segunda-feira, 29 de setembro de 2008

"The Offbeat": THE OFFBEAT!

Quando aos anos sessenta terminaram – e levaram com eles os Beatles – não se podia medir o tamanho do legado remanescente. Sem o distanciamento histórico necessário, ainda não era possível medir a extensão da influência da cultura sixtie nos anos seguintes. Hoje já sabemos a resposta: os ecos do pop sessentista continuam reverberando e contagiando novos artistas e bandas em todo o mundo. E, se a onda de choque conseguiu ir tão longe quanto Japão ou Brasil, imagine a força dela no seu epicentro, a Inglaterra.

É de lá que vem o quarteto The Offbeat e seu disco homônimo de estréia. Da bolacha digital emanam sonoridades originalmente criadas para o vinil, com instrumentos vintage dando o clima de British Invasion. “Lonely Girl” abre o disco com a maciez dos grupos vocais dos 50 início dos 60. “Wasted” é guiada pelo piano e pela presença espiritual de John Lennon na canção. A melodia barroca herdada dos Zombies aparece majestosa em “Keep It Real” e o refrão adesivo vem em “Welcome To My World”.

“First Love” recheada de belas harmonizações vocais e traquejo pop revela o potencial do Offbeat para a canção pop perfeita. Confirmada na beleza melódica de “Chills”, que ultrapassa barreiras temporais e, porque não, poderia conquistar corações mais “moderninhos”. Assim como o todo o álbum debute do Offbeat, aonde as canções não querem revolucionar nada, apenas perpetuar sua função primordial: emocionar.

www.theoffbeat.co.uk


quinta-feira, 25 de setembro de 2008

"Point Of View": CRAIG MARSHALL!

Um dilema deve assombrar a mente de Craig Marshall: até onde valeria a pena tornar-se um artista popular? Até onde valeria deixar a zona de conforto de um músico relativamente desconhecido para viver na constante obrigação de suplantar expectativas? Porque quando você termina de ouvir Point Of View – terceiro álbum do cantor-compositor de Austin, Texas – transfere uma cota quase inconsciente de responsabilidade para Marshall. Uma ‘responsabilidade’ fruto da nossa carência por heróis, por ‘super power popers’ (que finalmente tirem o estilo do gueto). E que ganha vida alimentada pelo carisma do músico na interpretação de sonoridades clássicas, emocionais e, ao mesmo tempo, memoráveis em sua constituição pop.

Mas Marshall está alheio a esses sentimentos particulares, e assim é melhor, para que sua espontaneidade continue fluindo em canções pop perfeitas. Como na faixa de abertura “Difficult”, em sua batida pontuada por pianos Rhodes e melodia campeã. A empolgante “I Know What It’s Like” tem um dos refrões mais adesivos do ano: aciona o repeat do seu cérebro, automaticamente, por horas a fio. A climática “When The Camera’s On You”, traz baixos sinuosos e as espetadas de uma chorosa steel guitar.

Que aparece novamente na bela canção de inspiração “interiorana” “When You Come Back Down”. A ambiência carregada de emotividade e beleza melódica em “Paper Cut” se dissipa na leveza da singela e cativante “Radio Girl”. A densa faixa título, recheada de órgãos, capricha no refrão até chegar o jingle-jangle de “One Face In The Crowd”. Fecha o disco “Small Rewinder”, pronta para qualquer trilha sonora de seriado ou filme de cinema. Onde o protagonista, reflexivo, repassa toda vida na duração de uma breve e eterna canção pop.

www.craigmarshall.com
www.myspace.com/cmarshall

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

"Ground Floor Man": THE MOP TOPS!

Pressa não parece ser uma palavra relevante no vocabulário do quarteto sueco The Mop Tops. Veteranos da cena, lançaram seu primeiro disco em 1995, dez anos após o nascimento do grupo. Treze anos depois, voltam à cena com este Ground Floor Man. Pelo caminho fizeram várias apresentações no IPO e aparecerem em diversas coletâneas mundo afora.
Tomas Nilsson, Jimmy Carlsson, Bengt Nilsson e Leif Johansson preservaram, em tonéis de carvalho, suas referências sessentistas durante esses 23 anos de estrada. Voltam, agora, a exercitar os músculos em guitarras e canções de pegada pop.

E, a desenvoltura intacta, já se confirma cristalina na abertura do rock pop sessentista de batida contagiante “You Crucify Me”. Para encher o centro do salão. Guitarras de timbre brilhantes e órgão pairando em “Info Girl” têm um quê de rock californiano. Já a sonoridade da canção título, passaria por paisagens e climas à la Tom Petty. Mais uma batida empolgante e ingênua, de melodia ganchuda, aparece em “Train To Catch”.

“Cold Rain” é canção guiada por violões intensos e belas harmonias vocais, até as doze cordas e melodias adesivas de “There Will Be A Time”. O rock mais incisivo com metais em “Darling Take Care” antecede “Every Day”, que encerra o disco com sua levada de valsa e melodia de pop perfeito. Ground Floor Man atesta: os Mop Tops continuam em plena forma.

www.moptops.nu
www.myspace.com/themoptops

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

"Take Me To The West Coast": JEFF BRUCKNER!

Quando Jeff Bruckner indica, orgulhosamente, que a gravação deste álbum não foi “prejudicada pelo uso de computadores”, não está passando uma informação técnica. Revela sua convicção no poder orgânico e emocional da canção pop. Take Me To West Coast foi composto na Califórnia e, como um painel solar, absorveu a energia local e a armazenou para no caminho de volta à sua South Jersey.

Impressiona na sonoridade do americano a pegada incisiva das guitarras e a voz extremamente energética, transitando por tons altos sem deixar de privilegiar as melodias pop. O timbre e a gana de Bruckner lembra o saudoso Jim Ellison do Material Issue, nos transmitindo uma dose extra de emoção.

E essa referência acaba sendo sintomática já na faixa de abertura “Chicago” - cidade natal de Ellison e sua banda. Jeff chama com um convidativo ‘C’mon!, C’mon!’, entre guitarras incendiárias e melodias ganchudas. Também aqui fica claro que outro grupo de Chicago fez a cabeça de Bruckner: Cheap Trick. “Not Feelin It” chega com um dos mais empolgantes riffs da temporada e os melhores ‘uh-uh-uhs’, na passagem final do refrão, desde Sparky’s Dream do Teenage Fanclub.

Violões, acordeon, clima interiorano e macio dão o tom em “Point Of View”, até a afiada “Murdering Man” e seu refreão de arena: “no no I’m not a murdering man/oh no I’m not a murdering man/but I killed my chances with you”. “Quarterback Lover” contagia no refrão ritmado pelas palminhas sessentistas e, “I Never”, afia as guitarras com esmero caprichando no refrão pop. A bela “Song To Pay For You” foi feita para alcançar corações em qualquer hit parade do mundo e, porque não, também a balada “Love Me Now” pode chegar lá.

A voluntariosa “Annie Hall” deixa as guitarras soltas e libera as harmonias vocais no chorus. Fecha o disco “Envy Of All Our Friends”, recheada de violões, clima folk e vocais harmônicos.
Em Take Me To The West Coast, Jeff Bruckner mostra que sabe o poder contagiante de suas canções e do carisma inspirador de sua voz. Sabe que o negócio aqui não é técnica, é paixão. Não é a toa que ele sugere no encarte: “Cante comigo. Você tem uma ótima voz”.

www.jeffbruckner.com
www.myspace.com/jeffbruckner

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

"Hold Up The Neon Sign": WRAPPING PAPER!

Que tal presentear a amada com uma canção acústica feita especialmente para ela? Comprando o EP do Wrapping Paper Hold Up The Neon Sign, você escolhe o tema e ganha a música! É o que oferece a banda de Minnesota (na verdade projeto do americano simplesmente chamado Tim...) numa prova de criatividade e sangue frio. Imagine o EP vendendo 300 cópias em uma semana... Mas, claro, primeiro você precisa gostar das músicas que estão no EP.

A referência maior do músico é o Guided By Voices, na contraposição entre sujeira do lo-fi com a transparência das belas melodias. A faixa título abre com vibrafones estridentes, abafado por um baixo fuzz onde a voz lembra muito a de Robert Pollard. Em “Black Lace Shoes”, os vibrafones reaparecem domados e acompanhados de vocais doces e melódicos no refrão. Baixo distorcido, batida tosca, gravação quase desaparecendo em meios aos ruídos e uma melodia inspirada: “It Could Be He’s The Mayor Now”, que também poderia chamar-se ‘It Could Be A Great Guided By Voices Song’.

A belíssima “Don’t Turn Around”, eleva a melodia acima das limitações da baixa fidelidade com um órgão dando o clima onírico à paisagem sonora. “Giant Ships” remete novamente à sua maior referência, nos relembrando o saboroso gosto agridoce da mistura low-fidelity/melodia. “Ask Her In A Whisper” vem mais limpa na sonoridade e lembra as músicas compostas para os compradores do EP. Aliás, algumas canções presenteadas poderiam figurar tranqüilamente num disco do Wrapping Paper, mas, que por apenas alguns dólares, terão mais valor fazendo alguém que você gosta feliz.

www.myspace.com/wrappingpaperston
www.myspace.com/wrappingpapersongsforpeople

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

"Black & White": THE FORE!

Fãs de merseybeat, o sonho não acabou! Parece que algum engenheiro de som da EMI revirando arquivos encontrou essa gravação perdida... e, pela sonoridade, a fita provavelmente foi gravada em 1963 e nunca lançada! Mas... olhando bem, não é bem isso. Black & White é um disco independente lançado em... 2007! E os membros da banda não passam da casa dos vinte e poucos anos de idade! Esta é a prova de que a música pode ser atemporal e seguir conquistando gerações após gerações.

Porque essa nova “beat generation” teve a possibilidade da escolha. Expostos às modernidades da música eletrônica, do hip hop ou rock industrial, preferiram o merseybeat. Sentiram-se verdadeiramente mais à vontade sujando os dedos nos antigos vinis dos pais, do que baixando 300 músicas por segundo e enchendo seu Ipod de hypes descartáveis.

Os londrinos Matt, Spencer, Luke e Simon identificaram-se com uma época da qual nunca fizeram parte, mas que, para eles, exala frescor. Não poderia soar nostálgico para nós que éramos, se muito, poeira espacial nos anos 60. Dá esperança saber que há jovens que preferem Rickenbakers e Epiphones a pick-ups de DJ. E colocam sua paixão em canções ingênuas, mas recheadas de belas harmonias e melodias. Já não é necessário dizer que o som do The Fore perpassa por quase todas as bandas sessentistas, indo de Beatles a Byrds, de Who a Stones, privilegiando a fase da primeira metade daquela década.

Não precisamos ter estado nos sessenta para sonhar com canções singelas e para chacoalhar a cabeça e os braços ao som do yeah, yeah, yeah. É só deixar, por exemplo “Love For Sale” e “A Girl Like You” fazerem o serviço. Ou se emocionar com uma baladinha harmônica como “If I Show You Love”. E se Black & White houvesse sido realmente gravado e não lançado pela EMI em 63, alguns hits teriam perdido a chance de serem número um na Inglaterra. E, a suposta gravadora, uma boa oportunidade de embolsar uma grana com as ‘chartbusters’ “I Want To Be With You”, “Here Comes The Girl”, “Please Tell Me” e “It’ll Be Me”.

Na verdade, todas as 14 faixas poderiam ter sido um single-hit em potencial. Pensando bem, Black & White nem é tão anacrônico assim: atualmente, 75% dos participantes das convenções sobre os Beatles e 40% dos que compraram o Anthology têm menos de 30 anos (assim como Matt, Spencer, Luke e Simon). E, levando-se em conta que todas as bandas hoje querem soar igual ao Radiohead, Coldplay, Strokes ou Simple Plan, o The Fore é uma tremenda novidade!

www.theforeband.com
www.myspace.com/thefore

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Da série CLÁSSICOS: "Bright Yellow Sun" - THE TUNES!

Por Daniel Arêas

Felizmente, espalhados pelo mundo há um sem-número de artistas e bandas que ainda conservam e exercitam os princípios originais do pop. Não têm qualquer pretensão maior do que pôr um sorriso no rosto do ouvinte (sem lhe oferecer qualquer dificuldade pra isso) e lhe proporcionar uma sensação de prazer e bem-estar. E essa (aparente) singeleza de propósitos não apenas rende bons e ótimos álbuns, mas muitas vezes verdadeiras obras-primas. É o caso de Bright Yellow Sun, disco de estréia da banda finlandesa The Tunes. Um dos melhores discos de power pop dos últimos tempos, e por isso com muita justiça abre a série “Clássicos” do PPS.

E a influência que os mestres do gênero exercem sobre essas bandas pode vir de diversas formas. Bright Yellow Sun começou a ser idealizado quando Rikki London (ex-baixista de artistas como Johnny Thunders e Sky Saxon) soube da morte de um grande ídolo seu: George Harrison. Fez um show-tributo ao falecido beatle com 12 dos melhores músicos da cena pop de Helsinki, mas gostou tanto da experiência que resolveu formar o The Tunes com alguns dos participantes daquela homenagem: Knipi (guitarra e vocais), Heikki Tikka (bateria e vocais) e Markus Nordenstreng (guitarra, teclados, vocais).

Já no título de seu álbum de estréia, The Tunes explicita suas intenções com essas 11 ensolaradas pérolas pop: trazer um pouco de iluminação e alegria a quem as ouve. Atinge seu objetivo com louvor, e as palavras de Rikki no site da banda definem tudo: “a idéia desde o início era apenas nos divertir, fazendo as melhores canções que pudéssemos”. Bright Yellow Sun foi sendo gestado durante três anos, com a banda e diversos colaboradores constantemente adicionando novos elementos às canções. E evidentemente, o prazer e a espontaneidade com que foi criado são transmitidos integralmente ao ouvinte.

“The Tunes Theme” abre o disco como um perfeito cartão de visitas: a fusão do pop típico dos Beatles com a energia das guitarras resulta numa canção que caberia perfeitamente nos melhores discos do Big Star ou Cheap Trick. Logo depois, vem “Valerie” (que chegou a fazer um relativo sucesso em Helsinki) com sua empolgante levada que evoca Kinks, até desembocar no poderoso refrão. A bela “Come Around” evidencia a influência do típico folk-rock americano no álbum. “Spoonful Lovin’” (que apresenta Markus tocando ukelele) traz sublimes harmonias vocais que remetem a bandas como Beach Boys e Hollies. A seguir, os Fab Four voltam a ser a principal referência da doce e esperançosa “Busdriver”, linda canção, de refrão irresistível. “Season of the Midnight Sun” é canção contagiante, de espírito inequivocamente californiano, alegre, otimista. É daquelas canções que são capazes de mudar o humor de quem a ouve. Mesmos propósitos guiam “Summer Day”, canção cujo título já explicita a influência dos geniais Beach Boys.

As harmonias vocais e o folk-rock típicos dos primeiros discos dos fundamentais Byrds reaparecem nas três canções seguintes.“Don’t You Fall In Love” vem embalada pela Rickenbacker de 12 cordas, e é ainda (mais) embelezada pelo órgão Hammond tocado por Pekka Gröhn (uma das várias colaboradoras, com grande participação no álbum). O mesmo acontece a seguir, na belíssima “See You Tomorrow”: levada típica dos Byrds, novamente valorizada pela presença do Hammond de Pekka Gröhn. A essa altura estamos perto do fim do álbum e a qualidade e o brilho perene das canções não são sequer arranhados. “Talk To Me” entra em seguida mantendo o (alto) nível e deverá agradar em cheio aos fãs do Primary 5. A climática faixa-título fecha o álbum, com direito a sons de pássaros cantando no fim da canção.

Em termos de sentimento, espírito, após a audição de Bright Yellow Sun, o ouvinte não é o mesmo. Sorte nossa que ainda existam inúmeras bandas e artistas que ainda acreditam e perseguem os propósitos e princípios fundamentais do pop. O que faz os Tunes se sobressaírem é que seu álbum de estréia já pode ser considerado um clássico, e não se trata (apenas) de dizer que é a trilha sonora ideal para os nossos verões. Mais: é aquele facho de luz, o sol aparecendo por entre as nuvens, de que tanto precisamos naqueles inevitáveis dias cinzentos.

www.grandpop.net/tunes.html
www.myspace.com/tunestheband

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

"One Small Stepping Man": ADRIAN WHITEHEAD!

Quando, ano passado, Bryan Estepa me enviou a coletânea The Kids Who Kill For Sugar, da gravadora australiana Popboomerang, entre vinte e quatro canções, uma chamou mais atenção: "Caitlin’s 60’s Pop Song", de um novato, sem disco lançado, chamado Adrian Whitehead. O título já é auto-explicativo. É uma canção pop nos moldes sessentistas altamente contagiante, harmônica, e melódica. Mais ou menos assim: se tivesse sido composta pelo Brendan Benson e lançada pelo Raconteurs, seria hit mundial.

Pois bem, fui atrás para conhecer o australiano de Melbourne – aliás, um sujeito divertidíssimo e espirituoso - e consegui seu single Radio One, que já adiantava faixas deste One Small Stepping Man. E ali estava um jovem artista extremamente talentoso, baseando sua composição no piano e mesclando referências clássicas e atuais como, Beatles, Beach Boys/Brian Wilson, Jason Falkner, Brendan Benson e Ben Folds, entre outros. Mas com o foco no clima dos anos 60, época onde uma canção valia pela relevância da sua melodia.

Assim, abre o disco a perfeita "Caitlin’s 60’s Pop Song", com sua simplicidade cativante, notas de piano ditando o ritmo, melodia colante e harmonização vocal descida dos céus. A maciez de “Saving Caroline” tem algo de soft rock setentista, algo de Brendan Benson e de Ben Folds. O single “Radio One” e a voz amigável de Whitehead foram feitos um para o outro, enquanto o refrão adesivo e as paradas de sucesso, fariam um belo par. Balada ao piano com arranjos orquestrais, “You Are The Sun” se sairia bem no papel de trilha para o cinema. E “Julia” nos lembra John Lennon sentado no seu grande piano de cauda branco, com o Central Park, ao fundo, emoldurado em uma janela do tradicional edifício Dakota.

Leveza e consistência instrumental se complementam na bela “Spector’s Dead” e a levada pop de “Ways Of Man” contagia sem dar possibilidade de defesa ao ouvinte. Em “Elle” Adrian martela o piano hipnoticamente, rodeado por cellos e violinos; já em “Better Man” o piano anima na batida convidando às boas sensações. Fecha o disco a acústica “Nothing’s Changed”, que traz o clima de sol suave da manhã em uma praia deserta da Austrália. País que logo ficará pequeno aos impressionantes talento e carisma de Adrian Whitehead.

www.myspace.com/adrianwhitehead

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

"Pop Explosion": JEREMY!

A primeira coisa que se deve dizer a respeito de Jeremy Morris é que, este é um dos nossos mais ferozes combatentes no front do power pop. Incansável na divulgação de artistas do estilo, pelo seu selo Jam Records (que também foi responsável pelo lançamento do álbum tripo Sweet Relief, cuja renda foi revertida em favor dos desabrigados do furacão Katrina), é notável compositor de canções pop memoráveis. Com 30 anos de carreira e diversos álbuns lançados – inclusive de rock progressivo e música instrumental – o americano do Michigan ainda é pai de April e Mark Morris da banda Glowfriends. Currículo não falta para esse “power pop hero”, mas o mundo gira e novos trabalhos devem ser apresentados.

O título, Pop Explosion, já diz bastante a respeito das suas intenções. Mais ainda na sua versão limitada, que traz um disco bônus com Jeremy fazendo cover de 24 clássicos do pop mundial, de Teenage Fanclub a Left Banke, de 1910 Fruitgum Company a Big Star, passando por Beatles, The Who, Bay City Rollers, Byrds, Monkees. Ou seja, uma coleção imperdível de pérolas sagradas.

A segunda coisa a ser dita sobre Jeremy Morris: não importa onde, quando ou como você esteja, no momento em que soar os primeiros acordes e a voz delgada encher o ambiente, você saberá: é Jeremy! Sua marca indelével e característica é reconhecível a milhas de distância. Um artesão do pop com assinatura. E é isso que se ouve no CD de inéditas, o Pop Explosion propriamente dito.

As guitarras já rugem sujas em “Come On Over”, mas a voz dobrada de Morris dá o toque de maciez refrescando o motor. Os toques sessentistas aparecem nas levadas pop, de “Come Clean”, e psicodélica, de “Superstar”. As tocantes baladas ao piano “Nice Guy” e “The Perfect Love” relembram a facilidade de Jeremy na confecção de belas melodias. Já “Time Is Running Out” e “I’m Still Waiting” mostram que seu senso pop continua intacto.

Pop Explosion confirma a máxima de que boas composições não precisam de superproduções de estúdio para se esconder atrás. Beirando o lo-fi, as canções se impõem pela qualidade autoral de Jeremy. Como a oitentista “Everyone Makes Mistakes” ou a invocada “As Long As You’re Around”. O puro pop de “Sweet Salvation” e a emotividade de “Hand In Hand” encerram o álbum, deixando a certeza que ainda haverá muito a ser dito a respeito de Sir Jeremy Morris.

www.myspace.com/jeremyamorris
www.jamrecordings.com