por um tempo para os EUA e ficamos cinco anos sem lançar nada na Suécia, então, foi como começar de novo.

PPS: Vocês assistiram à recente partida Brasil X Suécia?

Leif: Sim, assistimos. Muito mal, nós perdemos, de novo...

PPS: Uma mensagem para seus fãs brasileiros:

Leif: Consigam o novo álbum na CDBaby.com e avisem seus amigos. Adoraríamos visitar o Brasil para fazer alguns shows e tirar férias! E não percam o tributo ao Posies Beautiful Escape: The Songs of The Posies Revisited que está saindo nessa primavera. Nós temos uma versão incrível de “I May Hate You Sometimes” no álbum.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

"Addicted To You": SECRET BEAUTY CREAM!

A popularização da Internet nos permitiu perceber a rápida expansão do power pop por lugares antes considerados de pouca tradição. Avalanches de boas bandas chegam todos os dias de todos os pontos do planeta, mas ainda permanece na Califórnia o título de maior celeiro do power pop mundial. E é de Pasadena de onde vem a Secret Beauty Cream, que na verdade se apresenta a sete anos sob o nome ‘Bob Owen & Double Secret Beauty Cream. Addicted To You é seu novo álbum, em produção própria. Todas as composições são assinadas pelo vocalista e guitarrista Bob Owen, que conta ainda com Bjorn Englen no baixo e David Jordan na bateria.

Sem o suporte de uma grande produção, mas com um punhado de boas composições, o Secret Beauty Cream, parece ter reunido músicas de diferentes sessões de gravação e, provavelmente, épocas diversas, já que álbum conta 21 canções – e desníveis claros na qualidade das gravações. Mas é o senso pop de Owen que nos interessa, com seu sabor sessentista e algum toque oitentista.

“Understand You At All” é o cartão-de-visitas do disco e sintetiza a intenção sonora do grupo: melodias na melhor tradição Beatles e levada calcada na força instrumental das bandas de rock alternativo da década passada. A faixa título realça o vocal dobrado e agradável de Owen, nos remete às produções sessentistas e seu carisma pop. “Saturday” ‘moderniza’ nas sonoridades, imprime consistência rocker sem perder a leveza do refrão fácil e auto-adesivo. “Attracted” também capricha no refrão e remete aos clássicos grupos power pop do fim dos 70 início dos 80.

“Shake For You”, “Attitude” e “Sunshine” parecem saídas de uma sessão de gravações perdidas e desenterradas dos anos 60, seja pelas características básicas da canção seja pela qualidade caseira da gravação. A semi-balada “Never Change” tem pinta de ‘clássico desconhecido’ e “As A Friend” poderia figurar em paradas mainstream de ‘modern rock’. “She’s In Love” é singela canção-pop, com riff e refrão colantes. A guitarra brilhante adorna a melodia terna em “Serious” e “Say Yeah” segue a boa tradição das bandas low-fi de ‘sujar’ cristalinas pop songs.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

"Fifth": JUNEBUG!

É de se admirar – e às vezes invejar – quando um artista ou músico consegue sobreviver da sua arte do seu trabalho, fruto do reconhecimento popular. Mas de um tempo pra cá, passei a admirar muito mais aqueles que pouco ganham, ou não ganham, em termos de dinheiro e assim mesmo, perseveram. Continuam fiéis à arte em que acreditam e, se não chega o reconhecimento geral, paciência. E é assim, com sinceridade e pureza de sentimentos, que nos chegam as canções mais tocantes do planeta, as mais empolgantes e que, geralmente, não rendem um tostão aos seus autores. Não sei o quanto os britânicos de Abergele, Junebug, recebem em retribuição às suas músicas, mas garanto que não é por isso que eles estão nisso.

Os irmãos Latham – Ralph, na guitarra e vocais e Guy, no baixo e teclados – mais o baterista Warren Gilbert, seguem a tradição de titular os álbuns de acordo com a ordem de lançamento: este é o quinto, logo, Fifth. Que traz a doçura melódica em espetadas elétricas, como sempre. A despeito de alguns críticos, que ligam o som do Junebug a um cruzamento de Ramones com Beach Boys, acho muito mais próximo da realidade uma mescla – talvez a mescla perfeita – de Bronco Bullfrog com Teenage Fanclub.

Para a abrir a coleção de 14 faixas de Fifth, escolheram a cadenciada e quebrada “Shake Your Head”, sugerindo um pequena trip psicodélica nas intervenções do teclado. O tom melancólico de “The Master Only Seeks To Gain” não tira da canção a candidatura a refrão mais bonito do ano. A batida da intro de “Nothing To Do,” parece homenagear aos Ramones, e a corrente vinda daí eletrifica toda a música, que por mais nervosinha que seja, não consegue tirar a suavidade da voz de Ralph. Fãs de Teenage Fanclub vão se arrepiar com a melodias gentis, os timbres vocais e a maciez de “Voice In The Sky”, “I.D.M.T.” e “Stop Complaining”.

Por vezes o teclado de Guy soa quase como uma flauta doce, como na acetinada “The Best Of Me”. Ou faz a cama com sons de órgão vintage para refrões pop perfeitos como o de “No Solution”. “The Broken Line” e “Man On The Move” americanizam o som e animam a festa com seu country pop. Mantendo o clima “up”, “Falling For You” traz refrão pra todo mundo cantar junto. E aqui a saudade do Bronco Bullfrog bate forte: guitarras assanhadas, melodia empolgante e mais um refrão candidato e melhor do ano em “A Very Bad Thing”.

Canção atrás de canção e chega aquele sentimento de que mais gente precisaria ouvi-las... mais gente teria direito a fazer seu dia melhor, nem que seja por um instante. Ou pelo menos enquanto o Junebug ocupar uns minutos da sua atenção e parecer brilhar tão alto quanto o sol – como, por exemplo, em “The Light Of Love”. Em “The Last To Know”, que encerra o disco, você vai se perguntar como não conheceu antes essa banda... e ficar com a certeza de que nada mais importa ao Junebug, se não emocionar pela sua arte.

www.junebug.co.uk
www.myspace.com/junebugtheband