A figura do baterista – escondido em meio a pratos e tambores – sempre nos sugeriu uma idéia de ‘coadjuvância’ no contexto de uma banda. O sujeito aplicado que obedece às ordens do chefe, o líder do grupo. E, na hora da composição, recolhido a opinar apenas nas partes percussivas das canções. O ofício principal do americano Nelson Bragg continua a ser o domínio das baquetas, mas, seu talento musical não o prende apenas à boa execução do seu instrumento. Bragg é cantor, compositor e arranjador e chega ao seu primeiro álbum com este Day Into Night.
Mais conhecido por integrar o super grupo de Brian Wilson (inclusive participou da gravação do ansiosamente aguardado Smile), Nelson tocou – e toca – em diversas outras bandas, como Cloud Eleven e Chewy Marble. Agora, como protagonista, mostra uma capacidade absoluta em dominar o artesanato pop – provavelmente conseguida em parte pelo processamento e absorção da obra das bandas com quem tocou. Day Into Night não esconde as influências da Califórnia sessentista, passando obviamente por Beach Boys, Byrds e Crosby, Stills, Nash & Young.
O álbum vem separado em ‘Day’ (“lado A”) e ‘Night’ (“lado B”), em referência à divisão entre canções ensolaradas e reflexivas. Assim, “Forever Days” abre a janela pra deixar o sol entrar na voz doce e macia de Bragg, um órgão sutil, guitarra acústica brilhante e Rick Gallego do Cloud Eleven pontuando na pedal steel guitar. “Tell Me I’m Wrong” traz pegada dos violões típicos da costa oeste americana e carisma pop no refrão. A harmonia vocal perfeita e a melodia empolgante poderiam levar “I Dare You (Show Me Love)” para qualquer parada de clássicas canções.
Assim como a belíssima e sensível balada acústica “Return The Love You Take”. “Dark Sweet Lady” de George Harrison, é revisitada com competência no clima havaiano do ukelele. Para abrir o “lado B”, a beleza harmônica e melódica aprendidas com o mestre Brian Wilson em “Death Of Caroline”. A reflexão acústica de “Don’t Be Afraid Of The Dark” serve aos órfãos de Elliott Smith e contrasta com o clima up de pop perfeito iluminado – apesar de estar no ‘lado escuro’ do álbum – de “Tell Someone”. Um triste e bonito pedido de desculpas transforma “A Father’s Foolish Will” em redenção sonora. Arranjos orquestrais, com batida de piano, dão o tom na grandiosidade pop no encerramento do álbum em “Turn The Darkness Into Gold”.
No fim, Day Into Night nos deixa a certeza que, mesmo a demanda do mercado preferindo manter Nelson Bragg como um requisitado baterista, não seria nada mal se pudéssemos ganhar um novo e talentoso cantor-compositor em tempo integral.
www.myspace.com/nelsonbragg
Mais conhecido por integrar o super grupo de Brian Wilson (inclusive participou da gravação do ansiosamente aguardado Smile), Nelson tocou – e toca – em diversas outras bandas, como Cloud Eleven e Chewy Marble. Agora, como protagonista, mostra uma capacidade absoluta em dominar o artesanato pop – provavelmente conseguida em parte pelo processamento e absorção da obra das bandas com quem tocou. Day Into Night não esconde as influências da Califórnia sessentista, passando obviamente por Beach Boys, Byrds e Crosby, Stills, Nash & Young.
O álbum vem separado em ‘Day’ (“lado A”) e ‘Night’ (“lado B”), em referência à divisão entre canções ensolaradas e reflexivas. Assim, “Forever Days” abre a janela pra deixar o sol entrar na voz doce e macia de Bragg, um órgão sutil, guitarra acústica brilhante e Rick Gallego do Cloud Eleven pontuando na pedal steel guitar. “Tell Me I’m Wrong” traz pegada dos violões típicos da costa oeste americana e carisma pop no refrão. A harmonia vocal perfeita e a melodia empolgante poderiam levar “I Dare You (Show Me Love)” para qualquer parada de clássicas canções.
Assim como a belíssima e sensível balada acústica “Return The Love You Take”. “Dark Sweet Lady” de George Harrison, é revisitada com competência no clima havaiano do ukelele. Para abrir o “lado B”, a beleza harmônica e melódica aprendidas com o mestre Brian Wilson em “Death Of Caroline”. A reflexão acústica de “Don’t Be Afraid Of The Dark” serve aos órfãos de Elliott Smith e contrasta com o clima up de pop perfeito iluminado – apesar de estar no ‘lado escuro’ do álbum – de “Tell Someone”. Um triste e bonito pedido de desculpas transforma “A Father’s Foolish Will” em redenção sonora. Arranjos orquestrais, com batida de piano, dão o tom na grandiosidade pop no encerramento do álbum em “Turn The Darkness Into Gold”.
No fim, Day Into Night nos deixa a certeza que, mesmo a demanda do mercado preferindo manter Nelson Bragg como um requisitado baterista, não seria nada mal se pudéssemos ganhar um novo e talentoso cantor-compositor em tempo integral.
www.myspace.com/nelsonbragg
7 comentários:
Entrei no mundo power pop há pouco tempo...e não paro nunca de me surpreender. Se um dia iniciarem um movimento para Nelson Bragg (de quem nunca tinha ouvido falar) largar as baquetas e se dedicar apenas ao trabalho de compositor/cantor, vou na primeira fila. Como um compositor e cantor tão talentoso pode ficar escondido no fundo do palco? Um disco todo calcado na tradição do rock americano como há tempos não ouvia. Me cativou muito mais do que outros badalados artistas de folk-rock, como Wilco ou Ryan Adams (embora goste desses também). Para citar bandas contemporâneas semelhantes, esse disco me lembra Cosmic Rough Riders (de "Enjoy the Melodic Sunshine") em alguns momentos, em outros o Primary 5 (falei bobagem?). Mais um pra ouvir até cansar. E mais uma vez, valeu (muito) a dica !! Abraços
Daniel, mais uma vez, a simples constatação sonora é o maior argumento de que as melhores coisas da pop music mundial não aparecem na superfície. Fico feliz que vc esteja descobrindo isso via o PPS. Tem muita coisa ainda por vir e muita coisa que não apareceu aqui, por simples falta de tempo e espaço - o mundo do power pop é quase um universo à parte.
Falando em Primary 5, disco novo em julho.
Abs!
Paolo, é essa sensação que eu tenho: a de um mundo absolutamente à parte. Sem dúvida tem sido por aqui essa descoberta (e a de amigos a quem apresento todas essas bandas e artistas). A primeira vez foi quando ouvi "Cruel Girl" do The Red Button. Depois de ouvir o disco, não conseguia encontrar explicações para o fato de não encontrar praticamente em lugar nenhum menção àquele disco fabuloso. Foi uma identificação imediata, e uma reafirmação do que muitos se sentem constrangidos em dizer: nós amamos POP ! Ora, o que faziam Beatles, Beach Boys, Zombies, etc.? POP, indiscutivelmente. E é ótimo que tantos artistas resgatem esses sons. Se vc me permitisse, gostaria de contribuir com comentários sobre essas bandas na sua comunidade no Orkut,mas não sei como vc lida com "reups" de tópicos antigos, porque muitas vezes só venho a ouvir os discos algum tempo depois de vc criar os tópicos...enfim, se gostaria que eu contribuísse, me diga a melhor maneira de fazê-lo. Abraços !
É por isso que o PPS existe: para fazer chegar às pessoas esses verdadeiros tesouros quase desconhecidos. Seria muito egoísmo meu não compartilhar. O preconceito contra o termo POP, não diz respeito ao pop que conhecemos (canções agradáveis, melodias ganchudas, etc...) diz respeito à música comercial, descartável. E, na maoiria da vezes, misturam-se as coisas. É a velha hitória do pop que não é popular. Como vc explica que funks desagradávies de tremendo mal gosto possam ser mais POP que Teenage Fanclub? Não são... são é mais popularescos e comerciais. Só.
Cara, tudo que eu queria era pessoas comentando na comunidade do Orkut. Às vezes acho que estou falando pras paredes... Sua contribuição vai ser útil aos comunas, além de me servir como incentivo a continuar. Lá vc faz como achar melhor.
Já que vc citou o Red Button, e como eu tinha prometido, falei com o Seth essa semana. Eles já têm 5 músicas novas gravadas pro próximo álbum. O cara ainda está gravando o novo disco solo dele. Ao mesmo tempo.
Abs!
E essa confusão entre POP (com letra maiúscula) e o lixo que se ouve em rádios, boates, etc., fez nascer uma, ou várias, gerações com um grande preconceito quanto ao termo "pop".Um exemplo: numa das minhas comunidades entrou uma menina, 16 anos. Olhando o Lastfm dela, via-se que era uma menina diferente: muito jazz, blues, rock clássico ou contemporâneo, de nível (Strokes, White Stripes,etc.). Mas ela se revoltou quando eu disse que hoje ouvia muito mais pop do que antigamente. Ela disse:"eu odeio pop". Mas no entanto, entre as mais ouvidas, estavam lá no Lastfm dela:"Strawberry Fields Forever", "Penny Lane", "Hello Goodbye"...e eu disse:"vc gosta de pop, na verdade adora, apenas não se deu conta disso".E ela até agora não se convenceu...
E nem pense em parar !! Na verdade, as pessoas acompanham sim, correm atrás, mas se esquecem de - até por uma questão de gentileza - comentar o que a pessoa escreve, comentar o que a pessoa absorveu e passou às pessoas depois de ouvir os discos com tanto cuidado (seu caso). Eu vejo isso pelas minhas próprias comunidades. às vezes desanima sim, mas pode ter certeza que há gente acompanhando com cuidado, apenas se esquecendo de retribuir.
Vou então escrever alguns comentários na sua comunidade. Qualquer coisa,é só me falar e me colocar um freio (eu escrevo muito, vc já pôde notar!).
e no aguardo, claro, dos novos do Red Button e Primary 5...
Abraços !
Dá um desconto pra menina, ela tem tempo pra aprender.
Na verdade qdo eu disse "falando pras paredes", me referi às comunidades no Orkut. O PPS dá um bom retorno, as pessoas não comentam, mas entram em contato por e-mail. Muita gente de banda, inclusive. Mas, apesar de ser escrito em português, o blog é mais conhecido lá fora que no Brasil. Absolutamente todos os CDs resenhados aqui me foram enviados pelas bandas.
Qto mais vc escrever lá na comuna, melhor! Manda bala!
Abs!
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