segunda-feira, 27 de outubro de 2008

"Jet Sounds": PRIVATE JETS!

Não é fácil fazer valer a missão. Tal qual um garimpeiro, que atira sua peneira centenas de vezes antes de ver um pequeno brilho em meio ao cascalho, a busca pelas gemas pop perfeitas exige perseverança. É claro, já conhecemos alguns territórios férteis em tesouros escondidos e isso pode encurtar a busca. E um desses terrenos ricos em pedras preciosas do power pop fica na fria Suécia.

É de lá que vem a banda dos gêmeos Erik e Per Westin - completada por Janne Hellman e Mikael Olsson. O Private Jets chega a seu primeiro álbum cheio já disposto a conquistar um posto de destaque no coração dos power popers. Porque Jet Sounds talvez não seja o que poderíamos chamar de álbum: se parece muito mais com uma coleção de hit singles ou um best of. Mas, no fim das contas, sim, Jet Sounds é um disco de inéditas.

Melodias memoráveis, harmonias vocais angelicais, guitarras afiadas, ganchos mais ganchos e mais toneladas de ganchos. É só o... “power pop heaven”! Que abre suas portas na energética e adesiva “I Wanna Be A Private Jet”, mostrando que o legado sueco de bandas como o Merrymakers está latente aqui. O clima de grandiosidade pop é marcado por guitarras e teclados em “Extraordinary Sensations” até desaguar na ultrapop, de refrão colante e harmonias perfeitas, “Speak Up, Speak Out”.

Não é novidade que a Suécia é um celeiro de grupos pop majestosos, mas o Private Jets impressiona pela facilidade em criar peças sonoras altamente viciantes. Soa como o verdadeiro sucessor de uma das bandas mais melódicas da história do pop sueco, o Beagle. “Investigate” prova isso na sua perfeição de progressões de acordes contagiantes. Mas o quarteto também adiciona referências outras, como Jellyfish na emocional de coros intrincados “Starshaped World”.

A surdez crônica das rádios pode ignorar solenemente Jet Sounds, mas sabemos que “Fireman For Day” poderia ter alta rotação em qualquer uma delas. “The Fire Academy” só repete o título em jogos vocais aprendidos com o mestre Brian Wilson. “Fast Forward With You” tem refrão fácil para as massas repetirem junto e a batida ao piano de “First Division Of Love” se entrelaçam com as belíssimas harmonizações vocais.

Em “Self Pity Association” é hora de se perguntar de onde vem tanta inspiração... Beatles e Zombies também passaram por aqui. A acústica e ensolarada “Hayfever” parece celebrar com simplicidade e leveza a proeza que os suecos acabaram de conseguir: nos entregar um baú onde todas as jóias têm o brilho raro do alto quilate.

www.privatejets.se
www.myspace.com/privatejetsmusic

Um comentário:

Daniel disse...

Como vc sabe, o relógio corre contra mim, mas não pude resistir e ouvi o disco...MUITO bom, como vc disse, tem cara de best of. O disco power pop do ano pra mim ainda é Backward Forever, mas esse foi pras cabeças. Do pessoal das antigas, acho q Raspberries é influência fortíssima, com Badfinger e Beach Boys em menor escala. Já certos trechos de "Starsharped World" têm um quê de Odessey&Oracle, não? Ou viajei? Enfim, disco candidato a virar vício !!