Por Daniel Arêas
O Blue foi formado em 1973 na cidade escocesa de Glasgow (de onde, décadas depois, viriam bandas extraordinárias como Teenage Fanclub, Cosmic Rough Riders e Primary 5), por Timmy Donald (bateria e vocais), Ian MacMillan (baixo, guitarra, vocais) e Hugh Nicholson (guitarra, teclados e vocais). Naquele mesmo ano a banda assinou contrato com o selo RSO Records e lançou seu álbum de estréia, homônimo.
Blue (o disco) é hoje considerado um clássico do power pop, e não são poucos os que o vêem como uma real obra-prima. As influências de Raspberries, Badfinger, Beatles, dos primeiros discos dos Bee Gees e da carreira-solo de Paul McCartney são as bases de um disco que mescla rocks vigorosos (“Look Around”, “Sitting on a Fence”, “Little Jody”) com baladas arrebatadoras, que exalam beleza e melancolia nas mesmas proporções (“Red Light Song”, “Sunset Regret”, “Timi’s Black Arrow”, “The Way Things Are”). Citar uma única canção não é tarefa fácil, mas é impossível ficar alheio ao se ouvir “I Wish I Could Fly”, possivelmente uma das mais belas – e tristes – baladas já escritas. Infelizmente, a impossibilidade de divulgar o disco adequadamente fez com que suas vendagens fossem decepcionantes.
A banda se mudou então para Los Angeles, onde adicionou o guitarrista Robert “Smiggy” Smith à sua formação e lançou seu segundo disco, Life in the Navy (1974), novamente pela RSO Records. Nele, canções como “Sweet Memories”, “Lonesome” e “Sun Sunday” mostram uma aproximação com o country rock de artistas como Gram Parsons, Neil Young e C,S&N, mas o power pop e as baladas emotivas características do disco anterior aparecem em “Atlantic Ocean”, “Love”, “Max Bygraves” e “You Give Me Love”.
No entanto, a saída de Smith da banda prejudicou a divulgação do disco, que acabou não tendo a vendagem esperada, tal como seu antecessor. Após isso, uma nova formação do Blue emergiu de várias sessões realizadas no programa de John Peel, na Radio 1 da BBC de Londres: entraram na banda David Nicholson (irmão de Hugh) e Charlie Smith (em substituição a Timmy Donald). Foi com esse line up que a banda assinou contrato com o selo Rocket Records de Elton John e lançou Another Time Flight Night, em 1977.
Another Time Flight Night (que teve co-produção de Elton John) marcou uma guinada, em termos musicais e comerciais, na carreira do Blue. É na verdade um disco de soft e pop rock setentista, à maneira de Paul McCartney, George Harrison e do próprio Elton John. Nele pode-se constatar que o talento pop da banda permanecia intacto: entre vários bons momentos, estava a irresistível “Capture Your Heart”, única canção do Blue a conseguir uma posição no Top 40 das paradas de singles americana e britânica. Fools Party (1979) viria em seguida, seguindo a mesma sonoridade de seu antecessor, mas foi o último disco da banda nos anos 70.
A rigor, o Blue jamais terminou – há registros do lançamento de dois álbuns de inéditas em 1999 (The L.A. Sessions, contendo canções gravadas pela banda entre 1979 e 1982, e Country Blue) e uma coletânea, 20, todos eles pelo selo The Record Label. Se de fato a banda não voltaria a alcançar o patamar de qualidade de Blue, também é verdade que ela continuou lançando bons discos depois. Sendo o power pop um estilo repleto de artistas e bandas que só obtém o devido reconhecimento com anos de atraso, urge redescobrir e recuperar a obra do Blue, em especial o seu seminal álbum de estréia, com inteira justiça incluído na lista Shake Some Action de John Borack.
O Blue foi formado em 1973 na cidade escocesa de Glasgow (de onde, décadas depois, viriam bandas extraordinárias como Teenage Fanclub, Cosmic Rough Riders e Primary 5), por Timmy Donald (bateria e vocais), Ian MacMillan (baixo, guitarra, vocais) e Hugh Nicholson (guitarra, teclados e vocais). Naquele mesmo ano a banda assinou contrato com o selo RSO Records e lançou seu álbum de estréia, homônimo.
Blue (o disco) é hoje considerado um clássico do power pop, e não são poucos os que o vêem como uma real obra-prima. As influências de Raspberries, Badfinger, Beatles, dos primeiros discos dos Bee Gees e da carreira-solo de Paul McCartney são as bases de um disco que mescla rocks vigorosos (“Look Around”, “Sitting on a Fence”, “Little Jody”) com baladas arrebatadoras, que exalam beleza e melancolia nas mesmas proporções (“Red Light Song”, “Sunset Regret”, “Timi’s Black Arrow”, “The Way Things Are”). Citar uma única canção não é tarefa fácil, mas é impossível ficar alheio ao se ouvir “I Wish I Could Fly”, possivelmente uma das mais belas – e tristes – baladas já escritas. Infelizmente, a impossibilidade de divulgar o disco adequadamente fez com que suas vendagens fossem decepcionantes.
A banda se mudou então para Los Angeles, onde adicionou o guitarrista Robert “Smiggy” Smith à sua formação e lançou seu segundo disco, Life in the Navy (1974), novamente pela RSO Records. Nele, canções como “Sweet Memories”, “Lonesome” e “Sun Sunday” mostram uma aproximação com o country rock de artistas como Gram Parsons, Neil Young e C,S&N, mas o power pop e as baladas emotivas características do disco anterior aparecem em “Atlantic Ocean”, “Love”, “Max Bygraves” e “You Give Me Love”.
No entanto, a saída de Smith da banda prejudicou a divulgação do disco, que acabou não tendo a vendagem esperada, tal como seu antecessor. Após isso, uma nova formação do Blue emergiu de várias sessões realizadas no programa de John Peel, na Radio 1 da BBC de Londres: entraram na banda David Nicholson (irmão de Hugh) e Charlie Smith (em substituição a Timmy Donald). Foi com esse line up que a banda assinou contrato com o selo Rocket Records de Elton John e lançou Another Time Flight Night, em 1977.
Another Time Flight Night (que teve co-produção de Elton John) marcou uma guinada, em termos musicais e comerciais, na carreira do Blue. É na verdade um disco de soft e pop rock setentista, à maneira de Paul McCartney, George Harrison e do próprio Elton John. Nele pode-se constatar que o talento pop da banda permanecia intacto: entre vários bons momentos, estava a irresistível “Capture Your Heart”, única canção do Blue a conseguir uma posição no Top 40 das paradas de singles americana e britânica. Fools Party (1979) viria em seguida, seguindo a mesma sonoridade de seu antecessor, mas foi o último disco da banda nos anos 70.
A rigor, o Blue jamais terminou – há registros do lançamento de dois álbuns de inéditas em 1999 (The L.A. Sessions, contendo canções gravadas pela banda entre 1979 e 1982, e Country Blue) e uma coletânea, 20, todos eles pelo selo The Record Label. Se de fato a banda não voltaria a alcançar o patamar de qualidade de Blue, também é verdade que ela continuou lançando bons discos depois. Sendo o power pop um estilo repleto de artistas e bandas que só obtém o devido reconhecimento com anos de atraso, urge redescobrir e recuperar a obra do Blue, em especial o seu seminal álbum de estréia, com inteira justiça incluído na lista Shake Some Action de John Borack.