terça-feira, 20 de novembro de 2007

"Now That You're Fed" - CHRIS BROWN!


Vez por outra esbarramos com pessoas abençoadas por múltiplos talentos. E não raro nos perguntamos: “por que não eu?”. Mas o melhor é nos concentrarmos em nossas próprias habilidades e desfrutar daquelas que outros podem oferecer. É aqui que entra Chris Brown: cineasta independente de São Francisco, EUA, além de produzir filmes elogiados como Scared New World, nos traz seu primeiro álbum de canções, Now That We’re Fed.

Porque além de profissional da película, Brown teve lá suas bandas e colaborações como músico em discos alheios (um exemplo mais recente é a participação no álbum How I Won The War... dos Well Wishers). E apesar do que poderia sugerir sua ocupação principal, o cineasta-músico não trata suas músicas com visão “filmográfica” ou com brechas adaptáveis a trilhas sonoras. Talvez as letras, baseadas em narrativas e descrições, revele o traquejo roteirista de Brown.

O tratamento dispensado ao disco é de um verdadeiro cantor-compositor interessado em apresentar canções pop de acabamento bem cuidado. Em Now That... o músico americano toca as guitarras, o baixo, piano e órgão, além de fazer os vocais. Na produção tem o auxílio luxuoso do ex-Jellyfish Chris Manning, o que acaba dando um ar exuberante à gravação – fato louvável para um álbum editado pelo próprio artista. Já o clima das faixas trafega pela delicadeza acústica e a consistência sônica do pop orquestral.

Na abertura do álbum essa delicadeza emerge em “Right on Time” e “I Won’t Ask Why”, que nos remetem à imagem de um Elliott Smith sem tantos ressentimentos, harmonizações paradisíacas e pitadas de orquestrações à moda E.L.O. “All My Rivals” foi a canção que me fez procurar Chris Brown: vocais macios, harmonia “Wilsoniana” e melodia das que te fazem acreditar que o mundo pode ser melhor. A canção título vem com a pose erudita dos violinos, mas que só realça a natureza pop das melodias. Piano e voz para a celestial “Waiting For Caroline” e voz e violão para “Things She Laughed About”. Não mais que um minuto e meio é necessário para o desfile da beleza orquestral e acústica em “Tummy Ache”. A grandiosidade instrumental encontra a sutileza pop em “Not Gonna Make It Easy”, lembrando os melhores momentos do Jellyfish. Jill é a “Another Girl” que encerra o disco: ela pode ser Madonna de cabelo verde-choque ou Sócrates de blue jeans.

Agora que você está nutrido (“Now That You’re Fed”) de perfeitas canções pop, cometa o pecado da gula, pressione o repeat e sirva-se outra vez, outra vez e outra vez.

www.chrisbrowntunes.com

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