quinta-feira, 13 de maio de 2010

Power Pop: The Early Years - ARTFUL DODGER! (PARTE 1)

Por Daniel Arêas

Se a definição mais concisa e direta para o power pop é a de que nasce da junção das melodias mais pegajosas com a energia primal do rock, então poucas bandas o fizeram com tanto talento, energia e vigor quanto o Artful Dodger. Infelizmente, como no caso da grande maioria de seus pares, para a banda americana também acabou prevalecendo a regra de que fazer o power pop perfeito durante os anos 70 trazia em si o ônus de ser virtualmente ignorado por uma audiência aparentemente desinteressada naquela reinvenção dos clássicos sons da British Invasion (para não mencionar algumas decisões equivocadas daqueles que cuidavam de sua carreira).

O Artful Dodger – formado em Fairfax, Virginia em 1973 por Billy Paliselli (vocais), Gary Herrewig (guitarra), Gary Cox (guitarra e vocais), Steve Cooper (baixo) e Steve Brigida (bateria) – possuía uma rara facilidade para produzir canções pop em série, mas executava-as com a alma e a paixão que o rock pede (tanto em estúdio como em shows); fundia a onipresente influência dos Beatles e o power pop dos Raspberries com o hard rock dos Faces, Rolling Stones e The Who. Dito desta forma, a alquimia soa perfeita; e foi de fato perfeita, em três dos quatro discos de sua curta carreira.

Originalmente utilizando o nome Brat, a banda lançou seu primeiro single (auto-produzido), “Not Quite Right”, tendo como B-side “Long Time Away” (que seria posteriormente regravada para o primeiro disco). Munido de uma demo tape, David Cox rumou para Nova York e conseguiu convencer Steve Laber e David Krebs (que à época tinham em seu cast nomes como Aerosmith e New York Dolls) a cuidar da carreira da banda. Pouco depois um contrato era assinado com a Columbia Records e a banda, rebatizada como Artful Dodger, lançava seu primeiro disco, homônimo, em setembro de 1975.

O termo “clássico perdido” é quase um lugar comum quando nos referimos ao power pop dos anos 70, tamanha é a quantidade de grandes discos que permaneceram na obscuridade na época de seus lançamentos, mas poucos discos se encaixam tão bem na definição quanto Artful Dodger . Produzido por Jack Douglas (famoso por seu trabalho em Toys In The Attic do Aerosmith, entre outros), é uma coleção de soberbas canções, irresistivelmente melódicas (porém executadas com o máximo de energia e intensidade), baseadas em fortes ganchos. Presente em algumas coletâneas de bandas power pop, “Wayside” tornou-se a canção mais conhecida, mas há vários outros esplêndidos momentos no álbum, como “You Know It’s Allright”, “Follow Me”, “Think Think” e “Things I’d Like To Do Again”.

Um erro estratégico da Columbia Records, porém, começaria a selar o destino da banda. A faixa escolhida pela gravadora para ser o primeiro single foi “Silver & Gold”, uma balada assinada por Cox. Essa equivocada decisão contribuiu para que o disco tivesse vendagens decepcionantes, além de gerar certa animosidade no núcleo da banda (embora Cox escrevesse canções, a maior parte do repertório do Artful Dodger nascia da parceria entre Paliselli e Herrewig). Mas isso não afetou a produção da banda, como ficaria comprovado com o lançamento de Honor Among Thieves, em 1976.



terça-feira, 4 de maio de 2010

"Ragged But Right": MEMPHIS 59!

Eles são muito modernos para o country. Eles são muito tradicionais para o rock. Eles são pop, mas não necessariamente comerciais. Mas não duvide do seu potencial radiofônico ou apelo popular. ‘Americana’ e ‘alt.country’ são rótulos deveras cool para o Chevrolet enferrujado que estampa a capa de Ragged But Right. O Memphis 59 trafega com sua velha caminhonete laranja pela fronteira de estilos tão díspares como complementares, de sua pequena Arlington natal para o mundo.

Em seu álbum de estreia o trio Scott Kurt, Chris Zogby e Richard G. Lewis poderia ser Paul Westerberg tocando Tom Petty ou o Jayhawks interpretando o Whiskeytown. Mas, de certa forma, o vocal característico de Kurt coloca as coisas no lugar: estamos falando do Memphis 59. E “Me Myself And Eyes”, canção que abre Ragged But Right, logo se apresenta com seu riff de guitarra que consegue remeter ao country com trejeito rock e acento pop. “Black & White TV” ataca com um refrão ganchudo e “Knock Me Out” usa dos serviços uma slide guitar para realçar o clima de raiz.

A envolvente “Girl At The End Of the Bar” coloca chapéu de cowboy e esporas no power pop, enquanto “Hotel Room” tem a missão de decalcar mais um refrão adesivo no cérebro do ouvinte. A bela e cativante “Putting Up A Fight” antecede o sabor clássico de “Quit Kickin My Heart Around” e “Heartbreak Luck”.
Ragged But Right vai do country ao pop como de Arlington a Nova Iorque: porque dá pra ir esvaziando umas Budweiser, em pouco mais de 300 km de distância, entre a pequena cidade na Virginia e o centro do mundo.

www.memphis59.com
www.myspace.com/memphis59band1

segunda-feira, 26 de abril de 2010

"The Curtain Shop And Alterations": THE RIFFBACKERS!

“Agora é tempo de recomeçar”. A frase que abre The Curtain Shop And Alterations pode parecer genérica se colocada fora de contexto. Mas aqui ela vem carregada de sentido e simbolismo para Fausto Martin e Nacho Garcia. Os espanhóis estiveram no The Winnerys, cujo fim precoce surpreendeu o mundo do power pop e deixou suas viúvas pelo mundo. E o recomeço veio cedo para Martin, que menos de um mês do fim de seu antigo grupo já compunha novas canções.

O sentido de clássico que já permeava a sonoridade do Winnerys permanece no Riffbakers – e as letras em inglês, idem -, mas sob um novo viés. Se antes o foco era o beat sessentista, calcado principalmente nos Beatles, agora fica cristalina a influência setentista no som dos madrilenhos, com referências a The Who, Raspberries, Nick Lowe ou Cheap Trick. Grupos oitentistas também ecoam em The Curtain Shop, como The Knack, Paul Collin’s Beat ou Rockpile.

Lançado de forma independente pelo próprio selo, o Rainbow Lane Records, e gravado no estúdio móvel de Fausto, o álbum surpreende pela boa produção. As guitarras ganham o peso e agressividade quando o rock precisa falar mais alto; as harmonias vocais são leves e doces quando têm de voar sobre o instrumental. Mas se a inspiração para o nome do grupo surgiu de uma Rickenbaker reluzente, o cuidado no entalhe de canções não poderia ser surpresa.

“Não espere por isso, mas as coisas podem mudar”. É a segunda frase de The Curtain Shop And Alterations, já anunciando os novos horizontes pretendidos por Fausto e Nacho com o The Riffbakers pós-The Winnerys. E eis que surge o riff invocado de “Now It’s Fine” injetando adrenalina e pacificando expectativas com a batida envolvente. O forte piano se une ao brilhante dedilhado de guitarra na climática, à la Raspberries, “Do It Again”. Já a batida ‘countryada’ e empolgante de “You’d Do Anything” ainda recebe tratamento especial de um órgão onipresente.

Melódica, ganchuda e energética, a incrível “Sometimes” antecede a ritmada de refrão adesivo “Step By Step”. As reminiscências da infância de Martin aparecem na power-ballad-psicodélica “Rainbow Lane” e, a pegada rocker, domina na irônica e ácida “Stupid Rock Stars Dream”. “Under My Spell” se apresenta macia e animada, em ambiência acústica ao melhor estilo Paul McCartney – não à toa o baixo aqui é um Hofner.

A canção-título soa clássica e vigorosa enquanto a balada acústica “After All These Years” acaricia os ouvidos, como costumava bem fazer o velho Macca. O rock’n’roll “Make Youself At Home” fecha o disco com solo de guitarra cortesia de Otavio Vinck
E se era o passado de Fausto Martin e Nacho Garcia que forçava as altas expectativas, agora é o futuro que se abre aos Riffbackers, porque, neste recomeço, as coisas certamente já mudaram.

http://www.myspace.com/theriffbackers

segunda-feira, 19 de abril de 2010

"Sparks On The Tarmac": D. ROGERS!

Talvez o som descompassado, rápido e solitário da chuva encontrando os vidros da janela nos traga de volta para nós mesmos. Talvez a paisagem enegrecida por nuvens baixas e carregadas de reflexões nos deixe sensivelmente disponíveis a nos perguntar: é isso que queremos? Talvez as lágrimas que despencam dos céus em torrentes impiedosas nos encolha no escuro aconchego do quarto. Ou nos descubra dispostos a dar mais um passo em direção ao brilho reconfortante do sol.

Talvez o som compassado, lento e bonito de Sparks On The Tarmac nos encontrando, diga mais sobre nossos desejos e sofrimentos – porque são essas as canções que queremos. São essas as canções que o cantor-compositor e produtor australiano D. Rogers talhou para nosso deleite em seu terceiro álbum. Folk pop preparado com extrema sensibilidade e amparado por uma profusão de instrumentos, em arranjos que embelezam a simplicidade das canções.

“Poison Pen” abre o disco em clima de reflexão, sobre a base acústica de violões e alguns interlúdios com vibrafones e teclados que soam como flautas. A ambiência delicada de “Worst Of Your Mind” recebe o adorno generoso de violinos e “To England” remete às singelas canções de Paul McCartney nos Beatles, com seu macio dedilhado e a leve batida na caixa sem esteira. A bela e triste “First To Know” tem os clarinetes de Adrian Whitehead, enquanto a linda melodia de “Firing Line” é afagada com carinho pelos violinos de Fi Claus.

A adorável “Knocked Down The House” explora a veia pop de Rogers e simula jogos de metais; já “Away From The Microphones” anima o ambiente com um country pop contagiante. Fecha o álbum, durando pouco mais de um minuto, a belíssima e emotiva ‘voz-e-violão’ “How Unfortunate...”. Tempo suficiente para descobrirmos que, enquanto olhávamos para dentro, lá fora o sol pintou o céu novamente de azul.

www.drogers.com.au
www.myspace.com/drogersmusic

quarta-feira, 7 de abril de 2010

"Identity Theft": BABY SCREAM!

O subir e descer constante de aeronaves designadas apenas por números a cumprir horários não pode contar as histórias de quem elas transportam. Destinos que se cruzam em segundos e desaparecem em rumos desconhecidos nos corredores imensos de qualquer aeroporto internacional. E é entre Buenos Aires, Los Angeles, Londres – ou mesmo Dortmund – que o argentino Juan Pablo Mazzola conta as suas histórias e registra seus caminhos e descaminhos em inspiradas canções sob o nome Baby Scream.

Depois do sensacional álbum de 2008 Ups and Downs, Mazzola retorna com este EP gravado entre Los Angeles e Buenos Aires, abordando climas menos ensolarados que no seu antecessor. Talvez fosse hora de olhar para dentro e saber que as idas e vindas anônimas podem interessar a muita gente. E aqui, de alguma forma, a aproximação de Juan com seu ídolo John Lennon apareceu mais cristalina. Identity Theft traz sete faixas em pouco mais de 17 minutos.

A acústica e reflexiva “Be” abre o disco com os vocais doces porém doídos de Juan, com sintetizador e os backings vocals cúmplices de Muddy Stardust. Levada de valsa para “Dead Woman Walking”, onde Mazzola pode falar de si no timbre de Lennon. A bela e triste “Nicole” equaliza percussão e os teclados para o tom confessional fluir sereno. “Memories” traz um mandolin que parece duelar com um som de cítara simulado, levados pela linha do baixo marcante de Stardust.

A rascante “Underground Blues” distorce a voz de Juan Pablo e não dura sequer um minuto e meio. A tropical e macia “Ojos Orientales” é composição do argentino Rinaldo Rafanelli – que aqui aparece manejando baixo, guitarra doze cordas e backing vocals. Fecha o mini-álbum a versão para “Mucho Mungo/Mt. Elga”, parceria de John Lennon e Harry Nilsson. Não importa se as canções de Juan Pablo Mazzola nascem em frios saguões de aeroportos ou sobre retalhos verdes de alguma nação a 10 mil metros de altura. Elas sempre vão nos levar pra algum lugar íntimo e muito, muito familiar.

www.babyscream.com
www.myspace.com/babyscream

terça-feira, 30 de março de 2010

Da Série Clássicos: "Big Money Item" - THE GREENBERRY WOODS!

Por Daniel Arêas

Ainda perdura, por parte de um certo contingente de fãs de música, uma compreensão totalmente distorcida do que signifique o termo “pop”. Expostas durante anos ao lixo pasteurizado que impregna as rádios, para essas pessoas pop é sinônimo de um tipo de música medíocre, descartável, pré-fabricada segundo uma fórmula que visa única e exclusivamente o sucesso comercial. Seguindo essa linha de raciocínio, fazer pop torna-se menos uma questão de aptidão, talento, do que meramente de opção, esta guiada por intenções comerciais, mercadológicas.

Evidentemente isso é um grande equívoco. Fazer música pop (power ou de qualquer outro tipo) de qualidade, que torne nossos dias mais felizes, que renove nossos ânimos, que nos transmita uma sensação de bem-estar, é um dom com que pouquíssimos são agraciados. A tal “veia pop” existe, sim. Com absoluta certeza os membros da banda americana The Greenberry Woods possuíam esse dom, e seu segundo e derradeiro álbum, Big Money Item, é o 7º. disco da Série Clássicos do Power Pop Station.

A curta trajetória do Greenberry Woods é semelhante às de inúmeras outras bandas nas quais a reunião de vários talentos, paradoxalmente, se torna mais uma fonte de problemas do que de soluções. Os vocalistas/guitarristas Matt Huseman e Ira Katz formaram a banda em 1989 na Universidade de Maryland, onde se conheceram. Com o line up completado por Brandt Huseman (irmão gêmeo de Matt) no baixo e Miles Rosen na bateria, a banda mudou-se para Baltimore, e em 1993 assinaram com a Sire Records. Em 1994 foi lançado seu álbum de estréia, o clássico Rapple Dapple. Com o single “Trampoline” alcançando uma significativa execução nas rádios, àquela altura o destino do Greenberry Woods parecia não ser outro que não o sucesso.

Alguns percalços, porém, impediram que isso se concretizasse. Além das pressões da gravadora pela gravação de um imediato sucessor para Rapple Dapple, dentro da banda as relações começavam a se deteriorar, com a dedicação cada vez maior dos irmãos Huseman ao seu projeto paralelo Splitsville (através do qual, anos mais tarde, lançariam o não menos fundamental The Complete Pet Soul). Foi nesse ambiente de tensão que foi gravado o segundo e último disco da banda, Big Money Item, lançado em 1995.

Sobre Big Money Item, é suficiente dizer que se trata de uma obra-prima (power) pop. Não há outra forma de defini-lo. Não soa, nem de longe, como um disco de uma banda se desintegrando ou perdendo o foco (como seria de se esperar). Pelo contrário, captura uma banda tremendamente talentosa num momento de auge criativo, fazendo pop segundo os preceitos sagrados de alguns dos maiores expoentes do gênero, alguns clássicos (Beatles, Badfinger, Big Star, Beach Boys), outros contemporâneos (Matthew Sweet, Posies, Jellyfish).

Não é nem mesmo simples, dentre suas 18 canções, citar uma em especial, ou mesmo algumas, na medida em que não há um único ponto baixo no disco; cada uma das faixas parece ter como intenção se igualar ou mesmo superar a anterior em qualidade. Big Money Item é uma profusão de irresistíveis melodias, letras impregnadas de emoção, ganchos dos quais é melhor nem tentar se desvencilhar, lindas harmonias, poderosos refrões que o ouvinte estará assobiando ou cantarolando – mesmo sem perceber – um bom tempo depois de ouvi-los.

Em 1996 a banda se separou em definitivo, quando a Sire Records liberou-a de seu contrato. Mas a música permanece mais vívida do que nunca; uma única audição de Big Money Item é suficiente para comprovar isso. Aqueles que buscam música pop de qualidade, compreendem seu significado e sabem do seu poder transformador, encontrarão em Big Money Item um perfeito antídoto para aqueles dias difíceis que volta e meia a vida nos reserva.

quinta-feira, 18 de março de 2010

"Pillowsky": AMERICAN SUITCASE!

Interferir no seu meio-ambiente é uma vocação inata do ser humano. Que vem se especializando em alterar o que está a sua volta para sua conveniência e bem-estar. E em tempos de “mudanças climáticas”, “aquecimento global” e “desenvolvimento sustentável” eis que noruegueses sugerem uma alteração de clima utilizando apenas ondas sonoras. Não estamos falando de cientistas vencedores do prêmio Nobel, mas de artesãos da canção pop perfeita.

Egil Braekken e Anders Vinnogg querem repetir a experiência de trazer mais sol, luz e calor para gélida terra dos fiordes. Ecos herdados do jingle-jangle californiano brilhando sob o céu da Noruega e aquecendo as paisagens nevadas. Harmonias vocais angelicais sopradas desde a costa oeste americana amenizando o vento frio e cortante da Escandinávia. E o beat sessentista colorindo e descongelando o ânimo invernal.

Pillowsky levou seis longos anos para suceder Summerman na discografia do American Suitcase. Mas deixa a volta dos noruegueses de Oslo luminosa como uma manhã de verão. As influências maiores se repetem, indo de Teenage Fanclub a Byrds, e a independência em nenhum momento limita a qualidade de produção do álbum. O quarto disco do grupo vem recheado de sonoridades límpidas, abençoadas pelas mágicas Rickenbakers e pela maestria de Braekken e Vinnogg.

“Franny” viaja além da atmosfera com sua força psicodélica logo na abertura de Pillowsky. O dedilhado jangle já encanta no início de “Christmas Blues #2” e ganha acento americano com uma pedal steel guitar pontuando. “Miles Apart” e “Pink Shirt” trazem vigor e doçura melódica em doses iguais, enquanto os vocais harmônicos só realçam a beleza desconcertante de “You”. A empolgante “Star(s)” é um power pop perfeito; “Miss Mann” emociona nas harmonizações vocais; e “Harry Dunne” contagia na batida de Alexander Lindback e no seu belo refrão.

Climas de raiz e emocionais se fundem sob o manto de um órgão, até encontrarem os ‘papapas’ de sotaque bossa nova em “Seen It Before”. A adorável “Green Grass” capricha nos dedilhados de Rickenbacker e na melodia adesiva. A canção título traz Birgitte Solberg para um dueto vocal com Egil, e se revela um indie pop radiofônico. E a beleza de “Close” ganha contornos épicos na potência das guitarras que fecham “Pillowcloud”.
A Noruega está mais brilhante, aquecida e receptiva. Nossos corações também.

http://www.americansuitcase.com/
www.myspace.com/americansuitcase