terça-feira, 29 de maio de 2007

Entrevista exclusiva: Adolfo García, líder da maior banda power pop da Espanha - FEEDBACKS!


Quase 12 anos de estrada, cinco álbuns no currículo e a evolução do punk pop para o power pop. Com Sunday Morning Record os Feedbacks (Adolfo García - voz e guitarras, Carlos García - baixo e vocais, Javi Cimadevilla - guitarras e Pablo González - bateria e vocais) atingem a maturidade musical e o posto de principal banda power pop da Espanha.
Canções lapidadas para alcançar a perfeição pop, refrões harmônicos, guitarras saturadas, ambiente sixtie, melodias colantes. Do power pop clássico de guitarras faiscantes ao pop orquestral de pianos e vibrafones.
Tudo isso em Sunday Morning Record , disco fruto da evolução natural do quarteto, como nos conta com exclusividade direto das Astúrias (Espanha) o líder dos Feedbacks Adolfo García.

Power Pop Station: Conte-nos um pouco sobre a trajetória dos Feedbacks.

Adolfo García: Um pouco do espírito da banda continua sendo o mesmo de quando começamos, amigos que se reúnem, como fãs de pop, para homenagear seus heróis favoritos. E é curioso que, com o tempo, tenhamos nos transformando em músicos, que o grupo siga vivo depois de quase 12 anos, com cinco discos nas costas... é quase um milagre. Fazemos o que temos vontade em todos os sentidos e é essa liberdade que te permite ir tocar em algum lugar perdendo dinheiro, mas sabendo que as pessoas te valorizam. É essa liberdade que te permite seguir uma linha coerente, não fazer concessões, vender pouco discos mas tocar em um festival cool. A guerra está perdida, mas algumas batalhas nós vencemos.

PPS: Quais suas principais influências do passado e presente?

García: Somos todos fãs de música pop em geral, as influências são muitas e muito variadas: das bandas clássicas, Ramones, Beatles, Beach Boys, Big Star ou Raspberries; das atuais, Fountains of Wayne, Teenage Fanclub, Wilco ou Weezer, para dar alguns exemplos.

PPS: Por que o power pop é tão forte na Espanha (se comparado ao Brasil, por exemplo). E em quais grupos espanhóis devemos prestar atenção?

García: A verdade é que aqui o power pop também não é muito forte. Temos sim a sorte de a pouca gente que gosta ser verdadeiramente apaixonada, são poucos fãs mas muito, muito fiéis. E graças a resposta dessa gente, a maioria amigos, seguimos fazendo música, porque o apoio da mídia, festivais, etc, é nulo, e salvo raras exceções, parece que o power pop nunca vai estar na moda, como já aconteceu com o garage o punk, o noise, a americana. Um gênero que engloba tanta variedade (acredito que tem um pouco de tudo) e a priori tão acessível a qualquer ouvido, não há possibilidade que um dia chegue sua hora. Mas ainda assim, as pessoas que estão por trás do power pop na Espanha fazem acontecer, coletivos como o Alta Tensión em Valencia organizando concertos, selos como a Rock Indiana, para dar alguns exemplos; ou sites como o Power Pop Action! etc, se encarregam de colocar um monte de amigos em contato, que agora, mais que nunca, estão apostando nisso, compartilhando sensações. Outra coisa é que por fim acabe alcançando a mais gente... mas, esperamos que sim.
Gosto muito de quase todo power pop que se faz na Espanha (mesmo que não sejam muitos os discos de power pop lançados) com gente como Bubblegum, que é minha banda preferida, ou mais recentemente Runarounds, que fizeram um baita disco.

PPS: Quando ouvi os primeiros discos do Feedbacks, algumas músicas me lembraram muito os Parasites (banda americana de punk-pop-bubblegum dos anos 90). Agora, quando ouvi o Sunday Morning Record, nem sequer sei quem são os Parasites... Fale-nos sobre a evolução do grupo nesse último trabalho.

García: Foi uma evolução natural. Quando começamos, punk pop era o que nossa vontade pedia, assim que os primeiros discos soam muito frescos e diretos, e certamente os Parasites e os Ramones eram nossas principais influências. O terceiro disco, Nothing A Little Pop Won’t Cure, marca um pouco a direção dos dois seguintes, mais variado e alcançando outros estilos, certamente com foco nas canções - tentamos sempre fazer a canção pop perfeita. No disco anterior (o quarto) My Own Revolution, ficamos muito contentes porque alcançou todas as expectativas que tínhamos colocado antes de gravar, fizemos com a emoção de quem grava o seu primeiro disco e essa paixão transparece no que por fim resultou o Sunday Morning Record. Essa é uma opinião unânime de toda a banda. Nesse último disco tem-se um pouco mais do íntimo de cada um dos compositores que agora são três com o Pibli, o novo baterista que se encaixou como uma luva. Além do que, as letras não são simples apoios a uma canção pop, ainda que no disco anterior já havíamos cuidado delas mais do que o habitual. Acho que cada canção reflete fielmente a sensação que queríamos dar quando o disco estava apenas nas nossas cabeças.

PPS: Conheço muitos power poppers na Espanha – incluindo jornalistas, críticos e radialistas – e todos me disseram: “Os Feedbakcs são o melhor grupo power pop que temos”. O que você acha disso?

García: Bom, é uma grande honra que as pessoas pensem isso. Te digo que a sensação que transmitimos às pessoas cujo bom gosto respeitamos é mesma que nos anima a seguir em frente, aqui incluo desde jornalistas ou críticos ou qualquer pessoa que ame o pop de guitarras.

PPS: Uma mensagem aos brasileiros:

García: Um forte abraço para todas as pessoas no Brasil que são apaixonadas pelas boas canções pop! Apóiem suas bandas! Volver, Impar, etc, são sensacionais!!!


www.myspace.com/feedbacks

sexta-feira, 25 de maio de 2007

Entrevista exclusiva: RICHARD X. HEYMAN!


Artesão da canção pop e seguidor fiel do rock clássico, o cantor-compositor novaiorquino, aos 20 anos de carreira, tornou-se um espécie de cult-hero dos power poppers.
Com cinco álbuns cheios na discografia, porções de riffs, melodias e harmonias envolventes, Richard X. Heyman acaba de lançar Actual Sighs, onde "regrava" seu primeiro disco nunca lançado.
Direto de Nova York, ele falou com exclusividade ao Power Pop Station.


Power Pop Station: Você é um artista reverenciado por power poppers em todo mundo e às vezes chamado de "power pop hero". O que você acha disso?

Richard X. Heyman: Eu sempre aprecio quando alguém gosta da minha música. Não é meu trabalho categorizar o que faço. Eu não penso em termos de "power pop " ou qualquer outra classificação. Música é uma válvula de escape emocional para mim. É muito gratificante quando recebo um comentário de um fã, que me diz como ele ou ela reage à minha música, em particular, ou a todo o álbum.

PPS: Hey Man! é seu único álbum lançado por uma grande gravadora (Sire/Warner Bros.) e a crítica o considera sua obra-prima. Obviamente não existe relação entre os dois fatos. Fale-nos sobre isso.

RXH: Hey Man! obra-prima? Eu gostaria que alguém tivesse dito isso ao pessoal da Sire/Warner Bros. Eu sempre tento fazer o melhor em cada álbum. Alguns encantam ouvintes diferentes por diversas razões. Eu acho que Hey Man! tinha uma seleção eclética de faixas. Os temas tinham conteúdos bastante diversos, como "Civil War Buff" ou "Monica", que foi o primeiro gato que eu resgatei (Nota do editor: Heyman participa de grupos de resgate de animais em Nova York). Novamente, sou agradecido pelo retorno positivo que recebo.

PPS: Você teve um hiato discográfico em sua carreira entre Hey Man! (1991) e Cornerstone (1998). O que aconteceu?

RXH: Eu estava tranquilo na Sire/Warner Bros. esperando para fazer o sucessor de Hey Man! Perda de tempo. Quando finalmente soube que a gravadora não tinha interesse em gravar um novo álbum comigo, fui a um estúdio aqui em NY e comecei a trabalhar as canções para Cornerstone. Então assinei com um selo independente que apenas estava começando. Eu estava sob contrato e não podia lançar nada até que eles (o selo) engrenassem. Quando me dei conta, vários anos passaram. Todo este tempo estive escrevendo, gravando no estúdio e tocando em shows. Também estive bastante envolvido com resgate de animais.

PPS: Quais suas influências do passado? E da cena atual, quais bandas ou artistas você recomenda?

RXH: Bem, eu sou um pouco tradicionalista quando se fala em rock and roll. Fui influenciado por Chuck Berry, Little Richard, The Everly Brothers, Buddy Holly, The Beach Boys, os compositores da Brill Building, Motown, The Beatles, The Rolling Stones, The Who, The Kinks, The Rascals, The Birds, The Lovin' Spoonful, Procol Harum, The Zombies... Fui a muitos concertos enquanto crescia. Adorei o Fillmore East. Foi muito estimulante. O som do Fillmore era lindo. Uma das melhores bandas que tocaram lá foi o Procol Harum. Adorei a voz do Gary Brooker e a bateria fantástica do B.J. Wilson. Eu quase não escuto a nova cena musical, mas gosto do Sufjan Stevens.

PPS: Talvez você seja o primeiro artista a começar a carreira discográfica pelo segundo álbum e a lançar o primeiro 20 anos depois...

RXH: Eu nunca consegui gravar meu primeiro álbum nos anos 80. Simplesmente eu não tinha dinheiro para ir a um estúdio e gravar todas músicas que eu tinha selecionado para meu debut. Então gravei em um EP seis destas canções. O resto do material eu coloquei de lado, ou melhor dizendo, pus numa pasta embaixo da minha cama. Depois comecei a trabalhar em meu projeto seguinte, onde selecionei uma porção de canções completamente diferentes e que viriam a se tornar meu primeiro LP, chamado Living Room!!
PPS: Deixe um mensagem para seus fãs brasileiros.
RXH: Adorei saber que tenho fãs no Brasil. Prometo escrever de volta a cada mensagem que eu receber. No momento estou escrevendo material para meu novo álbum, que terá a maior parte das canções baseadas em piano. A produção terá instrumentos acústicos com um mínimo de bateria. Sou grande fã de Joni Mitchell, e sempre adorei músicas como "Ladies Of The Canyon" e "Blue", especialmente canções ao piano. Então, o sentimento do meu próximo disco seguirá nessa linha.
Obrigado a todos pelo apoio.






































terça-feira, 22 de maio de 2007

Promessa mineira: RADIOTAPE!


Formada por Adílson Badaró (voz e guitarras), Lucas Sallum (baixo e vocais) e José Caputo (bateria), a recém-nascida banda mineira Radiotape já chega mordendo.
Apresentando uma espécie de "pré-demo" gravada ao vivo em estúdio, o grupo traz o frescor de quem acabou de colocar o pé na estrada onde todas as possibilidades estão abertas. E acredita piamente nas próprias forças.

Simplicidade e espontaneidade que flui em cinco canções cuja única pretensão é não ter pretensão - agradar a si mesmos e a quem interessar possa. Um auto-teste de como poderiam soar depois de impresssos em meio digital; de quanto a qualidade autoral supera a técnica: boas composições não precisam se esconder sob efeitos de estúdio.

E, apesar da juventude e pouca experiência, Badaró, Sallum e Caputo já aprenderam a decantar suas referências, filtrar suas influências e mesclar as características que cada um pode trazer de melhor. Desde a crueza rascante dos Strokes às melodias chicletudas do Teenage Fanclub. Fora a inspiração que só as audições de David Grahame e Cherry Twister podem proporcionar.
Canções curtas e diretas, que vêm, dão seu recado e vão, deixando aquela vontade de pressionar o "play" outra vez.

Para breve os mineiros de BH prometem nova gravação, com produção cuidada e sabendo onde aparar as arestas. Aí é botar a banda na rua pra valer. Quem vier atrás, verá.


Para ver, ouvir e saber mais:



sábado, 19 de maio de 2007

Mod, power pop, 70's: TENNISCOURTS!


A audição do álbum debut do trio de Chicago não revela se o estilo de jogo está mais para Pete Sampras ou John McEnroe, ou se eles preferem rebater as bolinhas em piso de grama ou saibro.
Mas fica claro a admiração pela pegada do Cheap Trick, a classe do Jam, a crueza mod e o melodicismo power pop.

Eles se definem como um "Kinks pós-punk" e admitem influência de Syd Barrett nas guitarras.
Soam despretenciosos, trafegando sempre por ambiências setentistas, com ar de banda clássica e britânica como Wimbledon.

Para ouvir e saber mais:



quarta-feira, 16 de maio de 2007

PHIL AIKEN - It's Always The Quiet Ones



Por anos a fio Phil Aiken guardou naquela caixa no fundo da mente sua ambição secreta de dar ao mundo as próprias composições, já que sempre foi conhecido como o “tecladista do Buffalo Tom”, onde executava somente canções alheias.

Em 2001, o americano de Boston, debutou solo com Don’t Look Down.
Animado com o resultado da empreitada, afiou os dedos de pianista e amolou seu refinado senso melódico para nos entregar, em 2006, este It’s Always The Quiet Ones.

Com canções guiadas por pianos e teclados, na linha de por exemplo Ben Folds, o álbum traz hits potenciais, como a empolgante e doce “Albatross”, ou a cadenciada de refrão ganchudo “Ginny Took The Easy Way Out”, ou ainda a perfeição pop de “Figurine”.

Aiken preparou ainda uma versão low-profile do hino punk pop “What Do I Get?”, dos seminais Buzzcocks. Tudo com uma pequena ajuda dos amigos Dean Fisher (que já foi baterista das musas indie Juliana Hatfield e Tanya Donnely), do líder do Buffalo Tom, Bill Janovitz (que escreve a nota de apresentação no encarte) e a própria Tanya Donnely (que aparece nos vocais da triste e belíssima faixa de encerramento, “Last Laugh”).

Apesar de ter sido concebido sob emoção de uma recente perda, It’s Always... não esquece a ternura nem a leveza pop por todos os seus quase 40 minutos de duração.


Para ouvir e saber mais:



segunda-feira, 14 de maio de 2007

ENTREVISTA EXCLUSIVA: GREAT LAKES!


GREAT LAKES - THE GREAT LAKES / THE DISTANCE BETWEEN

Por Marina Nantes

Tenho sonhado com Great Lakes. Aperitivos sonoros cuidadosamente armazenados em meu subconsciente. Acordo e lembro-me de "A Little Touched". Faço o café. Se você colocar um pouco mais de açúcar, não faz mal. É sempre a medida certa paraum new-psychedelic saboroso... Antes de sair de casa, MP3 ligado em "Storming". Dois minutos para a aula começar, um momento para "Posters for the Theater". Ônibus lotado, assobiando "An Easy Life". Deixe a cabeça livre de preocupações. Chego em casa e meu estéreo me acolhe com "Now is When " em seus contornos suaves irradiando The Zombies... No dia seguinte, decidi demorar-me na cama; não levantaria para trabalhar. Mas o despertador não resistiu e soou. Eu, já pensava na canção que seria a trilha sonora de mais um dia de minha vida.


A Entrevista.

Chame-os de saudosistas, deslocados, antiquados, lunáticos fora de contexto. A trupe da Elephant Six abraça com coragem todos esses rótulos, ainda que reivindique, para sua arte, uma expressão admiravelmente inefável. E quem disse que os Great Lakes não se orgulham disso?


Power Pop Station: Grande prazer e honra entrevistá-los!

Dan Danahue: O prazer é todo nosso.

PPS: O que seus colegas do colegial escutavam e diziam enquanto você e Ben absorviam a atmosfera sessentista?

Dan: O que ouvíamos de psicodélico no colegial era Spacemen 3 e os primeiros discos do Flaming Lips. Mas minha primeira experiência realmente psicodélica foi assisitir Yellow Submarine quando era criança!

Ben Crum: Na verdade nós não estávamos completamente mergulhados em 60's music. Claro que tínhamos conhecimento mas ainda não amávamos Zombies, por exemplo. Eu ainda estava na fase de tirar as músicas do Bob Dylan na guitarra. Também curtíamos Galaxie 500 e Jesus and Mary Chain. Mas, pelo menos para mim, quando conheci bandas como Flaming Lips e Teenage Fanclub - bandas que reconheciam a influência de Beach Boys, Beatles, Big Star, entre outros - comecei a me interessar em olhar para trás e descobrir as 'oldies' que não estavam nas rádios. Como resultado, simplesmente gravitamos em torno de coisas 60's psicodélicas, pelo menos na época em que ainda morávamos em Athens e que ainda estávamos ligados com a Elephant 6.


PPS: Ouvir Great Lakes é como ouvir um concerto sinfônico! Pode nos dizer quais instrumentos vocês usaram nas gravações do álbum de estréia?

Ben: Um monte! Piano, órgão, uma porção de sintetizadores analógicos, guitarra, baixo, bateria, banjo, flauta, clarinete, trompete, tuba, guitarra slide, violino, violoncelo, um despertador que canta uma musiquinha em árabe, uma espátula (que soa como um theremin), uns tubos plásticos que faziam um barulho legal, pianos de criança, xilofones, gaita, acordeão, melodica, uma tonelada de instrumentos de percussão. Basicamente, tudo o que encontrávamos pelo caminho.


PPS: É possível levar essa estrutura e o conceito original da gravação para cima do palco, e reproduzir a proposta psicodelizante?

Ben: É possível sim. Tentamos há alguns anos, às vezes funcionava bem. Depende muito da acústica do lugar. Mas parece um pouco desleixado ter 9 ou 10 pessoas em cima de um palco, como já fizemos. Sinceramente, adoro psicodelia e grandes produções, mas não estou interessado em realizar um show de efeitos especiais. Prefiro simplesmente tocar bem e ver a reação do público, são essas sutilezas de se tocar junto que não se consegue com uma banda muito numerosa. É um espetáculo visual para o público, mas não compensa em termos musicais.


PPS: Acho "Storming" extremamente vigorosa! Às vezes a música tem esse poder de canalizar em poucos minutos toda a beleza do mundo. Qual o efeito que vocês esperam provocar em nós ouvintes?

Ben: Musicalmente, tentei levá-la para um território ambíguo. A própria dinâmica é indicativa de como melhor trabalhamos juntos. Quis que essa canção definisse o tom do álbum, entre outras coisas. “Storming” tem uma intro majestosa, quase pedindo pro ouvinte levar a música a sério. Depois vem um verso fervoroso encorpando o refrão. E o final vai se construindo devagar chegando num súbito crescendo psicodélico. Existe uma tensão percorrendo a canção, com um final redentor. Para obter esse efeito, gravei uma série de faixas com teclados nas quais acrescentei várias notas dissonantes, e no final estava quase pressionando 12 teclas, e oitavas, pianos, órgãos e sintetizadores! Uma técnica emprestada da música clássica. Também tem um toque de "A Day in The Life". Talvez o efeito possa ilustrar musicalmente a sexualidade da própria letra.

Dan: Pra mim não tem nada de sexy, Ben. Foi sobre como esquecer uma antiga paixão e aceitar o fato de que ela me trocou por outro cara. A música curou as feridas.


PPS: Em alguns momentos, vocês soam descaradamente Zombies. Foi um desafio graver "This Will Be Our Year" e as outras covers do The Distance Between? (em tempo: "Morning of my life" do Bee Gees e "Some of Shelley's Blues" de Michael Nesmith.) Os Great Lakes já conheceram alguns de seus ídolos?

Ben: Sim, um desafio e tanto! De todas as covers, estou mais orgulhoso pelo resultado de "This Will Be Our Year", e ironicamente, mais envergonhado por ela. Adoro a produção. As mixagens e gravações relembram uma gravação de um pequeno estúdio de 1968 ou algo de tipo. Mas odeio meu vocal. Queria ter lançado essa como instrumental, talvez assim vocês pudessem ouvir todos os barulhinhos cool que acontecem nessa faixa. Como uma faixa instrumental à la Pet Sounds.

Dan: Encontrei Lou Reed e simplesmente congelei. O que eu ia dizer pro cara?


PPS: A Elephant 6 inclui Great Lakes no chamado território E6 Costa Leste, ao lado de grandes nomes como Sunshine Fix, The Circulatory System e Elf Power. Realmente é uma benção ter todos esses artistas reunidos em um só lugar! Com quem costumam tocar? Existe uma filosofia subjacente a todas as bandas da Elephant 6, uma espécie de pacto comunitário?

Ben: Bem, não estamos mais no mesmo lugar. Moramos agora em Nova York. Mas foi bom enquanto durou. Valorizávamos a gravação caseira, assim como auto-expressão como pura arte. Mas diria que quase todos nós que estávamos associados com a E6 abandonamos muitas das idéias originais, pelo menos até certo ponto. As pessoas estão gravando em grandes estúdios agora, em vez de seus quartos.

Dan: Sinto falta deles todos, especialmente de Will Westbrook que faleceu recentemente. É difícil falar sobre isso agora.


PPS: Como está sendo a aceitação do terceiro e tão aguardado álbum, Diamond Times (lançado em 2006, seis anos depois do auge criativo da dupla Dan Donahue/Ben Crum no disco homônimo)? O All Music Guide classificou o disco como fruto de "uma banda classic rock", e não mais como resultado da imaginação confusa de uma banda pop em seu quarto bagunçado. Great Lakes se olha no espelho e percebe que a maturidade chegou ou não vê problema algum em soar eternamente rebelde?

Ben: Muitos críticos tentam compará-lo a Camper Van Beethoven, o que parece um tanto estranho pra mim. Não era nada disso o que estávamos pensando! Dan e eu nos olhamos no espelho, figurativamente e literalmente, e aceitamos que estamos amadurecendo. A música acaba refletindo isso. Num show recente no Brooklyn, uma fã que amava o primeiro álbum se aproximou depois do show e mencionou que antes
Great Lakes parecia a banda mais feliz do mundo, e agora as músicas novas estão bem tristes. Quando ela perguntou o que tinha acontecido, eu disse simplesmente que a vida tinha acontecido, só isso. Mas também podemos ser rebeldes e vivos agora, mais do que nunca. Somos um trio, eu nos vocais e guitarras, Kyle Forester no baixo e backing vocals e Kevin Shea na bateria. Esses caras podem ser um tanto rock n' roll e bombásticos às vezes!

Dan: É uma nova direção para a banda. Hoje em dia, só há espaço para fazer o que se gosta e esperar que as pessoas certas encontrem os discos. Aqueles que amam a música pela música, não os penteados, os barbas ou figurinos.


PPS: Sabemos que o Dan cuida das letras e da parte gráfica. Poderia descrever o processo musical-visual e sua interdependência?

Dan: A música é uma arte de contar estórias, transformar um sentimento em algo tangível. Foi sempre o que quis fazer da vida.


PPS: Em junho de 2006, o site da Elephant 6 idealizou um projeto para um lançamento de DVD compilando as bandas da gravadora, e incentivou fãs que tivessem gravações de shows e raridades a enviarem material. Acredito que em breve teremos um belíssimo resultado... O que acham da iniciativa? Você acredita que possa ser um documentário ao estilo de DIG! ? (Nota: Lançado em 2004, o longa-metragem vale a pena pelo tom realístico ao mostrar o conturbado relacionamento de duas bandas-irmãs, Dandy Warhols e Brian Jonestown Massacre).

Ben: Com quem eu entro em contato?!!! Tenho uma porção de coisas! Seria maravilhoso, sempre lembrarei dessa época como a melhor.


PPS: Quais os próximos passos do Great Lakes? Não se esqueça de incluir: "Turnê pelo Brasil" dessa vez!

Ben: Fazer alguns shows pela Europa, talvez nos EUA na primavera.

Dan: Minha promessa é escrever o máximo possível. O Brasil é meu sonho!!! Você pode nos levar?


PPS: Como vocês gostariam de serem lembrados pelas gerações futuras?

Ben: Como uma boa dupla de compositores, como artistas apaixonados e envolvidos e que buscaram fazer o que amam todos esses anos. Isso seria suficiente.


PPS: Aliás, vocês têm algum disco brasileiro?

Dan: Jorge Ben!!!! Os Mutantes!!! Veloso!!!

Ben: Amei todos os discos da Tropicália que ouvi, mas não sei bem o que se passa aí nesse momento. Mas também não sei muito o que se passa em Nova York, e eu moro aqui!

Dan: Obrigado pelo interesse, precisamos da ajuda de todos vocês!


Para ouvir e saber mais:

sexta-feira, 11 de maio de 2007

Para onde foi a identidade do PHANTOM PLANET?


Algumas bandas passam anos processando suas referências e influências, adicionando ao fluxo suas experiências e novos conhecimentos, até forjar sua prórpia personalidade e estilo.
Outras já nascem donas de um traço pessoal mais forte, mais bem resolvidas em relação às suas referências e derivações.
É neste segundo caso que se encaixam os californianos do Phantom Planet, que desde seu álbum de estréia em 98, Phantom Planet Is Missing, já pareciam prontos e certos de onde queriam chegar.
Quatro anos depois, vieram com o sensacional The Guest, puxado pelo hit "California" - que foi trilha da badalada série televisiva The O.C. - apresentando uma pegada rocker segura e senso pop apurado. Podiam soar como uma mistura de Weezer com Travis ou Radiohead (fase The Bends) com Fountains Of Wayne.

Ali o Phantom Planet mostrou uma coleção de canções vigorosas, ensolaradas, com melodias sinuosas e um vocalista (Alex Greenwald) extremamente voluntarioso, imprimindo tom personalístico às músicas. Faixas empolgantes com refrões colantes, já moldados no "padrão Phantom Planet", transformam The Guest em atestado de proficiência pop.

Passados dois anos, os americanos soltam o novo disco, o homônimo Phantom Planet, com produção do estelar Dave Friedmam. E o álbum impressiona: pela tentativa patética - e surpreendente - de soar como os Strokes. Produção propositalmente "tosca", melodias pobres, minimalismo instrumental, modernices em forma de ruídos inconvenientes, um ranço oitentista em certas faixas, e o pior, um Alex Greenwald imitando, de forma constrangedora, Julian Casablancas.

A impressão que fica é de uma estratégia maquiavélica criada pela gravadora - Sony Music, via selo Epic - de conseguir a "inclusão digital" da banda (já que os Strokes foram o primeiro fenômeno rock da era-Internet). O que pareceria evolução, explode como uma tremenda involução e perda total de identidade de um grupo reconhecido exatamente por deixar carimbados seus trabalhos autorais. E por mais que se imagine que a mudança radical tenha surgido no departamento de marketing da Sony Music, é espantoso que moleques de personalidade marcante tenham concordado com tal disparate.

Nos resta agora esperar pelo quarto álbum - que já está sendo gravado e deve sair ainda este ano - na esperança da retomada de uma qualidade rara em grupos das novas gerações: serem eles mesmos.


Crise de identidade? Tire a prova:
Faixas 1-11: álbum Phantom Planet
Faixas 12-23: álbum The Guest


terça-feira, 8 de maio de 2007

POWER POP DO OUTRO MUNDO: NOVO MAPLE MARS!


Los Angeles pode não ser tão hostil (provavelmente mais) quanto Marte, mas tem muito mais alienígenas por metro quadrado que o planeta vizinho. E, apesar dos temas espaciais, cósmicos, extra-planetários - abordados nos dois discos anteriores - o Maple Mars não tem nada de extraterreste.

Como prova, no terceiro álbum Beautiful Mess, suas viagens apenas esbarram no psicodelismo de Pink Floyd era-Syd Barrett e mergulham com gosto no mundo de Brian Wilson. Os temas colocaram o pé no chão e agora falam de relacionamentos e desencontros.

Rick Hromadka e seus companheiros provam que não perderam o traquejo e seguem apresentando ganchos espantosos e melodias brilhantes, como na faixa-título "Beautiful Mess".


Para saber mais e ouvir:




SINFONIAS POP PARA DEUS - RICK ALTIZER!


Rick Altizer é um fervoroso devoto: das palavras de Cristo e das melodias do pop. Mas é provovável que para a maioria dos power poppers preces ao Senhor não soem tão celestiais como as sinfonias pop que emanam da guitarra do compositor americano.

Scripture Memory-Pop Symphonies é o quinto álbum de Altizer, que acaba da sair do forno, e celebra a redenção por meio da elevação musical, via arranjos de cordas, pianos, paredes de guitarras e espantoso senso melódico. Portanto não se impressione com títulos como "Trust In The Lord" ou "I Can Do All Things Through Christ", porque a verdadeira benção está na beleza das composições. Amém.


Para saber mais e ouvir:



sexta-feira, 4 de maio de 2007

ENTREVISTA EXCLUSIVA COM ANDERS HELLGREN DO THE MERRYMAKERS!


Lançado em 1997 no Japão (em 98 na Suécia e 99 nos EUA), o disco Bubblegun arrebanhou um séquito de admiradores pelo mundo, ao destilar com maestria melodias auto-adesivas e guitarras rascantes. Dez anos depois, a dupla sueca Anders Hellgren e David Mihr, está de volta e prepara seu terceiro álbum de estúdio - prometendo mais daquelas maravilhas sonoras que viciaram power poppers em todo mundo.

Direto de Estocolmo, Anders Hellgren nos falou, com exclusividade, sobre o disco novo e sua surpresa ao descobrir a existência de fãs do Merrymakers no Brasil.

Power Pop Station: Desde o álbum Bubblegun, o que os Merrymakers têm feito?

Anders Hellgren: Bem, antes de tudo, gostaria de lembrar que faz quase 10 anos que o disco foi lançado! Uau! Realmente o tempo voa. Nesse tempo estivemos fazendo e vendendo estúdios de gravação. Construíamos outro e vendíamos. E trabalhamos com outros artistas, como Dorian Gray, Yuko Yamagushi e PufyAmiYumi.
Mas também tocamos ao vivo em Estocolmo e redondezas com vários outros artistas e grupos. Acho que quase todas as coisas que temos feito tem haver com produção musical, e esse tem sido nosso trabalho diário, daqueles que você tem para pagar as contas... mas ultimamente as coisas para nós têm ido muito bem nesse trabalho. Ainda assim, esperamos ser capazes de dar mais atenção ao Merrymakers num futuro próximo.

PPS: Quais suas influências do passado e do presente?

Anders: Bem, temos aqui a clássica resposta de que tudo começou com os Beatles, e continuou através de outras bandas do tipo que escrevem canções na mesma linha melódica. Mas, hoje em dia, eu não seleciono para ouvir gêneros ou coisas parecidas com isso. Se eu gosto, eu gosto. Ultimamente tenho escutado um disco da Imogen Heap que me deixa nocauteado.

PPS: Conte-nos sobre a atual cena pop da Suécia. Quais bandas você destacaria?

Anders: Para falar a verdade não estou antenado com o que as outras bandas têm feito na Suécia. Certamente não sou um expert em pop sueco, eu apenas gosto de algumas bandas, como Peter, Bjorn and John. Ah, e tem uma chamada The Klerks, que está gravando seu álbum no nosso estúdio (http://www.monogramrecordings.se/).

PPS: No Brasil, fãs e crítica consideram Bubblegun um dos melhores álbuns de power pop do anos 90. O que você acha disso e qual seu sentimento e visão pessoal em relação ao disco?

Anders: Me lembro que a gravação de Bubblegun foi um processo muito pesado em vários sentidos. Não só para mim pessoalmente, mas também para a banda. Nós tivemos dois produtores e se dar bem com ambos nem sempre era tarefa fácil. Ainda assim, quando escuto as canções hoje, acho que elas realmente soam bem e fico muito feliz por ter feito parte deste álbum.
Embora tenham algumas coisas ali que hoje nós faríamos diferente... Mas deixe-me dizer que nós estamos super felizes que as pessoas gostem do álbum, e imaginar que ele pôde ser enquadrado na categoria de “um dos melhores álbuns de power pop dos 90” é espantoso!

PPS: Neste exato momento vocês estão trabalhando no seu próximo disco. O que podemos esperar das novas canções?

Anders: Eu acho que vocês podem esperar pelo clássico estilo de canções Merrymakers. Talvez com um pouco mais de sintetizadores, mas também um bocado de guitarras, é claro.
Nós tivemos um estúdio inteiro, por muito tempo, nas nossas mãos, então... segurem-se!

PPS: Vocês ficaram bastante surpresos com a existência de fãs do Merrymakers no Brasil, não? Mande uma mensagem para eles.

Anders: Sim, eu me surpreendi ao saber que nossos álbuns de alguma forma chegaram ao Brasil! Isso é realmente formidável! Nunca tivemos um disco lançado aí, mas acho que a Internet cuidou desse pequeno problema...
De qualquer maneira, minha mensagem para todos nossos fãs no Brasil é: obrigado! Nós sempre seremos gratos por vocês escutarem nossa música e continuem nos encorajando a fazer novos discos!
E também que ADORARÍAMOS tocar no Brasil!