Algumas vezes, em alguns pontos, não existe diferença entre gerações. Tentar fixar o dial do rádio na canção preferida, talvez tente satisfazer aos mesmos desejos de quem armazena o top 10 pessoal num Ipod. Mesmo que sejam ações separadas por 35 anos de distância. É verdade que o valor intrínseco da música é percebido de maneira diferente pela nova geração – mas é verdade também que o caráter descartável da produção musical contribui para isso. O que continua unindo gerações – do rádio ao Ipod – é a necessidade de captar as variações sensoriais transmitidas pelas músicas e escolher sua característica de acordo com o estado de espírito, seja para revertê-lo ou realçá-lo: energia, reflexão, alegria, tristeza, agressividade, romantismo...
Por isso, sonoridades clássicas e atemporais, como a que Dave Stephens produz, continuam a emocionar. Multiinstrumentista e compositor canadense – hoje baseado em Long Beach, Califórnia – Stephens tem em sua discografia dois álbuns, “Here We Go” de 2004 e “Stories For Copper” de 2006. Dentro, coleções de canções, que quando ouvidas pelos que ‘sintonizavam rádios’, soarão carregadas de saudosismo – eles se lembrarão dos Beatles, Elton John, ELO – e, por aqueles que ‘armazenam em seu Ipod’, soarão como o pop que deveria estar no top 10 – e eles associarão a Ben Folds, Rufus Wainwright, Jason Falkner.
Stephens, em seus discos, conta com a ‘pequena ajuda de alguns amigos’, mas no geral toca tudo sozinho: guitarras, baixo, piano e teclados, faz as partes vocais e ainda arranja as cordas. As composições vão da leveza melódica do Bread até a densidade orquestral do ELO, num inspirado passeio pelo pop guiado por piano. E sem economia na carga emocional impressa – seja na ‘balada quebra-corações’ ou no pop rock mais contundente.
Já em seu álbum de estréia, “Here We Go”, Stephens mostra ao que veio. Na abertura, “I Wish In So Many Ways” explode em um pop orquestral de guitarras incisivas, batidas de piano e órgão flutuando por trás – um mix de Queen, ELO, Beatles – para deixar o jogo ganho antes dos 10 minutos de partida. Se conhecida, seria clássico imortal do pop: “Bittersweet”, uma das baladas mais emotivas dos ’00. Melodia de sonho, para todo mundo chorar junto na beleza do refrão. Sem tempo para fôlego – ou enxugar lágrimas – “Deepest Apologies” - golpeia nas notas de piano, e o seu coração, ao melhor estilo ‘Elton John em boa forma’ (Ben Folds?). O soft rock setentista fala alto e empolga em “Nobody Loves You”. Depois, mais duas belíssimas e tristes baladas voz-piano: “She Smiles” e “Solitude”. O clima interiorano bate ao som do violino e os ritmos mesclados do folk e country pop em “I Love The Way”. O que mostra que Dave Stephens não pode ser encapsulado em só um estilo e que, um álbum seu, é uma torrente de sensações diversas.
“Stories For Copper” veio dois anos depois, seguindo a mesma trilha e confirmando a maestria pop de Stephens. Abre o disco um pequeno clássico na linha Jellyfish: “I’ve Woken Up”, teclado guiando guitarras flamejantes, num balanço contagiante. “The Man That I Once Knew” chega mansa no piano, vai crescendo até desaguar em um dos refrões mais perfeitos dos últimos tempos. Stephens tem uma voz amigável e suave, típica das bandas de soft rock dos anos 70, e domina com destreza tramas melódicas e harmonizações vocais. Tudo bem aplicado na bela “Home” e no pop orquestral de refrão fácil “Just Enough”. Ou na balada grandiosa e canção-título “Stories For Copper”. O rockão arrasa-quarteirão “Memories To Me” esquenta o caldo, mas não derrama. “Full Circle” e “One Little Thing” são macias e agradáveis como veludo; carícias aos ouvidos. A polarização invertida bate e chacoalha a energética e empolgante “Let Me Be”, e, “Alive”, eleva no refrão onírico de harmonias vocais angelicais.
Dave Stephens nos deixa a impressão de não estar procurando por estilos definidos ou público-alvo específico. Sabe do poder emocional e atemporal de suas canções e o potencial de alcance que podem ter. Parece evitar que respostas artificiais – como contratos comerciais - à sua naturalidade autoral, comprometam sua sensibilidade. Permanece gravando em casa e lançando discos por ele mesmo. O que, na realidade atual, é a melhor maneira de se manter fiel às suas convicções e à sua obra. Sem perder as possibilidades de atingir gerações, seja a do rádio, seja a do Ipod.
www.davestephens.ca
www.myspace.com/davestephensmusic
Por isso, sonoridades clássicas e atemporais, como a que Dave Stephens produz, continuam a emocionar. Multiinstrumentista e compositor canadense – hoje baseado em Long Beach, Califórnia – Stephens tem em sua discografia dois álbuns, “Here We Go” de 2004 e “Stories For Copper” de 2006. Dentro, coleções de canções, que quando ouvidas pelos que ‘sintonizavam rádios’, soarão carregadas de saudosismo – eles se lembrarão dos Beatles, Elton John, ELO – e, por aqueles que ‘armazenam em seu Ipod’, soarão como o pop que deveria estar no top 10 – e eles associarão a Ben Folds, Rufus Wainwright, Jason Falkner.
Stephens, em seus discos, conta com a ‘pequena ajuda de alguns amigos’, mas no geral toca tudo sozinho: guitarras, baixo, piano e teclados, faz as partes vocais e ainda arranja as cordas. As composições vão da leveza melódica do Bread até a densidade orquestral do ELO, num inspirado passeio pelo pop guiado por piano. E sem economia na carga emocional impressa – seja na ‘balada quebra-corações’ ou no pop rock mais contundente.
Já em seu álbum de estréia, “Here We Go”, Stephens mostra ao que veio. Na abertura, “I Wish In So Many Ways” explode em um pop orquestral de guitarras incisivas, batidas de piano e órgão flutuando por trás – um mix de Queen, ELO, Beatles – para deixar o jogo ganho antes dos 10 minutos de partida. Se conhecida, seria clássico imortal do pop: “Bittersweet”, uma das baladas mais emotivas dos ’00. Melodia de sonho, para todo mundo chorar junto na beleza do refrão. Sem tempo para fôlego – ou enxugar lágrimas – “Deepest Apologies” - golpeia nas notas de piano, e o seu coração, ao melhor estilo ‘Elton John em boa forma’ (Ben Folds?). O soft rock setentista fala alto e empolga em “Nobody Loves You”. Depois, mais duas belíssimas e tristes baladas voz-piano: “She Smiles” e “Solitude”. O clima interiorano bate ao som do violino e os ritmos mesclados do folk e country pop em “I Love The Way”. O que mostra que Dave Stephens não pode ser encapsulado em só um estilo e que, um álbum seu, é uma torrente de sensações diversas.
“Stories For Copper” veio dois anos depois, seguindo a mesma trilha e confirmando a maestria pop de Stephens. Abre o disco um pequeno clássico na linha Jellyfish: “I’ve Woken Up”, teclado guiando guitarras flamejantes, num balanço contagiante. “The Man That I Once Knew” chega mansa no piano, vai crescendo até desaguar em um dos refrões mais perfeitos dos últimos tempos. Stephens tem uma voz amigável e suave, típica das bandas de soft rock dos anos 70, e domina com destreza tramas melódicas e harmonizações vocais. Tudo bem aplicado na bela “Home” e no pop orquestral de refrão fácil “Just Enough”. Ou na balada grandiosa e canção-título “Stories For Copper”. O rockão arrasa-quarteirão “Memories To Me” esquenta o caldo, mas não derrama. “Full Circle” e “One Little Thing” são macias e agradáveis como veludo; carícias aos ouvidos. A polarização invertida bate e chacoalha a energética e empolgante “Let Me Be”, e, “Alive”, eleva no refrão onírico de harmonias vocais angelicais.
Dave Stephens nos deixa a impressão de não estar procurando por estilos definidos ou público-alvo específico. Sabe do poder emocional e atemporal de suas canções e o potencial de alcance que podem ter. Parece evitar que respostas artificiais – como contratos comerciais - à sua naturalidade autoral, comprometam sua sensibilidade. Permanece gravando em casa e lançando discos por ele mesmo. O que, na realidade atual, é a melhor maneira de se manter fiel às suas convicções e à sua obra. Sem perder as possibilidades de atingir gerações, seja a do rádio, seja a do Ipod.
www.davestephens.ca
www.myspace.com/davestephensmusic
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