segunda-feira, 9 de abril de 2007

Se não é, deveria ser: a banda de cabeceira de todo power popper - The Zombies!

THE ZOMBIES

Por Marina Nantes

Se bom pop é uma associação difícil ou até novo verbete para o leitor, então não deve ser acaso você estar hoje nessa coluna.

O Império Britânico atacava. British Invasion como se dizia. Zombies, não só mais um deles certamente. Eu, integrante da nova geração ouso me surpreender com acordes que batem nos ouvidos ainda tão frescos. Olho a capinha e busco pormenores, e logo a miúda me mostra: '1967'.
Odessey & Oracle é (adoravelmente)obrigatório.

Foi em St. Albans - cidadezinha não tão longínqua da capital inglesa - onde tudo começou. Suspiro. Foi lá. Era sixty-two no calendário local e já soavam como profissionais do Top of the Pops. Da formação inicial (Hugh Grundy, PaulAtkinson, Paul Arnold, Rod Argent e Colin Blunstone), substituiu-se o baixista Arnold por Chris White. Este viria a assinar hits memoráveis e injustiçados. Um primeiro álbum repleto de singles ("She's not There", "Leave me Be", "Tell herNo", "She's Coming Home") ocupando posições momentâneas nos top charts - mais americanos que ingleses. Álbum que incluia outras com o mesmo potencial, como a soberba "Is This the Dream", só para mencionar uma. E Spencer Leigh, da BBC Radio, promoveu "Tell her No" como a canção mais negativa da história do pop. O motivo? Simplesmente porque repetia a palavra "no" mais de 70 vezes em dois minutos apenas!

Assim como seus contemporâneos Beatles, os Zombies também tiveram suas garotas, jurando amor eterno enquanto se esgoelavam pelo fascínio de ver o aceno distante de um dos garotos. Também! Argent, com maestria, tinha seus acessos de loucura rítmica em seu teclado orgásmico em solos que convencionalmente seriam de guitarras. Zombies experimentava uma pitada do bom e velho R n' B, mesclando o bom e saudável rock com os vocais ternos ora elétricos de Blunstone. Foi essa magia que envolveria o próximo álbum, Odessey & Oracle.

Esse foi gravado nos grandiosos estúdios Abbey Road (sim, logo após aquele OUTRO disco...). Porém, antes mesmo de serem completadas as mixagens do segundo disco a banda já havia anunciado seu fim.

Um ano depois, um certo DJ americano, entorpecido pelas vibrações e perplexo pela versatilidade de "Time of the Season", tocou-a insistentemente em sua rádio até começar a receber pedidos de telefone implorando por mais transmissões da faixa. Isso desencadeou uma reação inesperada na América, assim como por parte da gravadora dos Zombies, a CBS: "Time of the Season" foi uma espécie de glorificação póstuma, na medida em que atingiu o mais alto topo das paradas.

O fato dos Zombies terem recusado se reunirem novamente foi uma prova de fidelidade aos seus valores musicais. No entanto, esse acontecimento despertou idéias mirabolantes em uma empresa americana: começaram a promover shows com falsos Zombies, que raramente sabiam mais do que 3 hits dos originais. A reivindicação de muitos diante de tal farsa até pela não semelhança física (!)dos integrantes com os verdadeiros encurralou os promoters. E a resposta foi a de que Colin Blunstone teria morrido em um acidente e seu último desejo foi que continuassem a tocar! Uma picaretagem desmascarada mais tarde.

Odessey & Oracle se revela como uma grande ostra que esconde precioso conteúdo: nele, reluz a magnificência de recursos líricos até então não explorados. E em muitas canções se ouve arranjos em tons menores, feito raro na década de 60 para uma banda essencialmente radio pop.

"Care of cell 44" (ou "Prison Song"), cuidadosamente moldada, assim como a maioria, harmoniza estruturas delicadas. A forma como Blunstone se expressava e canalizava sua emotividade revelava a verdadeira essência da música: alma. Umamor esperançoso ("Maybe after he's gone / She'll come back / Love me again"); inocente ("The warmth of your love's / Like the warmth of the sun"); observador e suave ("A sweet confusion filled my mind / until I woke up only findingeverything was just a dream").

Era essa ousadia, sempre tão presente e depuradaem hinos quase angelicais - "Brief Candles" ou na favorita de Blunstone, "A Rose for Emily" que faz de Odessey & Oracle produto de uma genialidade autêntica, embrião do power pop vindouro.

Os liner notes do disco lamentam que justamente pela pronúncia de seu nome, os Zombies ocupam a última entrada do Guiness Book de Hit Singles Britânicos. Em termos de qualidade, deveriam ser um dos primeiros.

3 comentários:

lron disse...

Caray, debo tener algo de familia por Brasil.
Yo tambien me apellido NANTES.
Saludos desde España

Fdo. Luis lron

ANTONIO DUTRA disse...

QUE BOM QUE EXISTEM PESSOAS COMO VC MARINA QUE APRECIAM O SOM DESSA MARAVILHOSA,PORÉM INJUSTIÇADA BANDA,NA MINHA MODESTÍSSIMA OPINIÃO9MTOS ME CHAMARÃO DE LOUCO OU EXAGERADO,POUCO ME IMPORTA,MAS SE OS ZOMBIES TIVESSEM UM POUCO MAIS DE SORTE E ALGUNS ANOS MAIS DE VIDA SERIAM MELHORES QUE OS BEATLES!GOSTO TAMBÉM DE BEACH BOYS,ANIMALS E THE HOLLIES,ABRAÇOS

MARCYA FERRAZ disse...

Esta banda era genial, os acordes obtidos pela emissão simultânea de três ou mais notas musicais.
A música, seja ela em forma de sons ou de silêncio, de ruídos ou de melodias, tem o poder de provocar muitos efeitos sobre o sensorial do ouvinte. Uma boa trilha sonora acentua toda a emocionalidade de uma cena, gera profundidade e até pode definir o significado de um tema.
Mais que uma composição musical a trilha sonora causa climas! Este é o caso aqui desta lendária banda britânica.