quinta-feira, 31 de julho de 2008

"Transatlantic Suicide": CRASH STREET KIDS!

Eles estão de volta! Abriram as águas atlânticas enflexados em seu Gulfstream Jet e, agora, reinos ultramarinos da pasmaceira não estarão seguros! Nossos sonhos juvenis de dominação mundial empunhando guitarras respira! Porque eles vão te perguntar: você ainda acredita no rock and roll?

O furacão glam-rock-power pop de Phoenix Crash Street Kids retorna com seu terceiro álbum, Transatlantic Suicide – que traz ainda um DVD bônus com o documentário The Making of the Supersonic Star Show e algumas apresentações ao vivo. O quarteto americano mantém sua receita sonora com alta octanagem rock, sem esquecer de enriquecer a mistura com doses generosamente pop. Ryan, AD, Ricky e Deuce continuam fazendo pose para virar posters na parede e deixando aviões arrendados como quartos adolescentes; e preparando peças sonoras de tremenda intensidade instrumental e emocional.

Como na abertura de “The Engineers”, que começa bela, plácida e emocional... para em seguida turbinar em guitarras incendiárias e coros vocais para o estádio inteiro acompanhar. E, se a fantasia rocker passa por discos multiplatinados, turnês mundiais e garotas enlouquecidas, deve passar também por riffs de guitarras hipnóticos, batidas envolventes e refrões memoráveis. “Do You Still Believe In Rock And Roll?” tem haver com isso. Em clima de pub rock enfumaçado, um recado que pode servir aos irmãos Gallagher: “Cigarretes And Starfuckers”. E mais uma vitória do rock grandioso e refrão pop vem em “I Disappear”.

Mantendo a tradição, Deuce canta o seu punk rock sujo em “Destroyer”. O rock de contornos épicos “The Zero” antecede o hit envenenado “We Kill Tomorrows”. Já “Berlin” é balada cortante que num crescendo vira um pop orquestral na linha Jellyfish. A ‘sinfonia rock’ “Dressed In White” vem dividida em quatro peças sonoras, de intensidade e ambiências contrastantes – da crueza rock passando pelo pop acústico e desaguando em grandiosidade orquestral. Violão, voz e teclado em belas harmonias vocais na bonita “Saturn’s Child”. Palmas, vocais em uníssono, refrão colante e guitarras afiadas no rock de arena em “The Kid Is Dead?”. E então, você ainda acredita no rock and roll? Eu acredito.

http://www.crashstreetkids.com/
www.myspace.com/crashstreetkids

segunda-feira, 28 de julho de 2008

"Foxtail": AFTER PILOT!

Desde que o Japão começou a ocidentalizar sua economia, passou a absorver, também, parte da cultura pop americana. Deu um salto evolutivo gigantesco no desenvolvimento da nação e viu suas tradições milenares dividindo corações e mentes com os modernos paradigmas ocidentais. De lá pra cá, o pop japonês já ganhou contornos muito característicos (apesar de ser acusado constantemente de promover o ‘fake pop’, onde não passaria de pálida cópia do pop yanque). E, uma dessas peculiaridades, é ser altamente melódico. Por isso mesmo, o power pop tem grandes audiências por lá e uma coleção de magníficas bandas locais.

O power trio japonês After Pilot, formado por Fumito Yamabe (guitarra e vocais), Takahiro Maruyama (baixo) e Takashi Kawakami (bateria), chega ao primeiro álbum cheio com este Foxtail. Onde o som de altíssima voltagem quase não combina com aquela imagem tranqüila, cordata e gentil do japonês médio. É distorção no talo, bateria nervosa e melodias grudentas.

Imagine se o Green Day tocasse power pop e os membros tivessem olhos puxados: “Surftrip” abre o disco mostrando que essa imagem transformada em realidade traria ótimos frutos. “Else” desce a ladeira com um teclado rebelde pontuando sob avalanche sonora com forte teor pop. Mas é em “Keep Your Faith” e “Park” que vem à tona a grande influência do After Pilot: os britânicos do Farrah. Guitarras vitaminadas colidem com melodias colantes em “Radio”. “Dislike You” despeja energia punk, em contraponto com o vocal convidado que parece de bonequinho de desenho japonês.

“Smile” flerta novamente com o punk pop do Green Day. Já “Today Is The Day” é um power pop perfeito. “Rainy Wednesday” tira o pé do acelerador e vem como balada, mas pesando no refrão. A versão coreana de Foxtail vem ainda com três bonus tracks: a incrivelmente contagiante “New Trial”; a elétrica e jovial “Thank You”; e o pop poderoso “Don’t Give Up”, que nos faz perguntar se essas são mesmo apenas faixas bônus.
Dizem que no Japão não se inventa nada... mas, se melhora tudo.

www.afterpilot.net
www.myspace.com/afterpilot

quinta-feira, 24 de julho de 2008

"Big Top Woman": FRANK CIAMPI!

É isso que nós queremos: ver a cara dos hit makers. Quantos são os compositores que estão por trás de grandes sucessos do pop mundial, mas que só aparecem nas linhas minúsculas dos créditos? São esses artistas que precisamos ver sob os holofotes. Vide o Seth Swirsky, por anos compositor de pérolas pop para celebridades do mainstream, e quando aparece com sua própria banda o Red Button, as gemas são colocadas, sem parcimônia, sobre a mesa. Queremos ver quantos ‘Frank Ciampis’ estão escondidos e trazê-los a luz.

Americano de Nova Yorque baseado em Boston, Frank Ciampi compõe para o The Click Five, banda de grande gravadora. Toca baixo com Mike Viola (a voz real por trás do hit- monstro “That Thing You Do”, da trilha do filme The Wonders). E agora solta seu primeiro álbum solo, recheado de memoráveis melodias, harmonias celestiais e orquestrações certeiras.

Guida pelo piano, a música de abertura e título Big Top Woman, serve de trilha para o strip da garota da capa, investe em sessões de metais, tem clima de cabaré e engana a respeito das canções seguintes do álbum. Já “Little Girl”, também tem piano pontuando e metais espetando, mas escorrega para o pop orquestral na linha Jellyfish. “Madeline Maybe” vem macia no clima onírico com vibrafones, um sabor Beach Boys em filmes de fantasia... até se rebelar no refrão.

“Waiting For Someone” e sua beleza auto-explicativa mostra o porquê de querermos ver os hit makers: a canção mais bonita do ano não escrita por Brian Wilson (“Como uma criança que nasce/uma flor que morre/eu vejo a beleza em todas as coisas/quando miro em seus olhos/você irá cantar esta canção/você irá pintar um sonho). Passado e presente entrelaçados em Miss Jenny: como se personagens de Magic Mystery Tour levassem a canção e entregassem o refrão ao Weezer.

Melodia perfeita, harmonizações vocais angelicais e refrão que poderia ter levado “Anna” tranqüilamente à trilha de The Wonders (mas está na trilha de Being Michael Madsen). “Anyway” é mais uma jóia inspirada em Beach Boys/Brian Wilson. É patente que Frank Ciampi tem internalizado o conhecimento da composição pop sessentista/setentista; tem desenvoltura e sabe colocar sua voz agradável na porção exata de cada parte melódica. É só checar “The Same”. Em “On The Road” Ciampi monta uma espécie de colagem pop que poderia desmembrar a canção em outras cinco ou seis – todas s-e-n-s-a-c-i-o-n-a-i-s. Fecha o disco a sensível balada acústica “Along For The Ride”.
E é isso que os hit makers querem ver: nossa cara... sorrindo.

www.myspace.com/frankciampi

segunda-feira, 21 de julho de 2008

"Eleven Modern Antiquities": PUGWASH!

O título do quarto álbum do Pugwash consegue sintetizar todo o espírito de uma vertente musical: “Onze Antiguidades Modernas”. O pop produzido pela nova geração (incluído aí o power pop) e inspirado pelos baluartes dos anos 60/70, se encaixa perfeitamente na definição ‘antiguidades modernas’. A lucidez e percepção acuradas do irlandês líder do grupo Tomas Walsh, vai além e mexe também com as sensações. Walsh oferece suas onze canções como uma espécie de remédio para a alma – a fonte da juventude; na capa do disco aparece um frasco de “Rejuvenescedor do doutor Pugwash”, e na contra-capa, uma cartela de comprimidos indicados especialmente para... rejuvenescer.

Eleven Modern Antiquities atesta o prestígio de Walsh, nas colaborações: Jason Falkner, Nelson Bragg, Eric Matthews, Michael Penn e Dave Gregory (XTC). Além da co-autoria de duas canções com Andy Partridge, líder do primordial XTC. O resultado se reflete em canções refinadas, de alto teor pop, mas alta maturidade instrumental, com ecos de Beatles, Beach Boys, ELO e do próprio XTC, costurados pela marca autoral de Walsh (que ainda divide a célula da banda com Johnny Boyle e Keith Farell).

O single de trabalho “Take Me Away” abre o disco na levada do baixo sinuoso de Farell, climatizado aos sons de Hammonds e da voz amigável de Tomas, até chegar a uma rápida e magnífica intervenção de pa-pa-pas à la Beach Boys. Harpas e violinos dão o tom da plácida “Cluster Bomb”, e o piano emocional, crescendo na bela melodia e orquestração, vai de Paul McCartney a Electric Light Orchestra com maestria em “Here”. Vocoder, baixo distorcido, sintetizadores e refrão empolgante mostram a versatilidade de Walsh em “It’s So Fine”. Balada guiada pelo violão e recheada de filigranas instrumentais - com Mellotron, piano Rhodes e cello - é a singela “Song For You”.

Aqui já fica clara a categoria de Tomas Walsh em modernizar o passado, imprimindo personalidade e visão pessoal a um estilo de som que virou estado de espírito. Como bem revelado nas belas “My Genius” e “Limerance”. O pop perfeito do álbum, que soa como uma fusão espetacular de Beatles e Beach Bosys, chama-se “Your Friend”. Segue a climática e flutuante instrumental “The Cannon And The Bell”. “At The Sea” vem cheia de ritmos, passagens, detalhes instrumentais, traço inequívovo da presença de Andy Partridge na composição. Encerra o álbum o pop orquestral “Landsome Valley”, atestando que a fórmula do “Rejuvenator” de Walsh não é Tabajara.

www.pugwashtheband.com
www.myspace.com/pugwalsh
www.myspace.com/11modernantiquities
www.myspace.com/pugwashthomas

quinta-feira, 17 de julho de 2008

"Modulations": CHEWY MARBLE!

Segundo o dicionário “modular” é “cantar ou tocar variando o tom”; “cantar ou tocar melodiosamente”. Definições perfeitas para o terceiro disco do Chewy Marble Modulations, que volta à baila sete anos depois de seu segundo trabalho Bowl Of Surreal. Mas o álbum é muito mais que uma coleção de grandes canções. Reflete claramente o amadurecimento musical de Brian Kassan, líder e principal compositor do grupo. Sete anos é tempo suficiente para mudanças radicais na vida de qualquer um – o que parece não ter sido diferente com Kassan.

Se no primeiro álbum o Chewy Marble alcançava o paraíso das melodias bubblegum, em Modulations a instrospecção de Kassan vem à superfície. Pela primeira vez o músico de Los Angeles se coloca como voz principal em algumas canções – as outras continuam a cargo do vocalista Stu Formam. Mas nem de longe Modulations é um disco triste. As melodias adesivas estão por toda parte e, até o bom-humor aparece, como na divertida “She Roxx”. Outra novidade são as duas faixas instrumentais.

A gravação foi um verdadeiro ‘all-stars’ do power pop: além do baixista original do Chewy, Derrick Anderson, participaram os bateristas Jim Laspesa (Muffs) e Nelson Bragg (Brian Wilson); Don Mogil, do The Dons nas guitarras; para produção e/ou mixagem Rick Hromadka do Maple Mars e Rick Gallego do Cloud Eleven. E, apesar de todas as mudanças que parecem ameaçar as características que fizeram do Chewy Marble uma das bandas mais queridas da cena, as referências sonoras continuam as mesmas: de Zombies a Fountains Of Wayne; de Beatles a Badfinger.

“She’s Roxx” abre o disco falando sobre a colegial de curte Iron Maiden, Ozzy e Jack Daniel’s, e a despeito de alguns riffs de guitarras e certa distorção, prevalece o clima pop. “Don’t Look At The Sun” segue na melhor tradição Chewy Marble: vocal gentil, melodia colante e ambiência luminosa. O pop perfeito e grandioso imortalizado por Zombies e Brian Wilson aparece cristalino nos acordes e arranjos da magnífica “Cross-Hatched World”. A voz de Brian dá o ar da graça pela primeira vez na climática-espacial “Somewhere Else”; e, “Black & White”, passeia pelo contagiante pop setentista, lembrando de espetar, vez por outra, nas intervenções de guitarra.

A bela e sentimental acústica “Flicker”, revela a desconfiança em relação ao mundo, e a solidão que isso traz. Kassan coloca a voz dando uma aura confessional à canção. “Picture The Finger” vem com um refrão de monumental contágio pop e deságua na maciez instrumental de agradável levada bossa em “Mental Toothache”. Kassan põe os fantasmas pra fora no pop psicodélico “My Monster” e exterioriza as saudades do pai na balada ao violão “Hey Dad”. Os belos acordes de violão na instrumental “Moments” e o encerramento na viajem recheada de teclados e melodias flutuantes de “Clutter”, não deixam dívidas: nas boas-vindas ao retorno do Chewy Marble, os grandes homenageados somos nós.

www.myspace.com/chewymarble

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Entrevista exclusiva VOLVER: "Fizemos um disco que a gente gostaria de ouvir em casa"

Eles subverteram a ordem sem serem revolucionários. Desviaram o curso dos rios Mersey e Guaíba para os mangues de Recife. Não se submeteram ao regionalismo para receber o selo de qualidade comum a bandas pernambucanas. Sonoridades de Mellotrons, guitarras Rickenbaker, pianos Rhodes e baterias Ludwig sopraram diretamente do nordeste. Conseguiram rezar para heróis britânicos (Beatles ou Zombies) e americanos (Byrds ou Beach Boys), sem que isso fosse tomado como heresia colonialista.

Canções Perdidas Num Canto Qualquer, disco de estréia do então quarteto Volver, despejou canções pop de inspiração sessentista e despretensão quase ingênua. Agradaram aqui e do outro lado do Atlântico. Agora como um trio, o grupo chega com Acima da Chuva, que seria como uma reinvenção sonora – caso o primeiro disco tivesse sido fruto de estratégia premeditada (não foi). Bruno Souto (voz e guitarra), Fernando Barreto (baixo e vocais) e Zeca Viana (bateria) apontam novos caminhos sonoros, soam mais densos, mais complexos, mas ainda melódicos, harmônicos e, essencialmente, pop.

Algumas influências/referências novas enriqueceram a experiência sonora da Volver, desembocando numa inegável corrente evolutiva. O disco novo não está nem acima nem abaixo de Canções..., apenas em um lugar diferente. Mas, sem dúvida, mais apto às ondas do rádio e paradas de sucesso Brasil afora. Nesta conversa exclusiva com o líder da Volver Bruno Souto, ele nos fala, entre outras coisas, sobre esta mudança, suas expectativas em relação à repercussão do novo álbum e seus planos subseqüentes.

Power Pop Station: No primeiro disco da banda, Canções Perdidas Num Canto Qualquer, a influência sonora sessentista, junto a uma temática de amores juvenis, remeteu os brasileiros à Jovem Guarda. No exterior, a referência a Beatles, Kinks e Zombies, levou os ouvintes a associar o som da Volver ao power pop. A mim, pessoalmente, sempre soou como um trabalho descompromissado com rótulos, nem exatamente Jovem Guarda, nem exatamente power pop... Como vocês enxergam isso?

Bruno Souto: É curioso isso de rótulos, né? Às vezes chateia um pouco, mas é inevitável. O que acontece é que, quando comecei a compor, que foi na época que a idéia de formar uma banda surgiu, eu nem sabia como fazer direito. Foi tudo na intuição e calcado em bandas que eu curto desde moleque, e de bandas gaúchas que eu estava conhecendo na época dessas primeiras canções. Todas essas bandas quando não eram, exalavam rock dos anos sessenta. Então, vesti a carapuça e não me arrependo. Acho que nosso primeiro disco é muito bom e ainda há de ser descoberto por gerações futuras. Merece um maior reconhecimento.Tem muita energia bruta ali. Uma certa urgência punk típica de bandas iniciantes e é muito sincero no que estávamos nos propondo a fazer. O processo de formação da banda, composição e gravação do disco, foi muito rápido, afobado até. Tinha tudo pra dar errado e acabou que foi uma ótima estréia.

PPS: Falando em rótulos, Canções... foi considerado o melhor álbum power pop do ano em um site especializado espanhol e, ainda, várias músicas do disco foram tocadas em uma rádio de Madri. Como vocês receberam essa repercussão internacional?

Bruno: Reagimos com total surpresa! Nunca imaginamos que iríamos alcançar tal reconhecimento já no disco de estréia. Muito bacana.

PPS: Se o primeiro álbum é recheado de canções urgentes, joviais e energéticas, Acima da Chuva soa mais denso, climático, mais complexo até, se distanciando dos rótulos anteriores de Jovem Guarda e power pop – mantendo, porém, elementos de ambos. Como vocês acham que ouvintes e crítica receberão o álbum?

Bruno: Sinceramente, quero que o disco venda milhões de cópias, que a crítica nos considere geniozinhos pop e que produtores do mundo todo nos convide pra tocar em seus festivais pagando cachês exorbitantes e atendam a todas as nossas exigências de camarins. E o principal: muitas groupies! Ahahahahahaha, brincadeira! Agora, falando sério: lógico que queremos que as pessoas gostem do novo disco, mas ele foi feito pra agradar única e exclusivamente a nós da banda. Já é difícil chegar num acordo, no que diz respeito ao andamento, timbres e arranjos das músicas, entre os próprios músicos da banda. Já pensou ainda ter que agradar terceiros? É complicado. A nossa filosofia antes de gravar sempre foi: "Vamos fazer um disco que a gente gostaria de escutar em casa?" Simples assim.

PPS: Sem comparações do tipo 'melhor' ou 'pior' com o primeiro disco, Acima da Chuva soa claramente como uma evolução autoral e, provavelmente, um amadurecimento de ordem pessoal dos músicos. Como vocês relacionam estes fatos?

Bruno: Tiveram alguns fatores que considero de extrema influência nos rumos que levaram ao segundo disco: a entrada de Zeca Viana na bateria, a banda ganhou em criatividade, além de ele também compor; um relaxamento natural em nosso "deslumbramento" inicial - tivemos sorte de botar os pés no chão antes que a banda se desgastasse a ponto de encerrar as atividades; derrubamos as barreiras estéticas (leia-se anos sessenta) que havíamos levantado no primeiro disco. Ainda temos muita influência sixtie, porém, nos permitimos explorar outras influências e sons. Isso acabou expandindo os horizontes. Agora, é importante frisar que essa "abertura" não foi algo planejado. Nunca conversamos sobre isso. Simplesmente aconteceu; outra coisa também é que as composições melhoraram. Comecei a me soltar e arriscar mais. Estão mais próximas do quero dizer hoje, assim como as do primeiro disco refletiram meu momento na época. Acho que agora estou "roubando" melodias melhores, ahahahahaha!

PPS: As referências a Beatles, Badfinger, Zombies continuam patentes na sonoridade do grupo. Mas percebo elementos novos, como influências de Los Hermanos e Strokes. O que vocês ouviram no processo de composição do disco?

Bruno: Uma coisa é fato: o que você está escutando sempre reflete um pouco, mesmo que inconscientemente, em suas composições. Dito isso, vou citar bandas que acho que influenciaram em uma coisa ou outra nas novas músicas, além das já citadas: Beto Guedes, Lô Borges, Belle and Sebastian, Wilco, Roberto Carlos (fase 70), Mutantes, Beach Boys, Guilherme Arantes (primeiros discos), Bread, Hollies, Turtles, Television, Franz Ferdinand, Caetano Veloso (disco Cê), Frank Jorge, etc.

PPS: Vocês são conhecidos por ofereceram shows altamente energéticos. Acima da Chuva tem uma voltagem bem diferente de Canções, o que talvez não propicie apresentações tão bombásticas. Ou sim?

Bruno: A energia continua a mesma, apesar de estarmos um pouco mais velhos.

PPS: Qual o potencial comercial que vocês imaginam que a Volver tenha, e qual o nível de exposição que vocês esperam atingir no momento?

Bruno: Acho que a Volver tem um enorme potencial comercial. E o interessante é que não é forçado. Tudo é muito natural. Só que uma banda como a nossa, no nordeste, é complicado. Temos consciência que poderíamos atingir um maior reconhecimento se estivéssemos numa cidade como São Paulo, por exemplo. Mas as circunstâncias ainda nos prende a Recife. Apesar de adorarmos nossa cidade, sabemos que podemos alçar maiores vôos. Ainda bem que hoje temos a Internet pra superar algumas barreiras.

PPS: Viver de música é uma meta ou fica como 'conseqüência do trabalho', se vier, veio?

Bruno: É um misto de meta e utopia. Já foi uma obsessão, mas hoje estamos mais tranqüilos. O que tiver de ser, será. Estamos trabalhando pra isso.

PPS: O que vocês estão ouvindo em casa atualmente?

Bruno: Momofuku e Armed Forces do Elvis Costello; todos os discos dos Byrds até 1970; Sky Blue Sky do Wilco; A Love Supreme e Ballads do John Coltrane; todos do Cartola; Modern Times e Time Out of Mind do Dylan; Mudcrutch; o terceiro do Velvet Underground; Fruto Proibido da Rita Lee; Comes a Time do Neil Young.

PPS: Ano passado falou-se da possibilidade de uma turnê pela Europa. Em que pé estão os planos?

Bruno: Estamos estudando a melhor estratégia.

PPS: Vocês acabam de disponibilizar o conteúdo completo de Acima da Chuva para download no MySpace. Como vocês lidam com as novas tecnologias no mundo da música? Qual a data oficial para o lançamento do CD em formato físico?

Bruno: A internet é hoje, pra qualquer banda, a principal ferramenta de divulgação. Tentamos sempre fazer o melhor uso disso para chegarmos ao maior número de pessoas possível. Atualmente, estamos começando a investir mais no MySpace que é um ótimo espaço. Muito dinâmico. O disco físico deve estar chegando nas lojas em agosto.

PPS: Existem planos para uma turnê de divulgação pelo Brasil?

Bruno: Todos agora estão com responsabilidades fora da banda. Está meio difícil, mas vamos fazer o possível. Cada caso será bastante estudado. Não podemos mais cair em "roubadas", né?

PPS: Obrigado, boa sorte e deixem uma mensagem para leitores e fãs.

Bruno: Baixem nossas músicas! Comprem nosso disco! E se a Volver estiver na sua cidade, vá pro show! Entrem em nossa comunidade no Orkut e vamos ser amiguinhos (risos).

www.myspace.com/volverbrasil




segunda-feira, 7 de julho de 2008

"Dot The I": DROPKICK!

A máxima punk do “faça-você-mesmo” não só se aplica ao Dropkick, como é levada às últimas conseqüências. O quarteto escocês liderado pelos irmãos Taylor – completado por um primo e por outro Taylor não-aparentado – controla todo o processo envolvido na sua música: composição, gravação, produção, mixagem, divulgação, venda direta. Publicam seus álbuns pala própria Taylored Records, que cuida exclusivamente do Dropkick. É o conceito de independência em sua essência pura.

Foi isso que permitiu que o grupo lançasse, em menos de um ano, dois álbuns e um EP (fora o bônus-disc de Turning Circles). Em Dot The I, o Dropkick mantém a mescla perfeita entre o power pop contemporâneo e as raízes do alt. country. Algo como o Teenage Fanclub executando canções do Jayhawks. Ou, às vezes, um passeio exclusivo por cada dessas vertentes.

Como na canção título que abre o álbum, com seu vocal macio, baixo distorcido e a proficiência pop escocesa impressa no DNA. Harmonizações vocais emolduram a melodia de leve entonação country em “Figure It Out” e guitarras apertam o ritmo sem perder a ternura em “Backdoor Key”. “Open Door”, “You Didn’t Make It” e “Rings Of The Tree” lembram a perfeição pop do também escocês Primary 5, e que lá no fundo repousa a herança magnética do Big Star.

O brilho californiano ilumina as guitarras de “If You Cant’t Be Mine” e o refrão memorável de “Walk Down”, até a levada do empolgante alt. country “Crazy Conversation”. A climática “Girlfriend” adensa o clima, e a inspirada “You”, amansa. Encerra o disco a bela e luminosa “Good Vibes”, provando que os ares da independência fazem um bem danado ao som do Dropkick.

www.dropkickmusic.co.uk
www.myspace.com/dropkickmusic
www.tayloredrecords.co.uk

quinta-feira, 3 de julho de 2008

"Adrian Bourgeois": ADRIAN BOURGEOIS!

O fim do poderio onipotente das grandes gravadoras e a onipresença da Internet no nosso dia-a-dia, nos deu a oportunidade de ter, ao alcance das mãos, algumas ferramentas que são verdadeiras “rastreadoras de talentos mundiais”. Há 10 ou 15 anos, pouco se podia alcançar fora daquilo que era disponibilizado pelas gravadoras ao grande público. E hoje, ao contrário do que muitos dizem, nunca o cenário foi tão rico em artistas excepcionais. A diferença é que agora podemos encontrá-los com um simples clique, aonde quer que eles estejam.

E é aí que Adrian Bourgeois vem para reforçar a afirmação. Aos vinte anos de idade, acaba de lançar seu álbum debute, revelando-se um músico prodígio na sua capacidade em produzir pérolas pop. Também impressiona a sensibilidade do artista de São Francisco, em captar melodias e encaixá-las perfeitamente nas peças sonoras. Bourgeois – filho do também músico Brent Bourgeois – toca guitarra, piano e bateria desde o quatro anos. Provavelmente cresceu tendo os ouvidos embebidos na arte de mestres como Paul McCartney, Brian Wilson e Todd Rundgren. O que deve ter servido para direcionar seu imenso dom natural. Escoltado por uma verdadeira orquestra de amigos em seu disco de estréia, Bourgeois toca os instrumentos que conhece desde a tenra idade, além de cantar e assinar todas as composições. Que soam maduras e consistentes para alguém que mal curou as espinhas – e espinhos - da adolescência.

“Mr. Imaginary Frind” abre o disco disposta a impressionar: melodia contagiante, harmonizações vocais preenchendo espaços e carisma de alto calibre pop. A macia “Clown Review” mescla Elliott Smith com arranjos orquestrais à la Brian Wilson. “Juniper” é uma das mais belas canções do ano, com a voz doce de Adrian comandando notas de piano na melodia perfeita de linhagem Paul McCartney. Já “Dream On” poderia fazer par, nos hit parades, com “Wonderwall” do Oasis.

Refrão perfeito é com Adrian Bourgeois: o de “Silk From Ashes” segue fluído pela corrente sanguínea e fica armazenado no cérebro por dias. A climática e densa “Summertime” nem de longe sugere a juventude de Bourgeois. “My House” é radiofônica o suficiente para qualquer FM do planeta, ou seriado de TV ou longa-metragem de cinema. E o refrão? Nem com solvente sai da memória. Batida de piano ditando o ritmo, metais em profusão, um quê de pop orquestral, e outro de sunshine pop setentista, na empolgante “Melt In My Mind”. A bonus track escondida ilumina na voz,violão e gaita de Adrian Bourgeois – o garoto que está a um clique de você e a dois passos do paraíso pop.

www.adrianbourgeois.com
www.myspace.com/adrianbourgeois