Quando vi pela primeira vez a figura na capa do novo álbum dos Singles, Start Again, pensei: “legal, três bombas de fragmentação ou mísseis ar-terra caindo diretamente nas nossas cabeças!”. Petardos de energia explodindo doses massivas de melodias ganchudas e guitarras afiadas; projéteis com sensor térmico direcionados para atingir em cheio todas as fibras do corpo via nossos ouvidos. Depois de tanta imaginação, descobri que se tratava na verdade da “3-Tied Logo”, ou seja a “logo das três gravatas”... as bombas nucleares de harmonias sixties eram gravatas... Porque os Singles são um trio que se vestem com terninhos e gravatas finas no melhor estilo mod, e a representação gráfica é a tal logo. Mas o interessante – apesar do aparente ledo engano - está aqui: colocando o disquinho pra rolar, as singelas gravatas transformam-se novamente em mísseis teleguiados: como um The Who em fúria tocando Buddy Holly, ou os Beatles envenenando sua receita a até se transmutarem nos Flamin’ Groovies.
Nascidos na Detroit rock city de lendas como Stooges e MC5 e hypes como White Stripes e Raconteurs, os Singles nunca seguiram o rastro natural deixado por essas bandas. Preferiram a escola de Beatles e Chuck Berry para forjar o seu som. Lançaram o ótimo debut Better Than Before quatro anos atrás, mudaram a formação, com o líder-guitarrista-vocalista Vincent Frederick sendo o único remanescente. Hoje completam a banda John Hale no baixo e Brian Thunders, na bateria. A alquimia do som sixtie com pegada rocker e melodias adesivas continua em Start Again, lançado em 2007, onde bombas e gravatas, já sabemos, têm o mesmo poder de destruição.
Direto de Detroit, Vince Frederick concedeu com exclusividade esta entrevista para o Power Pop Station, onde fala de suas influências, a desconexão com a cena de Detroit, e revela: “temos mais resposta ao nosso trabalho na Europa e Brasil (?!?!) que nos EUA!”.
Power Pop Station: Como começou seu amor pelas bandas sixties? Pergunto porque vocês são muito jovens e, em geral, a juventude atual não me parece muito interessada no tipo de música pop feito por aquela geração...
Vincent Frederick: Eu realmente comecei a ouvir Beatles no colégio, na época do segundo grau, quando as portas foram abertas para todas as bandas daquela era (The Rolling Stones, The Zombies, The Who) como também eram nossas influências aqueles que empunhavam uma guitarra (Chuck Berry, Buddy Holly, Little Richard, Elvis). Era o tipo de música que eu queria tocar. E eu sabia que era o tipo de canção que eu estava interessado em compor. Não acho que existam muitas bandas jovens que também escutem aquelas bandas ou canções.
PPS: Normalmente as pessoas chamam esse tipo de música de “retrô” ou “revivalista”, mas acho que, se crescemos em outra época, isso, de certa forma, soa fresco e novo para nós. O que você acha?
Frederick: As pessoas sempre chamaram a música que é influenciada pelo rock and roll seminal de “retrô” ou “derivativo”. E elas sempre dizem que isso não é original e a desprezam. Mas todas as bandas, musicalmente são, no seu subconsciente, inspiradas pelas bandas/canções que gostam ou escutam. Você simplesmente não pode evitar isso. E vale para todas as bandas… mas eu não gostaria de ficar aqui indicando a direção para ninguém. Críticos musicais deveriam relaxar e não escrever tanto sobre tudo!
PPS: Você acha que o power pop é muito derivativo para alcançar o mainstream?
Frederick: Eu acho que o power pop é basicamente rock and roll com um pouco de influência do punk. É uma questão realmente difícil de se responder por completo, como eu disse antes. Não estou tão preocupado sobre o que é ou não derivativo. Se é uma boa canção, é uma boa canção.
PPS: Em Better Than Before vocês eram um quarteto. Agora, em Start Again, vocês são um trio e somente você permanece. O que aconteceu?
Frederick: Basicamente os outros caras não estavam interessados em continuar na banda. E realmente você precisa ser “um por todos e todos por um” para estar em uma banda. Então foi uma boa coisa que aqueles caras tenham deixado a banda!
PPS: Quais a s principais diferenças entre o primeiro e o segundo álbum?
Frederick: A banda agora é um trio em vez de quarteto! (risos).
De fato, acho que as canções estão muito melhores no segundo álbum. É um processo natural de composição. Você não deve ficar grudado em um trilho escrevendo sempre as mesmas músicas, como muitas bandas fazem!
PPS: Quando vi pela primeira vez a capa de Start Again eu pensei: “Bacana! Três bombas – carregadas de guitarras poderosas e melodias envolventes - caindo diretamente nas nossas cabeças!” Depois descobri que aquelas bombas (ou mísseis) eram na verdade a “3-Tie Logo”...
Frederick: Outras pessoas também pensaram que eram bombas... então, você não foi o único, Paolo!
Aquelas são “três gravatas”, mas elas podem ser o que você quiser que sejam. Eu acho que é uma representação bacana de como nos vestimos.
PPS: Vocês são de Detroit, um lugar com muitas bandas “na crista da onda”. Mas vocês soam diferente, com uma certa ‘desconexão’ da cena local. Como a crítica, o público, a indústria musical nos Estados Unidos têm recebido os Singles?
Frederick: Nós não soamos como os Stooges ou o MC5, coisa que muitas bandas de Detroit tentam, por isso é difícil nos incluir entre estes grupos. Para grande parte dos Estados Unidos não existem bandas que se pareçam conosco, e de fato, não existem bandas americanas que soem como nós. A maioria das composições apresentadas pelas bandas daqui não são realmente fortes. Mas nós temos mais resposta do público na Europa e no Brasil!
PPS: Vocês conseguem pagar as contas somente com sua música?
Frederick: Ainda não... é muito difícil conseguir isso agora. Nós ainda temos nossos trabalhos!
PPS: Conte-nos sobre sua atual turnê americana. Planos para uma turnê européia?
Frederick: Vamos rodar os Estados Unidos o máximo que pudermos. Estamos planejando uma turnê na Europa para o ano que vem, entre Fevereiro e Março, porque Start Again será lançado por lá oficialmente em 11 de Fevereiro.
PPS: Mande uma mensagem aos fãs brasileiros!
Frederick: Nós agradecemos por vocês ouvirem nossa música, adoraríamos tocar aí. Então, se vocês conhecerem alguém que pode nos levar, mande um e-mail para thesinglessounds@hotmail.com
Nascidos na Detroit rock city de lendas como Stooges e MC5 e hypes como White Stripes e Raconteurs, os Singles nunca seguiram o rastro natural deixado por essas bandas. Preferiram a escola de Beatles e Chuck Berry para forjar o seu som. Lançaram o ótimo debut Better Than Before quatro anos atrás, mudaram a formação, com o líder-guitarrista-vocalista Vincent Frederick sendo o único remanescente. Hoje completam a banda John Hale no baixo e Brian Thunders, na bateria. A alquimia do som sixtie com pegada rocker e melodias adesivas continua em Start Again, lançado em 2007, onde bombas e gravatas, já sabemos, têm o mesmo poder de destruição.
Direto de Detroit, Vince Frederick concedeu com exclusividade esta entrevista para o Power Pop Station, onde fala de suas influências, a desconexão com a cena de Detroit, e revela: “temos mais resposta ao nosso trabalho na Europa e Brasil (?!?!) que nos EUA!”.
Power Pop Station: Como começou seu amor pelas bandas sixties? Pergunto porque vocês são muito jovens e, em geral, a juventude atual não me parece muito interessada no tipo de música pop feito por aquela geração...
Vincent Frederick: Eu realmente comecei a ouvir Beatles no colégio, na época do segundo grau, quando as portas foram abertas para todas as bandas daquela era (The Rolling Stones, The Zombies, The Who) como também eram nossas influências aqueles que empunhavam uma guitarra (Chuck Berry, Buddy Holly, Little Richard, Elvis). Era o tipo de música que eu queria tocar. E eu sabia que era o tipo de canção que eu estava interessado em compor. Não acho que existam muitas bandas jovens que também escutem aquelas bandas ou canções.
PPS: Normalmente as pessoas chamam esse tipo de música de “retrô” ou “revivalista”, mas acho que, se crescemos em outra época, isso, de certa forma, soa fresco e novo para nós. O que você acha?
Frederick: As pessoas sempre chamaram a música que é influenciada pelo rock and roll seminal de “retrô” ou “derivativo”. E elas sempre dizem que isso não é original e a desprezam. Mas todas as bandas, musicalmente são, no seu subconsciente, inspiradas pelas bandas/canções que gostam ou escutam. Você simplesmente não pode evitar isso. E vale para todas as bandas… mas eu não gostaria de ficar aqui indicando a direção para ninguém. Críticos musicais deveriam relaxar e não escrever tanto sobre tudo!
PPS: Você acha que o power pop é muito derivativo para alcançar o mainstream?
Frederick: Eu acho que o power pop é basicamente rock and roll com um pouco de influência do punk. É uma questão realmente difícil de se responder por completo, como eu disse antes. Não estou tão preocupado sobre o que é ou não derivativo. Se é uma boa canção, é uma boa canção.
PPS: Em Better Than Before vocês eram um quarteto. Agora, em Start Again, vocês são um trio e somente você permanece. O que aconteceu?
Frederick: Basicamente os outros caras não estavam interessados em continuar na banda. E realmente você precisa ser “um por todos e todos por um” para estar em uma banda. Então foi uma boa coisa que aqueles caras tenham deixado a banda!
PPS: Quais a s principais diferenças entre o primeiro e o segundo álbum?
Frederick: A banda agora é um trio em vez de quarteto! (risos).
De fato, acho que as canções estão muito melhores no segundo álbum. É um processo natural de composição. Você não deve ficar grudado em um trilho escrevendo sempre as mesmas músicas, como muitas bandas fazem!
PPS: Quando vi pela primeira vez a capa de Start Again eu pensei: “Bacana! Três bombas – carregadas de guitarras poderosas e melodias envolventes - caindo diretamente nas nossas cabeças!” Depois descobri que aquelas bombas (ou mísseis) eram na verdade a “3-Tie Logo”...
Frederick: Outras pessoas também pensaram que eram bombas... então, você não foi o único, Paolo!
Aquelas são “três gravatas”, mas elas podem ser o que você quiser que sejam. Eu acho que é uma representação bacana de como nos vestimos.
PPS: Vocês são de Detroit, um lugar com muitas bandas “na crista da onda”. Mas vocês soam diferente, com uma certa ‘desconexão’ da cena local. Como a crítica, o público, a indústria musical nos Estados Unidos têm recebido os Singles?
Frederick: Nós não soamos como os Stooges ou o MC5, coisa que muitas bandas de Detroit tentam, por isso é difícil nos incluir entre estes grupos. Para grande parte dos Estados Unidos não existem bandas que se pareçam conosco, e de fato, não existem bandas americanas que soem como nós. A maioria das composições apresentadas pelas bandas daqui não são realmente fortes. Mas nós temos mais resposta do público na Europa e no Brasil!
PPS: Vocês conseguem pagar as contas somente com sua música?
Frederick: Ainda não... é muito difícil conseguir isso agora. Nós ainda temos nossos trabalhos!
PPS: Conte-nos sobre sua atual turnê americana. Planos para uma turnê européia?
Frederick: Vamos rodar os Estados Unidos o máximo que pudermos. Estamos planejando uma turnê na Europa para o ano que vem, entre Fevereiro e Março, porque Start Again será lançado por lá oficialmente em 11 de Fevereiro.
PPS: Mande uma mensagem aos fãs brasileiros!
Frederick: Nós agradecemos por vocês ouvirem nossa música, adoraríamos tocar aí. Então, se vocês conhecerem alguém que pode nos levar, mande um e-mail para thesinglessounds@hotmail.com
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