quarta-feira, 16 de abril de 2008

"Los Autonautas": LOS AUTONAUTAS!

A mesma lógica que separa as audiências no Brasil dos artistas latino-americanos, separa dos espanhóis: a língua. Dificilmente bandas que cantam em castelhano conseguem espaço no mercado brasileiro. Grupos impressionantes acabam passando completamente desapercebidos em terra brasilis – mesmo se vêm da vizinha Argentina.
A Espanha tem uma tradição rock/pop fortíssima – muito maior que a nossa, por exemplo – e, por conseqüência, alguns do melhores grupos power pop do planeta (sem esquecer que os power poppers mais alucinados do mundo estão lá...).

De Madri, César, Clara Guitar, Pazos e Angel chegam como Los Autonautas e nos apresentam seu álbum debute. Onde fica claro que o pop espanhol já consolidou uma cultura melódica bastante consistente. Conhecem os meandros da canção pop perfeita sem fazer força: o nível alcançado já é o da espontaneidade, o da fluidez. A pretensão dos Autonautas não passa dos três minutos de suas canções; não vai além da intenção de colocar um sorriso no seu rosto.

Talhado para as ondas do rádio – se o mundo fosse um lugar menos hostil - o disco abre com a ultrapop “Nord”, com a voz amigável de César passeando pela melodia colante em pouco mais de dois minutos que ficarão rodando na sua cabeça por horas. Acentuando a pegada power, numa direção punk, mas com timbragens pop, “Luces Y Acción” animam a festa e avisam “não vão poder nos deter!”. “Ojos Rojos” e suas guitarras cintilantes emolduradas por harmonias vocais angelicais, dominam o jogo com delicadeza e maciez.

Acelera o ritmo de guitarras e bateria em “El Baile”, e a dinâmica rocker ensaia uma pontada mais contundente sem perder a ternura. Já a agressividade do título contrasta com a envolvente melodia de “Eres Una Desgraciada”. A essa altura muito se pode sugerir como influências dos Autonautas, mas sobressai no final uma convergência de estilos, reprocessados e transformados sempre em um formato inequivocamente pop. Seguem com “Blanco Y Negro” e “Giselle” conduzindo linhas básicas do rock temperadas com as sempre bem sacadas soluções melódicas.

Na balada “Piscinas Cubiertas”, a referência à menina que “ia aos shows com suas amigas do metal” remete à clássica canção do Teenage Fanclub “Metal Baby”. Provavelmente o maior hit do disco “El Increíble Hombre Menguante”, traz levada contagiante, coros em uníssono, sobreposição de vozes, refrão memorável e letra espertíssima: “Agora sou tão pequeno e não sei no que tardarei em desaparecer/e ser um elétron perdido em outra dimensão/sou o Homem Minguante e assumo com resignação/o grande e o pequeno, extremos do mesmo que são”. E deixam a sua própria apresentação para a última e mais enfezada do disco “Los Autonautas”, onde dizem com autoridade “os Autonautas sabem bem o que tem que fazer”. E sabem mesmo.

www.myspace.com/losautonautas

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