Parem as rotativas! Desliguem as máquinas! Deponham as armas! Deixem-se ser colhidos, absorvidos, dominados, abduzidos. Não façam força, não resistam, deixem estar. Algo irresistível te chama, clama por você, e, sem avisar, vai se instalar no seu cérebro, no seu coração. Flutue nas ondas sonoras, elas vão te levar ao ápice, ao cume do bem-estar. Te entregarão, em êxtase, aos domínios de guitarras mastodônticas e melodias grandiosas. Você está nas mãos do quarteto americano de Phoenix, Crash Street Kids!
Aqui, em seu segundo álbum Chemical Dogs, imerso em sonoridades setentistas - do glam rock ao power pop clássico – e canções que soam como hinos da era de ouro do rock.
E, o mais surpreendente, é que o Crash Street Kids não deveria estar nestas páginas: visual glam – beirando o Guns N’ Roses; fãs que esperam na porta do avião e se espremem em concorridas tardes de autógrafos; prêmios de ‘artista do ano’ (Hollywood Fame Awards) e ‘melhor banda de rock’ (Phoenix New Times); Alice Cooper e Kiss como influências declaradas e nome tirado de uma música do Mott The Hoople... mas, quando os primeiros acordes do álbum rompem o silêncio, a energia flui e a força sonora, estranhamente em vez de intimidar, emociona. Como se pudéssemos liberar sentimentos reprimidos, seja pelas etiquetas sociais, seja pelas secretas frustrações.
Ryan McKay (vocal e guitarras), Ricky Serrano (guitarras), Ryan “Deuce” Gregory (baixo) e AD Adams (bateria) com sua pinta de rock stars, parecem artistas inalcançáveis, e aí, mais uma vez, surpreendem: são extremamente amigáveis e divertidos (quando ‘reclamei’ que o relações públicas deles não havia me respondido a respeito da cópia promocional do novo disco Transatlantic Suicide, AD me disse: “ele perdeu seu endereço... como punição vamos mandar que uma de nossas cheerleaders lhe dê umas chibatadas com um cabo de guitarra molhado!”).
Um riff cru abre Chemical Dogs e, sua faixa-título, indica que eles realmente poderiam soar como o Kiss – se o Kiss fosse mais ameaçador e ainda quisesse mostrar serviço - rock de arena para ser acompanhado por multidões. Assim como o hino contagiante “Space Time Rock Bomb”, tão contunde quanto melódico, refrão clássico feito para ecoar por meses na caixola - neste ponto eles se aproximam mais dos power pop heroes Raspberries. “Glassjaw” valvula a pegada num rock cru e sincero - “I don’t believe in rock stars/I don’t believe they’re true”. A batida ao piano com arranjos orquestrais de “Mandy And The Leapers” revela a sensível versatilidade de McKay como compositor, em bela balada na linha Jellyfish.
Se você procurava um disco para fazer seu air guitar sem concessões, acabou de achar. Se esperava que ainda era possível ouvir uma usina de força sônica com alta carga emocional, Chemical Dogs é pra você. E “You’ll Be Getting Off Here” prova isso: outro hino que começa na espreita e desce como avalanche na melodia do refrão - ao mesmo tempo grandioso, pop, colante - até explodir em guitarras afiadas sobrepostas por ‘uh-uh-uhs’ e ‘la-la-las’. O glam rock começa rasgando em “Motor City Nazz”, mas reverte em power pop de arena, à la Cheap Trick, no chorus ganchudo.
“Mr. Starlight” segue acústica a transforma-se em uma balada orquestral só para contrastar com o bólido de competição sendo seguro, seguro, até ser solto no perfeito refrão de duas passagens de “It’s A Killer”. Como uma trilha de filme mudo dos anos 20, tocada em um vinil de 78 rotações, a divertida “Sweet Sexation” serve quase como prelúdio anacrônico para o punk rock ‘77 – essa cantada pelo baixista Deuce – “Penthouse”. A balada pop que vira épica, “Ilusion”, encerra o disco e provoca um suspiro para a retomada do fôlego: o dedo já está novamente acionando o play...
Aqui, em seu segundo álbum Chemical Dogs, imerso em sonoridades setentistas - do glam rock ao power pop clássico – e canções que soam como hinos da era de ouro do rock.
E, o mais surpreendente, é que o Crash Street Kids não deveria estar nestas páginas: visual glam – beirando o Guns N’ Roses; fãs que esperam na porta do avião e se espremem em concorridas tardes de autógrafos; prêmios de ‘artista do ano’ (Hollywood Fame Awards) e ‘melhor banda de rock’ (Phoenix New Times); Alice Cooper e Kiss como influências declaradas e nome tirado de uma música do Mott The Hoople... mas, quando os primeiros acordes do álbum rompem o silêncio, a energia flui e a força sonora, estranhamente em vez de intimidar, emociona. Como se pudéssemos liberar sentimentos reprimidos, seja pelas etiquetas sociais, seja pelas secretas frustrações.
Ryan McKay (vocal e guitarras), Ricky Serrano (guitarras), Ryan “Deuce” Gregory (baixo) e AD Adams (bateria) com sua pinta de rock stars, parecem artistas inalcançáveis, e aí, mais uma vez, surpreendem: são extremamente amigáveis e divertidos (quando ‘reclamei’ que o relações públicas deles não havia me respondido a respeito da cópia promocional do novo disco Transatlantic Suicide, AD me disse: “ele perdeu seu endereço... como punição vamos mandar que uma de nossas cheerleaders lhe dê umas chibatadas com um cabo de guitarra molhado!”).
Um riff cru abre Chemical Dogs e, sua faixa-título, indica que eles realmente poderiam soar como o Kiss – se o Kiss fosse mais ameaçador e ainda quisesse mostrar serviço - rock de arena para ser acompanhado por multidões. Assim como o hino contagiante “Space Time Rock Bomb”, tão contunde quanto melódico, refrão clássico feito para ecoar por meses na caixola - neste ponto eles se aproximam mais dos power pop heroes Raspberries. “Glassjaw” valvula a pegada num rock cru e sincero - “I don’t believe in rock stars/I don’t believe they’re true”. A batida ao piano com arranjos orquestrais de “Mandy And The Leapers” revela a sensível versatilidade de McKay como compositor, em bela balada na linha Jellyfish.
Se você procurava um disco para fazer seu air guitar sem concessões, acabou de achar. Se esperava que ainda era possível ouvir uma usina de força sônica com alta carga emocional, Chemical Dogs é pra você. E “You’ll Be Getting Off Here” prova isso: outro hino que começa na espreita e desce como avalanche na melodia do refrão - ao mesmo tempo grandioso, pop, colante - até explodir em guitarras afiadas sobrepostas por ‘uh-uh-uhs’ e ‘la-la-las’. O glam rock começa rasgando em “Motor City Nazz”, mas reverte em power pop de arena, à la Cheap Trick, no chorus ganchudo.
“Mr. Starlight” segue acústica a transforma-se em uma balada orquestral só para contrastar com o bólido de competição sendo seguro, seguro, até ser solto no perfeito refrão de duas passagens de “It’s A Killer”. Como uma trilha de filme mudo dos anos 20, tocada em um vinil de 78 rotações, a divertida “Sweet Sexation” serve quase como prelúdio anacrônico para o punk rock ‘77 – essa cantada pelo baixista Deuce – “Penthouse”. A balada pop que vira épica, “Ilusion”, encerra o disco e provoca um suspiro para a retomada do fôlego: o dedo já está novamente acionando o play...
E se os músicos do CSK soubessem a reação emocional que Chemical Dogs causou? “Quando sabemos que isso acontece, somos realmente atingidos em cheio no coração – mas, na verdade, não é sobre isso que a música é?” me disse, por estes dias, AD. E sobre o relações públicas que seria açoitado? “Para ser honesto, ele gosta de ser abusado pelas cheerleaders. E quem não gostaria?”.
www.crashstreetkids.com
3 comentários:
Em geral, eu só ponho comentários aqui várias semanas depois da postagem sobre a banda/artista; parece que dessa vez foi o timing perfeito. Não sei se vc se lembrará, mas em algum outro post (eu mesmo não lembro) eu comentei com vc sobre um soberbo disco de uma certa banda, Crash Street Kids...e vc me disse que o disco estava a caminho. Pois é: a reação que "Chemical Dogs" provocou em vc é a mesma que provocou em mim. É curiosa essa humildade que vc conta, dos integrantes da banda, porque o Crash Street Kids é o tipo de banda que já nasceu grande, pra tocar em arenas lotadas; mesmo que não receba uma resposta do público nesse nível, ou nunca venha a tocar em arenas. Posso estar enganado, mas acho que ouviremos falar deles ainda, não sei quando...só sei que consegui vários fãs pra banda, quando sugeri o disco na minha pequenina comunidade do Orkut. Ouvi até não poder mais, e estou só começando...abraços !
Daniel
Bom, aproveitando o espaço e querendo corrigir o problema de timing: belíssimo aquele disco do Wiretree que vc resenhou aqui, e não fui o único a achar. Deu mesmo saudades do grande Elliott Smith (até mesmo o processo de gravação - sozinho em casa, ele e os instrumentos) é a mesma.
Abs !
Lembro sim, Daniel. Legal saber que o disco bateu igual em vc... pois é, essa humildade é surpreendente... pra vc ver, no mesmo dia que eu postei a resenha aqui o Ryan (vocalista/guitarrista) mandou um agradecimento fazendo um elogio que eu corei. Logo chega o novo disco, Transatlantic Suicide, aí mando a resenha aqui.
Esse disco do Wiretree foi considerado o melhor do ano por vários power poppers que conheço no exterior. É realmente um belo álbum - na melhor acepção da palavra.
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