segunda-feira, 18 de junho de 2007

Entrevista exclusiva com a lenda do power pop: PAUL COLLINS!


Em meio à hecatombe mundial provocada pelo surgimento do movimento punk, os Nerves, formado em 1974 por Jack Lee, Peter Case e Paul Collins, ao mesmo tempo que ajudaram a forjar o estilo, foram atropelados por ele.
Se estavam em sintonia com a energia juvenil, exalada pelo novo gênero musical, queriam colocar seu contraponto pop de boas melodias e acessibilidade radiofônica.
A banda sucumbiu deixando apenas um EP, mas que trazia uma canção que se tornaria, em 78, um hit mundial nas mãos do Blondie: "Hanging On The Telephone".

Em seguida Paul Collins (que passou de baterista na antiga banda a cantor e compositor) formou o The Beat (77), cujo álbum homônimo de estréia é considerado um clássico do power pop, transformando a banda em “referencial cult” para os power poppers modernos.
Por problemas de direitos com o nome, o Beat transformou-se em Paul Collin’s Beat. Seu último álbum Flying High mantém a tradição de Collins em preparar canções empolgantes de melodias ganchudas e forte apelo pop.

Direto de Madri (onde o americano vive atualmente) conversamos com essa lenda do power pop – e porque não dizer do punk rock - que nos falou sobre seus shows com os Ramones, os motivos do fim dos Nerves e os rumos atuais da sua carreira.


Power Pop Station: Você esteve em duas bandas no período da ebulição do punk, mas vocês não se vestiam como punks nem soavam como punks. O que vocês queriam?

Paul Collins: Nós queríamos tocar rock and roll, mas colocando nossa em própria rotação. Nós queríamos tocar canções realmente energéticas com ótimos ganchos e usar roupas bacanas, nada disso de roupas deprê.

PPS: Os Nerves tocaram com os Ramones, quando o punk apenas engatinhava. Conte-nos alguma história dessa época.

Collins: Tocar com os Ramones foi demais! Nós fizemos diversos shows com eles, no Texas e em Cincinnati. Eu marquei o show em Cincinnati e esse foi efetivamente o primeiro show de punk rock da história da cidade. Fiquei muito impressionado com os Ramones como grupo, você podia perceber como eles levavam a banda a sério. De todos os Ramones, para mim, Dee Dee era o mais gente boa.

PPS: Quando ouvi “Hanging On The Telephone” pela primeira vez no EP dos Nerves, pensei: “conheço essa música de algum lugar”. A música foi um hit mundial na regravação do Blondie, e os Nerves terminaram depois de lançar esse único EP. O que houve?

Collins: Os Nerves fizeram tudo o que você pode imaginar para ter um empresário e um contrato com gravadora, mas não conseguimos e acabamos nos separando.

PPS: O Beat dividiu palco com nomes como The Jam, Police e Plimsouls, assinou com uma grande gravadora (Columbia/CBS) para o lançamento do seu primeiro e clássico álbum, mas não conseguiu emplacar comercialmente. Como você analisa a questão?

Collins: Foi um período difícil no mercado musical, as rádios nos Estados Unidos ainda não aceitavam a “nova música” e as coisas eram decididas entre as lojas de discos e as gravadoras, deixando o cenário bem difícil para as novas bandas venderem seus discos.

PPS: Quais são suas influências do passado? E quais novas bandas você recomenda?

Collins: A música dos anos 60, Beatles, Rolling Stones, Beach Boys, Monkees, Elvis, Chuck Berry e etc, etc. Quanto a novas bandas, eu só as escuto no My Space, que me parece ser um terreno excelente para o novo rock.... e isso é bom!

PPS: Você viveu em Madri por alguns anos, e me parece que agora você está morando em Nova Iorque. Fale-nos sobre essa “fase espanhola”.

Collins: Eu continuo vivendo em Madri, mas viajo o tempo todo. Eu voltarei para Nova Iorque em breve. Eu gosto da Espanha, temos toneladas de fãs aqui e também tocamos bastante, fora que o país é muito bonito com ótimo vinho e comida.

PPS: Falando em Espanha, em abril você esteve em turnê pelo país. Conte-nos como foi.

Collins: Adoro sair em turnê pela Espanha, nossos fãs são formidáveis e sabem todas as músicas, eles cantam junto conosco, é muito divertido.

PPS: Seu último álbum, Flying High, traz várias pérolas power pop – canções com forte apelo pop e melodias cativantes. Como você acha que a indústria musical recebe um disco como esse?
Collins: Até agora, muito bem! O álbum saiu na Espanha, França e Estados Unidos. A crítica tem sido ótima nos três países e as vendas vão bem. Nós também vendemos bastante em nosso shows.

PPS: O álbum está disponível para download no site da Paul Collin’s Beat. O que você acha dessas novas tecnologias e, isso não prejudica as vendas do disco?

Collins: Você pode ouvir o disco no site, mas o que nós oferecemos são faixas ao vivo para download grátis. Eu acho ótima essa nova tecnologia, agora as pessoas podem ouvir muitos tipos de música que elas não conseguiriam achar tão facilmente antes. Este é o caminho do futuro e estou feliz por fazer parte disto.

PPS: No Brasil você tem muitos fãs, uns que seguem sua carreira desde os tempos do Nerves, e outros que nem eram nascidos nesse começo. Mande uma mensagem para todos eles!

Collins: Um alô para todos meus adoráveis fãs no Brasil, eu quero ir até aí e tocar mais canções para vocês!

http://www.paulcollinsbeat.com/
www.myspace.com/paulcollinsbeat

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