segunda-feira, 13 de junho de 2011

"Vessels" - BRYAN ESTEPA!

Hoje é uma inspiradora e agradável manhã de um domingo outonal, em uma cidade encravada entre os trópicos. É meu aniversário de casamento, o que não faz necessária qualquer sugestão de que seja um dia especial. Então estou aqui, sentado de frente para um jardim que balança ao sabor do vento e que parece fazer questão de combinar seu verde esmeralda com o azul profundo do céu. Mas eu resolvi trapacear a natureza e pus um disco para tocar e sugerir assim que a vegetação ali fora dança enfeitiçada pelo ritmo das canções.

Eu coloquei o novo álbum de Bryan Estepa, porque se é para justificar que as plantas se dispõem a acompanhar as nossas músicas, que seja algo especial.Vessels se apresenta como o terceiro disco do Australiano de Sydney, e, sem dúvida, seu trabalho mais inspirado. E eu convido a todos para sentar em círculo e ouvir o cantor-compositor aplicar suas doses de pop sessentista, de folk, de soft rock, de power pop.

A encantadora “Won’t Let You Down”, com seu refrão memorável e um Fender Rhodes trocando passos com o piano, só precisa de duas audições para você sair cantando por aí. E o mundo volta a girar para ouvir guitarras acústicas sendo cortejadas por um órgão Hammond sem pudor, só para Estepa oferecer o belo refrão em “Hard Habits”. E eu vejo lá fora, claramente, as árvores acompanhando com os galhos, os arbustos batendo palmas e o vento soprando junto as harmonias vocais de “Tongue Tied”.

O difícil para o coro verde vai ser acompanhar o tom emocional que Estepa dá às suas canções: ele canta com o coração, e isso já é raridade levando em conta que metade da população mundial carrega uma pedra dentro no peito. Ouça então a beleza de “Purple Patch”, que é amplificada pelo Hammond de Tim Byron e pela gaita de Jadey O’regan. Mas vamos deixar Bryan tocar a sua balada sentimental “Pull Ourselves Together”, porque ele tem muito a dizer mesmo que você não entenda uma palavra de inglês.

“Alone” contagia na batida energética, backings perfeitos, órgão invocado, palminhas sixtie e esperto jogo de guitarras. E vamos passeando pela delicadeza eloqüente de “Let It Go”; pela doçura com toque country e refrão colante de “First Impressions”; e o classicismo em tons norte-americanos de “Shade”. “Instincts” vem nos lembrar que Bryan Estepa conhece muito bem os meandros de como dar poder ao pop e “Unglued” simula a sensação universal da desilusão amorosa, que pode não ser uma realidade agora, mas certamente um dia já foi.

“Ball And Chain” fecha Vessels em altura suficiente para meu jardim acompanhar animadamente o ritmo empolgante da canção. E eu reparo que não há vento nem brisa lá fora... apenas uma onda de canções vindas de longe em um dia muito, muito especial.

http://www.bryanestepa.com/

www.myspace.com/bryanestepa

4 comentários:

Beth disse...

O álbum já entrou na minha lista de melhores do ano desde a primeira ouvida.

E eu não li todas as suas resenhas, mas das que eu li, de longe esta foi a melhor. ;-)

Daniel disse...

Paolo is back !! :)

E não poderia voltar com disco melhor...

Paolo Miléa disse...

Obrigado Beth! O próprio Bryan Estepa disse que essa era (de longe) a resenha de Vessels favorita dele... Vou começar a escrever só de impulso e em primeira pessoa... parece que funcionou e todo mudo gostou! ;)

andro baudelaire disse...

Ahhhh...quero conhecer os dois primeiros albuns dele...onde tem?