Por Daniel Arêas
Pop e rádio. Duas palavras quase indissociáveis, desde os primórdios. Com o passar do tempo, porém, graças à mediocridade e à miopia das rádios (mais precisamente, de quem as controla), o termo “pop” foi adquirindo uma conotação pejorativa. Para as novas gerações, “pop” passou a ser sinônimo de música medíocre, sem qualidade (muito distante, portanto, das características fundamentais do gênero, tal como ele foi forjado pelos seus mestres, nas décadas de 1960 e 1970).
Mas não para o americano de Chicago Gary Ritchie. Conhecedor e admirador profundo do estilo, ele gravou um disco repleto de canções compostas rigorosamente segundo os preceitos fundamentais do (power) pop, e deu-lhe o sugestivo título de Pop! Radio. O porquê de o disco ser o segundo da série Clássicos do PPS, o ouvinte descobrirá assim que ouvi-lo. Sem dúvida, um dos grandes discos de power pop da década.
A história de Pop! Radio começa quando Gary (ex-baterista do Loose Lips, banda de Chicago) resolve fazer um tributo aos seus maiores ídolos: os Beatles. A idéia era fazer um álbum composto apenas por covers de canções dos seus heróis musicais, uma tirada de cada um de seus álbuns. Com a colaboração de Jeff King (companheiro de Gary no Loose Lips), o projeto resultou no disco Beat The Meatles , com 22 canções dos Fab Four. Mas Gary se divertiu tanto com a experiência que resolveu repeti-la, só que dessa vez com composições próprias, recrutando King para novamente se juntar a ele.
Diversão... o que motivou Gary define à perfeição seu disco. Ora, não é disso, afinal, de que se trata, quando o assunto é o pop assumido – diversão, prazer, bem-estar, sentimentos positivos? Ao levar às últimas conseqüências seus propósitos, Gary criou um álbum de estréia com cara de Greatest Hits. Sim, Pop ! Radio é uma “coletânea” de doze potenciais hit-singles – isto é, caso existissem ainda rádios que divulgassem e colocassem nas suas programações normais esse tipo de som.
Estamos no terreno das melodias ganchudas (sempre adornadas pela energia das guitarras), dos refrões explosivos, das harmonias vocais, das palminhas ao ritmo das canções. Não será fácil encontrar outros álbuns contemporâneos com uma sequência tal de canções memoráveis, todas inspiradas no que de melhor se fez no power pop, desde as origens sessentistas até os dias atuais. O ouvinte é “fisgado” já nos primeiros segundos de “I´ll Be There” e só será “libertado” ao término de “’Til The Right One Comes Along” – mas a vontade de repetir a experiência será irresistível...
Evidentemente, os Beatles são influência perene para Pop! Radio (via alguns de seus “discípulos” mais dedicados), mas outras referências podem ser percebidas. “I’ll Be There” torna inevitável o uso do clichê: é daquelas faixas de abertura matadoras, pra prender o ouvinte logo de início. A referência perceptível são os Raspberries e o mesmo vale para a canção seguinte, “You Were Only Using Me”, que mantém o alto nível pop. As excelentes “Living On Lies”, “Out Of Style” e “Because Of You” demonstram que Gary foi um aluno aplicado da escola merseybeat.
“Living For Dreams” e “This Time” mudam a cadência, e a jangly guitar que pontua ambas as canções podem fazer você jurar que Roger McGuinn (Byrds) está presente. O rock clássico americano também é a base pra “Caught”, só que dessa vez a referência mais clara é Tom Petty. “All I Want Is You” irrompe com guitarras envenenadas que remetem ao Cheap Trick. Depois da empolgante “I’d Do It Again”, Gary surpreende e fecha o álbum com a bela balada acústica “’Til The Right One Comes Along”, com um timbre de voz que remotamente lembra Robert Pollard (Guided By Voices) – outro gênio pop.
Na capa de Pop! Radio, há um ancestral rádio Zenith – estaria Gary querendo dizer que seu fabuloso disco só teria espaço nas rádios de antigamente? Ou – pensando positivamente – estaria querendo alertar que há um tipo de som ausente das rádios de hoje, mas que poderia perfeitamente conquistar as pessoas e escalar as paradas de sucesso? Pop! Radio não faz nenhum “resgate” de uma estética antiga, simplesmente porque não há nada a ser resgatado. O pop adquiriu novos formatos, mas o que encontramos em Pop! Radio é absolutamente atemporal – com o mesmo potencial de conquistar hoje os corações das pessoas, tal como certamente aconteceria décadas atrás.
As últimas notícias dão conta de que Gary Ritchie trabalha no sucessor de Pop! Radio, a ser lançado até o fim de 2008. Mais um disco recheado de gemas pop que só tocariam nas rádios de antigamente? Não, certamente um disco para ser tocado em qualquer rádio que queira rechear sua programação com boa música – e pop de primeira.
www.myspace.com/gritchie
Pop e rádio. Duas palavras quase indissociáveis, desde os primórdios. Com o passar do tempo, porém, graças à mediocridade e à miopia das rádios (mais precisamente, de quem as controla), o termo “pop” foi adquirindo uma conotação pejorativa. Para as novas gerações, “pop” passou a ser sinônimo de música medíocre, sem qualidade (muito distante, portanto, das características fundamentais do gênero, tal como ele foi forjado pelos seus mestres, nas décadas de 1960 e 1970).
Mas não para o americano de Chicago Gary Ritchie. Conhecedor e admirador profundo do estilo, ele gravou um disco repleto de canções compostas rigorosamente segundo os preceitos fundamentais do (power) pop, e deu-lhe o sugestivo título de Pop! Radio. O porquê de o disco ser o segundo da série Clássicos do PPS, o ouvinte descobrirá assim que ouvi-lo. Sem dúvida, um dos grandes discos de power pop da década.
A história de Pop! Radio começa quando Gary (ex-baterista do Loose Lips, banda de Chicago) resolve fazer um tributo aos seus maiores ídolos: os Beatles. A idéia era fazer um álbum composto apenas por covers de canções dos seus heróis musicais, uma tirada de cada um de seus álbuns. Com a colaboração de Jeff King (companheiro de Gary no Loose Lips), o projeto resultou no disco Beat The Meatles , com 22 canções dos Fab Four. Mas Gary se divertiu tanto com a experiência que resolveu repeti-la, só que dessa vez com composições próprias, recrutando King para novamente se juntar a ele.
Diversão... o que motivou Gary define à perfeição seu disco. Ora, não é disso, afinal, de que se trata, quando o assunto é o pop assumido – diversão, prazer, bem-estar, sentimentos positivos? Ao levar às últimas conseqüências seus propósitos, Gary criou um álbum de estréia com cara de Greatest Hits. Sim, Pop ! Radio é uma “coletânea” de doze potenciais hit-singles – isto é, caso existissem ainda rádios que divulgassem e colocassem nas suas programações normais esse tipo de som.
Estamos no terreno das melodias ganchudas (sempre adornadas pela energia das guitarras), dos refrões explosivos, das harmonias vocais, das palminhas ao ritmo das canções. Não será fácil encontrar outros álbuns contemporâneos com uma sequência tal de canções memoráveis, todas inspiradas no que de melhor se fez no power pop, desde as origens sessentistas até os dias atuais. O ouvinte é “fisgado” já nos primeiros segundos de “I´ll Be There” e só será “libertado” ao término de “’Til The Right One Comes Along” – mas a vontade de repetir a experiência será irresistível...
Evidentemente, os Beatles são influência perene para Pop! Radio (via alguns de seus “discípulos” mais dedicados), mas outras referências podem ser percebidas. “I’ll Be There” torna inevitável o uso do clichê: é daquelas faixas de abertura matadoras, pra prender o ouvinte logo de início. A referência perceptível são os Raspberries e o mesmo vale para a canção seguinte, “You Were Only Using Me”, que mantém o alto nível pop. As excelentes “Living On Lies”, “Out Of Style” e “Because Of You” demonstram que Gary foi um aluno aplicado da escola merseybeat.
“Living For Dreams” e “This Time” mudam a cadência, e a jangly guitar que pontua ambas as canções podem fazer você jurar que Roger McGuinn (Byrds) está presente. O rock clássico americano também é a base pra “Caught”, só que dessa vez a referência mais clara é Tom Petty. “All I Want Is You” irrompe com guitarras envenenadas que remetem ao Cheap Trick. Depois da empolgante “I’d Do It Again”, Gary surpreende e fecha o álbum com a bela balada acústica “’Til The Right One Comes Along”, com um timbre de voz que remotamente lembra Robert Pollard (Guided By Voices) – outro gênio pop.
Na capa de Pop! Radio, há um ancestral rádio Zenith – estaria Gary querendo dizer que seu fabuloso disco só teria espaço nas rádios de antigamente? Ou – pensando positivamente – estaria querendo alertar que há um tipo de som ausente das rádios de hoje, mas que poderia perfeitamente conquistar as pessoas e escalar as paradas de sucesso? Pop! Radio não faz nenhum “resgate” de uma estética antiga, simplesmente porque não há nada a ser resgatado. O pop adquiriu novos formatos, mas o que encontramos em Pop! Radio é absolutamente atemporal – com o mesmo potencial de conquistar hoje os corações das pessoas, tal como certamente aconteceria décadas atrás.
As últimas notícias dão conta de que Gary Ritchie trabalha no sucessor de Pop! Radio, a ser lançado até o fim de 2008. Mais um disco recheado de gemas pop que só tocariam nas rádios de antigamente? Não, certamente um disco para ser tocado em qualquer rádio que queira rechear sua programação com boa música – e pop de primeira.
www.myspace.com/gritchie
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