domingo, 17 de fevereiro de 2008

"Can You Hear The Myracle Brah?"- MYRACLE BRAH!

Não deve ser fácil levar o nome de uma banda nas costas. Além da enorme energia criativa dispendida, autor e obra acabam se confundindo, se fundindo numa coisa só. Ou não... Se a tal banda for na verdade um trabalho solo travestido de “grupo”, a transpiração permanece alta, mas o autor É a obra. Caso do cantor-compositor-produtor de Baltimore Andy Bopp e seu Myracle Brah. “Banda”, aliás, já considerada clássica no power pop moderno. Chegando ao sexto álbum com Can You Hear The Myracle Brah?, Bopp continua impressionando com sua capacidade em compor canções pop perfeitas, singelas e emocionais ao mesmo tempo. É como alguém já disse por aí, sua voz soa “meio Alex Chilton meio John Lennon”. Chilton pela emotividade que coloca nas interpretações e Lennon pelo timbre e o dom de dominar os meandros da composição pop. Claro fica que, as maiores referências do Myracle Brah, são a trinca mágica dos três Bs: Beatles-Badfinger-Big Star. Mas quem conhece a discografia da banda sabe que o Miyracle Brah soa a... Myracle Brah.

Andy Bopp toca todos os instrumentos no novo disco (a não ser a bateria, a cargo de Greg Schroeder, que também toca no Starbelly) e, como de costume, assina a produção.
Abrindo o álbum, “No More Words” traz sonoridade clássica, acordes brilhantes, clima emocional em pouco mais de dois minutos. “First Kiss” é guiada pelo piano seguido pela guitarra acústica e a voz indefectível de Bopp, que aparece pairando soberana com um mero pedido de desculpas. O riff inicial já prenuncia um hit de alto calibre, confirmado no refrão emotivo e pop de “Big Mistake”. “Tran Sister” inverte o clima, atocha a distorção e bate com vontade pouco comum na discografia do grupo. Segue-se uma tríade de canções comoventes que contam estórias de amor e despedidas, mas sem perder o apelo pop: “The Night Belongs To You; “Angellen” e “Goodbye World”.

Bopp aciona novamente sua bipolaridade musical, solta as guitarras invocadas, manda espancar a bateria para dizer que no fundo, no fundo “Big Kids Wanna Rock”. Aí, claro, para logo depois aliviar na balada, pontuada por uma slide guitar, “Run To The Voices”. E se é rock que os garotos grandes querem, Bopp despeja o rockão setentista valvulado neles: “You’re Full Of Strangers”. Um pouco de distorção e boas melodias na cadenciada “A Traveling Song”. Mais uma tríade, agora de power pops perfeitos: a levada contagiante e o refrão colante de “Best Friend”; a batida de piano envolvente e a melodia graciosamente bela e ingênua de “Hurry Now”; e a maestria pop entremeada pela energia das guitarras em “Walking On Water”. Fechando o disco, mais um rock de beira de estrada, poeirento e com cheiro de whisky barato, “You’re My Heaven”.
E Andy Bopp mostra sua versatilidade, não só tecnicamente como compositor, mas na facilidade em captar ambiências emocionais, hora tão carregadas, bonitas e simples, hora desleixadas, leves e divertidas. Mais um disco clássico para o panteão do power pop.

www.myspace.com/andybopprock

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